quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ponte para a vida de verdade

Com a semana quase, quase a acabar aqui pela vida nortenha, tenho tentado que cada dia seja o mais diferente possível, podendo visitar e conhecer as coisas mais diferentes e interessantes possíveis. Nem sempre é possível sair de cada a toda a hora, porque tenho muita coisa a fazer do projecto, mas bom, há tempo para tudo.

Hoje foi dia de visitar a Escola da Ponte, na Vila das Aves, a caminho de Guimarães! (ver mais em:  http://beta.escoladaponte.com.pt/) Ando para visitar esta escola, desde uma Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica que fiz, há mais de 11 anos. As minhas professoras brasileiras falaram-me pela primeira vez nesta escola, que é a primeira escola do mundo com um projecto "alternativo" dentro de uma escola oficial. Depois de tanto tempo a querer visitá-la, achei que era agora a altura certa: visitar a escola e apresentar o meu projecto aos alunos, com a finalidade ser avaliada por eles, de forma crítica e enriquecedora.

E porque é esta escola "alternativa"?
"Não existem salas de aulas, no sentido tradicional, mas sim espaços de trabalho, onde são disponibilizados diversos recursos, como: livros, dicionários, internet, vídeos... ou seja, várias fontes de conhecimento. Este projecto, assente em valores como a Solidariedade e Democraticidade, (...) promovem uma autonomia responsável e solidária." A bem dizer parece algo esquisito...

Se me dissessem que havia por aí uma escola sem salas de aulas tradicionais, sem professores a dar aulas, sem campaínha, sem livros escolares por aluno, sem testes de avaliação. Uma escola onde os alunos "gerem" a escola, onde os alunos decidem as regras da escola, onde os alunos tratam os "professores" por amigo e não por "senhor professor", onde os alunos estão todos nas mesmas salas independentemente do ano, onde efectivamente não há anos escolares, onde alunos-pais-professores todos juntos é que decidem a retenção de um aluno num ano, eu no mínimo diria: "Isso não é uma escola é um recreio". Pois não é!

Ali, escolhe-se no início do ano, os 4 colegas de equipa para trabalhar ao longo do ano, tendo em conta, que os grupos devem ser heterógeneos, para que alunos com mais e menos dificuldades possam estar num mesmo grupo a ajudarem-se mutuamente. Os alunos escolhem a sua equipa já pensando nisso: em ter alunos mistos dependendo da facilidade de aprendizagem ou das necessidades de cada um.

Ali, primeiro estuda-se sozinho na mesa do grupo de 4, depois pede-se ajuda aos colegas, se os colegas não souberem, pede-se ajuda aos "professores" e se houver a mesma dúvida por muitos alunos, o "professor" então explica para todos.

Ali, os "professores" não são "professores". Eles são tutores, eles orientam, não direccionam ou condicionam a aprendizagem dos alunos, porque cada aluno escolhe o seu processo educativo.

Ali, os alunos escolhem os seus directores de turma!

Ali, não há campaínhas, porque os alunos sabem os horários e quando chega a hora da entrada, um aluno diz: "Pessoal, está na hora." E rapidamente o recreio fica vazio e está tudo dentro das salas de aula. (E ninguém me contou, eu vi.)

Ali, os alunos têm objectivos a atingir dispostos na parede que gerem por quinzena, estudando e preparando-se para os momentos avaliativos, escolhidos pelos próprios: um trabalho, uma apresentação, um teste, uma oral, etc.

Ali, os alunos fazem listas eleitorais no início do ano, escolhem os elementos da Assembleia, que é constituído por alunos de todos os anos. Fazem-se assembleias todas as 6as feiras, de 1h15 minutos, no espaço da Junta de Freguesia, depois de cada aluno ter informado ao longo da semana, quais os assuntos a abordar. Na Assembleia, decide-se entre todos, as conclusões e as directrizes a tomar.

Ali, na primeira Assembleia do ano, os alunos revêm os direitos e deveres de toda a escola, bem como o dos visitantes da mesma. E durante o ano, são eles os responsáveis pelo cumprimento dessas regras. Se por exemplo, alguém deita um papel para o chão, todos têm o direito de chamar a atenção a pessoa em causa, para que o papel encontre o local adequado.

Ali, ninguém leva disfarce de Carnaval de casa, porque há alunos ricos e outros pobres e na escola todos são iguais. Então, todos fazem os seus disfarces e aprendem com isso. Se quiserem ir de visita de estudo, fazem actividades de angariação de fundos e só em último caso, as famílias que querem, contribuem com o dinheiro que faltar para o grupo todo. Senão houver dinheiro para um, ninguém vai!

Ali, ninguém leva mochilas carregadas com livros, estojos e cadernos. Ali, a escola disponibiliza o material, que está na sala, que é de todos. Os livros são de todos, estão na sala, mas também podem ser requisitados para irem para casa dos alunos, se o aluno achar que necessita de fazer T.P.C.'s. Logo, os T.P.C.'s são propostos pelo próprio aluno, consoante achar que tem essa necessidade.

Ali, depois do horário das "aulas" acabar, às 16h15 fazem-se actividades de prolongamento, como xadrez, teatro, preparação do S. João, entre outras, apoiadas por um professor (à vez) ou por um pai que queira colaborar. Estas actividades finalizam às 18h, horário em que há pais que vão buscar os seus filhos à escola, pois é para isso que serve este prolongamento.

Ali, se os alunos decidem fazer natação ou outra modalidade desportiva fora da escola, vão todos a pé, mais de 20 minutos, pois não há transporte para os deslocar até à piscina ou ao ginásio... e vão felizes, muito felizes, porque foram eles que decidiram a necessidade da actividade e por isso, dão valor independentemente de irem 20 minutos a pé, à torreira do sol.

Ali, as visitas são sempre bem vindas, há mais de 20 e tal visitas semanais, de todas as partes do mundo e são os alunos que as guiam. Ali, o aluno que me guiou, disse que foi para aquela escola no 3.º ano, que antes não era uma criança muito sociável e que não sentia a escola como família. Quando ali chegou, sentiu que a escola era a sua segunda família, que os professores eram amigos e que cada criança podia aprender de forma individualizada. Podia evoluir ou demorar mais tempo a aprender e que a diferença das outras escolas, é que ali, os alunos não eram como os pés de gueixas, que são enrolados nos sapatos, para o pé não crescer... Ali, os alunos podem crescer ao seu jeito da forma do seu próprio pé! (E foi isto que ele me disse, hém?)

E pronto, muito... mas muito mais havia a dizer, mas olhem, vejam o vídeozito, sim? http://ww1.rtp.pt/play/?tvprog=25323&idpod=36549

Será que um dia podemos ter uma sociedade TODA assim? ;) Eu já me contentava com o Troco 1 hora assim! :)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nova categoria cívica: Belivadora

Foto by weheartit
Hoje foi o dia de comprar o selo do meu carro! Em Janeiro passado arranjaram-me o email do Ministro das Finanças para eu lhe enviar um email a pedir uma troca para o selo (selo em troca de trabalho comunitário, era a minha intenção), mas não sei como é que o tempo passou tão rápido, de dia para dia, lembrava-me que tinha de escrever ao Ministro das Finanças e pronto, deixei o tempo passar e amanhã era o limite de comprar o "raio" do selo do carro. Lá se foram mais uns trocos dos meus 1111€... Enfim...

Tal acontecimento, foi motivo para mais uma vez me por a pensar no funcionamento de tudo isto e dar azo às minhas divagações diárias sobre Portugal e o mundo... "E em que divaguei eu?" - perguntam vocês. Numa coisa super simples: "Para que serve o pagamento do selo do carro?" Andei a fazer uma pesquisa na net e não consegui perceber o que é o selo do carro (IUC - Imposto Único de Circulação) e para que serve. Só encontrei links a dizer como se paga, o que se pagava se fosse depois do prazo limite, onde se pagava, etc etc... mas porque se pagava, isso não encontrei em lado nenhum. Bem, se for pelo nome - Imposto Único de Circulação, deve servir para me dar o direito a circular com o meu carro, que foi comprado por mim... Mas direito como? As ruas e as vias não são públicas? Bem... seria uma longaaaaaaaaaa conversa! Acho que sem dúvida, diariamente, pagamos mil e uma coisas que não sabemos porquê e às tantas não é para nada, é pura e simplesmente porque sim, porque um dia apareceu  alguém a dizer que era assim e ficou assim. 

Esta divagação levar-me-ia a uma longa história, falando acerca do IUC, do IMI e outras siglas com a mesma "funcionalidade". Mas não é isso que quero verdadeiramente falar... Hoje pus-me a pensar que se eu continuar a viver de trocas ad eternum poderia solicitar ao nosso governo um categoria  de cidadã diferente, não sei como se chamaria, mas eu explico a ideia.

Ora se eu continuar a viver de trocas, se precisar de um médico ou de um dentista, ou de fazer um exame médico, ou algo ao nível de saúde, eu farei trocas, por isso não necessito do cartão de saúde ou de estar inscrita num centro de saúde. Se eu precisar de um mecânico, de um bate-chapas ou de mudar o óleo do carro, eu farei trocas, logo não preciso de seguro de carro. Se eu não trabalhar em full time, porque o meu dia-a-dia será feito de trocas, não precisarei de pagar creche para o/a meu/minha futuro/a filho/a porque poderei educá-lo/a em casa. Se eu com trocas conseguir a comida, a roupa, as coisas para a casa, não preciso de trabalhar para ter um ordenado que pague essas coisas, por isso, também não preciso de subsídio de desemprego ou pensão, caso fique sem "trabalho". Bem, se eu continuar a fazer trocas e se não usar dinheiro e se não precisar de trabalhar para o angariar, porque preciso de pagar taxas, seguros, IUC se me responsabilizo por tudo e se eu própria trato das minhas consequências?!...

Então a minha proposta é que quem quisesse ser trocadeira a tempo inteiro, vulgo belivadora, pudesse assumir as suas responsabilidades e tivesse uma categoria cívica diferente, ficando isenta dos pagamentos estatais mas também não usufruindo de nenhuma das suas mais valias... bem, isto sou eu a pensar... e a sonhar, assim... muito pró alto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Coisas que nos (di)facilitam a vida!


Não sei se é por causa do projecto e das poupanças, ou se é porque realmente estou a crescer e a tornar-me um melhor ser humano, que começo assim "por dá cá aquela palha" a pensar em tudo de forma muito profunda! Hoje ao acordar fui abrir os estores aqui da casa da minha afilhada e estes estores são daqueles que têm dois botõezinhos um para cima e outro para baixo, para subir ou baixar os estores, querendo dizer que só tenho de os carregar para baixar ou subir, sem o mínimo esforço, com a ajuda da nossa amiga electricidade. E foi aqui que o meu pensamento congelou!

Ora, preciso de electricidade para baixar e subir os estores para não ter o mínimo esforço... preciso também de electricidade para entrar no prédio e ouvir a bela da rádio tocar e a entoar uma bela música que me acompanha desde a porta da entrada até ao elevador... preciso também de electricidade para descongelar e aquecer a comida no microondas só porque não me apeteceu pôr a comida a descongelar no dia anterior e porque é mais fácil do que estar a sujar mais loiça levando a comida ao fogão... preciso de mais electricidade para pôr o duche de massagens a funcionar, mesmo que não seja muito prático, porque como não tem cabo para lavar a banheira, é maravilhoso porque faz bolhinhas de mil e um feitios... preciso de electricidade para clicar no botão da torneira que tem um temporizador e que me diz que tenho de lavar as mãos em "x" tempo, sendo que se precisar de mais tempo, preciso de "2x" e não o tempo que verdadeiramente preciso... preciso de electricidade para... para... para... para... Pára tudo! Parece que estou na casa do futuro? Será que já estou no futuro?!? (http://www.casadofuturo.org/

Nunca cheguei a visitar a dita Casa do Futuro e que achava espectacularmente espectacular por tirar uma data de trabalho ao nosso dia-a-dia doméstico. Sim, porque aquela casa, toda computorizada baixa os estores com a luz do sol, o frigorífico faz as compras quando falta alguma coisa porque está ligado à net, a toalha da mesa da cozinha tem mil cores e design's funcionando de forma informatizada, tem uma câmara que envia mms ao dono a dizer o que se passa dentro da casa, os vidros das janelas mudam de cor dependendo da quantidade da luz do sol, tem quadros virtuais com imagens computorizadas, etc etc... Bem... mas depois pus-me a pensar se tudo isto é de facto importante, tal como os estores que são eléctricos e não manuais!? Uns simples estores que ajudam a aumentar a conta da electricidade, que nos retiram algum exercício diário, para que depois nos façam pagar mais uma mensalidade no ginásio para exercitar aquilo que no dia-a-dia todo o conforto nos deu, nem que seja no raio de puxar para cima e para baixo os ditos estores, em mínimos segundos!

Começo a não entender para quê toda esta tecnologia, que à partida parece uma coisa super boa, vantajosa, interessante, mas no fundo, no fundo é um ciclo que nos faz ter outros gastos. Trabalhar mais, para depois pagar mais e para depois não termos na realidade tão boa condição de vida, ao nível da alimentação e da saúde e que por sua vez, nos faz novamente tomar precauções com a saúde ou com a alimentação, ou com o corpo ou com isto ou com aquilo. Por exemplo, há cada vez mais variedades de chocolates e de sobremesas e de doces maravilhosos........ para que depois tenhamos de fazer dietas caríssimas, ou exercício, ou massagens ou operações para colmatarem essas pequenas gulas diárias e ingénuas, para que futuramente possamos novamente voltar a cometê-las.... Contra mim falo! Mesmo... mas pelo menos já dou por mim a pensar... e pronto, isso já vale o que vale! Digo eu!... 

E por falar em tecnologias, electricidade e coisas muito à frente... Aqui vai... ehehehe... http://www.youtube.com/watch?v=a0csJ59gH3E

segunda-feira, 28 de maio de 2012

"Ai, que fico maluco!"

O meu primeiro dia oficial no Porto foi uma aventura completa que dava mais uma vez para escrever um capítulo inteirinho no meu livro belivador. 

Comecei a manhã a preparar o jantar para a famelga, uma bela lasanha de carne. Depois fui dar uma entrevista no canal MVM - Música Vida e Moda aqui no Porto. De seguida, a minha cadela foi a uma consulta veterinária à troca e de seguida fui ter com um amigo meu e umas amigas dele, finlandesas, mesmo ao pé da Torre dos Clérigos! Tudo muito by Porto! :) Tudo isto pareceria normal não fosse o acontecimento ocorrido entre a saída da entrevista e a entrada na consulta veterinária. Como não percebo nada do Porto a nível de ruas e ruelas e como já desisti do meu GPS (informo desde já que o mesmo se encontra disponível para a troca, por quem o consiga domar) decidi que a melhor forma de me deslocar na cidade era mesmo pedir ajuda aos "nativos", rua sim, rua sim. 

E assim foi, mal saí da entrevista, parei numa paragem de autocarro e perguntei aos senhores que estavam ali à espera, se me sabiam dizer, como se ia para as Antas. Muito sorridente e bem disposto, chegou-se à janela do meu carro, um senhor com os seus 70 e tal anos, de barba e cabelo branco, de olhos azuis e fato azul escuro de risca de giz (um verdadeiro belivador) que me disse: "Oh menina, eu vou para lá!" De forma rápida e instantânea meteu-se no meu carro, sem eu ter oferecido boleia ou ele ter pedido, de forma simples e fluída, com mútuo consentimento... Parecia que estava a dar boleia a um familiar meu. Entre muitas conversas, foi-me contando como os autocarros durante o dia não eram feitos para as pessoas da idade dele, porque só passavam de 30 em 30 minutos e como tinha tido sorte em apanhar a boleia comigo. Contudo, de forma muita carinhosa disse-me: "Mas a menina não devia dar boleia assim. Imagine que eu sou um gatuno ou delinquente que a assaltava? Tem de começar a ter cuidado. Ou a menina é daquelas que vê o fundo da pessoa, como por sexto sentido, só de olhar para os olhos da pessoa?!" Eu respondi-lhe calmamente: "Oh ninguém me pode assaltar, eu não uso dinheiro." E foi aqui que comecei a contar a minha história de vida e o meu projecto. Cada detalhe que dava, cada episódio que contava, cada coisa que comentava, o simpático senhor só dizia: "Ai, que fico maluco. Ai, que me põe maluco. Ai, que estou maluco." Bemmmm... eu ri-me tanto, tanto, mas tanto que nem imaginam! Cada coisa que eu contava, este senhor ficava ainda mais espantado e só dizia: "A menina vai mudar o mundo. Isto é uma novidade para mim. Está mesmo muito bem pensado." Giro, giro foi quando ele me disse que era reformado bancário e me responde assim: "Os bancos vai fechar com a ideia da menina. Mas por outro lado as pessoas vão começar a ser muito mais solidárias umas com as outras... Isto é o futuro!"

A conversa foi das mais agradáveis, das mais genuínas e das mais divertidas que tive nos últimos tempos, até porque durante a viagem, este simpático senhor de olhos azuis contou-me anedotas super engraçadas,  conseguindo obter da minha parte inúmeras gargalhadas, das mais genuínas que há de dentro de mim.  Ele até me disse: "A menina ri mesmo com vontade, hém?!" Adoro o pessoal do Porto, carago! Adoro mesmo... e um dia, hei-de cá viver, ai se hei-de! :)

Depois desta boleia super entusiasmada e com verdade genuína do que é realmente uma conversa entre dois seres humanos (dos verdadeiros) disse ao senhor: "Já viu, acabámos de trocar uma boleia por muitas anedotas divertidas!?" Ele olhou para mim e disse-me: "Eu tenho de lhe dar alguma coisa em troca e não podem ser só as anedotas. Tenho mesmo de lhe dar algo, nem que seja para que depois troque." Eu retorqui dizendo que nem pensar, que a única coisa que desejava era que num futuro próximo me ligasse para me contar mais anedotas. Nisto, o senhor abre um saco e entrega-me um telemóvel que tinha acabado de comprar! Eu fiquei de boca aberta, disse que não queria, que não precisava, que não era preciso nada... o senhor olhou-me nos olhos, deu-me um grande abraço e disse-me: "Minha menina, por favor seja feliz!" E começou a distanciar-se de forma muito rápida e sem olhar para trás.

Fiquei perplexa... fiquei imóvel... não acreditava que um perfeito desconhecido me tivesse oferecido um telemóvel apenas e só por uma boleia e porque havia acreditado em mim e no projecto... fiquei verdadeiramente em choque... um choque tão grande, que comecei a chorar no meio da rua, de emoção e de gratidão!

...

"Há sempre alguém que nos diz tem cuidado... há sempre alguém que nos faz pensar um pouco..." http://www.youtube.com/watch?v=tlcIzDA9Fa4

domingo, 27 de maio de 2012

Cozinhar com "tudos"

Foto by Olhares
Muitas vezes me perguntam o que é mais difícil trocar... E toda a gente me pergunta se é a comida... A comida é o mais fácil, digo eu... É bem mais fácil do que por exemplo trocar a areia dos gatos (se bem que eu agora decidi pela serradura e já tenho um carpinteiro que me troca alguma de vez em quando). Digo que a comida é o mais fácil, porque sou de boa boca, não sou nada esquisita e mesmo se não tiver comida em casa, dá sempre para ir comer a casa de uma amiga e em troca lavar a loiça, passar a ferro ou fazer a manicure. :)

Até agora, a comida tem sido fácil, isto porque tenho uma vizinha que é uma querida e que de tempos em tempos me leva comida que traz da horta ou restos que sobrou no local onde trabalha, restos esses que dão aos funcionários para levar para casa. Por isso, comida há sempre. Mas não há tudo! Não há todos os ingredientes... e muito dificilmente consigo fazer uma receita de livro, porque nunca tenho os ingredientes todos. A vantagem disto é que me tornei muito mais criativa, resiliente e grata com aquilo que tenho. Ainda me lembro, no passado, de não fazer determinada receita porque não tinha o alimento a ou b... ou ter de ir comprar ao supermercado todos os ingredientes, a fim de fazer a receita tal e qual, porque senão não sabia cozinhar. Isso acabou-se na minha vida!

Com o facto de estar na casa da minha afilhada, (que não é totalmente à troca, mas também o é, fiquei de fazer a comida e limpar a casa no período que aqui estiver) a minha função de cozinheira é mais facilitada porque tenho os ingredientes todos. E pronto, tenho de admitir que ter os ingredientes todos... fazer as receitas que conheço... ter tanta variedade para escolher o que comer e fazer é realmente MARAVILHOSO! É nestas alturas que dou valor a tudo e mais um par de botas! Não quer isto dizer que me falte comida ou assim, mas o que é verdade é que se quiser fazer uma lasanha de carne, não tenho carne, nem bechamel, nem mesmo as placas da lasanha e no mínimo, o que tencionava ser uma lasanha de carne torna-se uma massada de legumes! LooooL... 

É assim a vida... e não me estou a queixar, nada disso! Sou muito grata por toda a comida que consigo trocar e por ter comida e por todos os dias poder comer diferente. Estou muito grata por gostar de quase toda a comida (excepto orelha de porco e queijo a cheirar a queijo) e estou muito grata por cada vez ser mais inventiva com os ingredientes que tenho. Sei que quando acabar este desafio, mesmo sem saber o que me espera depois dele, um facto é que serei uma pessoa com um olhar diferente, um olhar mais poupado, mais grato e mais criativo.

...
Hoje cozinhei batata cozida com estufado de lulas ao almoço... não comia lulas há séculos! Soube tão bem...  Hummmm... E ao jantar cozinhei massa à carbonara. Amanhã será lasanha! Não imaginam o prazer que me dá, em abrir o frigorífico e a despensa e ter uma panóplia de ingredientes a escolher. Parece que tomei  um novo prazer ao cozinhar! Incrível sensação! Estou grata... muito grata!

Bom apetite! http://www.youtube.com/watch?v=NDhHxIz83Ic





sábado, 26 de maio de 2012

Há pessoas e pessoas... na nossa vida!

Hoje vim para o Porto! A ideia era vir à feira de trocas do Porto, para trocar com a malta nortenha, mas mais uma vez não me relacionei bem com o meu GPS e em vez de demorar 4h pela nacional, como ele indicava, demorei 6h o que me fez chegar 1 hora depois da feira terminar! Estou possessa! Mas pronto... se é assim é porque tem de ser! Conto em ficar no Porto até dia 3 de Junho e depois a ver vamos se vou para uma ou duas comunidades à troca, aqui por estes lados!

Durante esta semana, vou ficar na casa da minha afilhada... à troca! Mas é uma troca diferente... é como se fosse uma troca que há muito tempo no passado já havia "pago a crédito" há uns anos atrás. Eu explico!

A minha afilhada é como se fosse minha filha... ou minha irmã... nunca soube explicar muito bem o sentimento que tenho face a ela... É inexplicável! Não é sangue do meu sangue, nem sequer é da minha família e veio parar à minha família e à casa dos meus pais de forma mágica e casual (mas isso seria uma outra história, a contar noutras "núpcias" e por ela!). Conheço-a à 20 anos! Acho que é das pessoas que conheço há mais tempo, sem contar com os meus familiares. Temos 10 anos de diferença, mas nunca sentimos essa diferença, nem quando ela tinha 6 anos e eu 16! Sempre fomos muito próximas, como se de verdadeiras irmãs ou mãe e filha se tratasse! Quando ela cresceu, fui madrinha dela e por isso, agora já temos desculpa para colocar um "rótulo de parentesco"!

Desde que a conheço, durante toda a minha vida e ao longo destes 20 anos muitas mudanças na minha vida ocorreram, muitas fases vivi, muitos trabalhos, muitas casas, muitas histórias... eu diria mesmo... muitas vidas dentro da minha própria vida! E ela esteve sempre lá! Eu tenho com ela daquelas sensações, como se a conhecesse desde sempre e de como era óbvio que esta minha vida tinha de ser partilhada com ela. Foi a ela que ensinei tudo o que sei, desde decorar a casa, fazer comida, ser assertiva no trabalho, ser pessoa, fazer trabalhos para a faculdade, decorar presentes, fazer surpresas, fazer maquilhagem profissional e até pentear as "poupas" cheias de laca que antigamente se usavam... lembram-se? (Epah fui à procura no google imagens e não descobri nenhuma poupa daquelas... quem descobrir uma imagem daquilo que estou a dizer, faço uma troca! LooooL)

Tenho muito orgulho nela! Como se fosse minha filha/irmã! Se nunca tiver uma filha... já sou feliz com ela!

E hoje, hoje que cheguei ao Porto, venho pela primeira na vida viver durante 1 semana com ela, sendo ela a receber-me, a dar-me tudo o que de melhor tem, a fazer-me a cama de lavado e a separar o conjunto de toalhas de turco, a cozinhar uma refeição com sobremesa incluída, a fazer-me sentir em casa, a fazer-me sentir bem... a trocar comigo, aquilo que um dia troquei com ela!

A vida é isto! É só isto! É dar e receber... é fazer bem... e receber em dobro, no momento e na hora certa! Ou quando tiver de ser! 

Há pessoas e pessoas na nossa vida... mas há outras pessoas, que não são pessoas... são um pouco de nós, com outra forma e imagem! Há pessoas... Há pessoas... especiais! Há pessoas que são verdadeiramente "pessoas"! :)

Grata*

Dedico esta música à minha afilhada/filha/irmã, pois ela é muito parecida com a Nely... digo, é mais linda, mas pronto! Ah... e também ao meu "afilhado/filho/irmão" que me mandou dizer aqui no post, que é o maior portista do Porto! :) http://www.youtube.com/watch?v=roPQ_M3yJTA

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"A arte imita a vida" (Aristóteles)

Se há coisa que gosto é de fazer teatro... já fiz vários tipos de teatro. Na escola, quando andava no liceu, fiz a "Farsa de Inês Pereira" mas em versão moderna, onde eu era a Inês e usava calças de ganga e fumava (eu que nunca fumei, acendi um cigarro sem o meter à boca, foi só rir). Fiz também o "Auto da Barca do Inferno", como diaba, mas em vez de ter cenário da época, a cena passava-se num aeroporto e a roupa era a farda da polícia municipal (na altura em que a polícia ainda emprestava fardas para estes fins... eheheheh... ). 

Quando era jovem, fiz também parte do grupo de teatro para a angariação de dinheiro para ajudar as famílias carenciadas da minha cidade. Fiz teatro de comédia, em que algumas peças foram escritas por mim, tais como: "Branca de Neve e os sete pecados capitais" e a "Ceia de Natal Confusa" (onde o Bacalhau e as Couves tinham feito greve ao jantar de Natal... eehheh)

Depois na faculdade, fiz café concerto com textos do Fernando Pessoa. E há 4 anos atrás fiz teatro de revista e musical, na Academia de Santo Amaro. No musical fiz de mulher a dias da Batalha de Alcácer Quibir, Marta Telecavaleiro, Rapariga da Toto-revista e Diva! G'anda miscelânea de coisas!

Actualmente, mudei novamente de estilo teatral e entrei num grupo de teatro - teatro Playback chamado de Teatro Imediato. (ver mais em http://teatroimediato.weebly.com/) O Teatro Imediato é muito diferente do teatro convencional porque representa de forma imediata e improvisada, histórias contadas pelo público. Por isso, é considerado um teatro comunitário, podendo ser feito em diversos públicos diferenciados. Participo neste grupo, desde Outubro do ano passado e fiz 3 performances, uma na feira de trocas Believe in Life, outra na apresentação da tese de mestrado de um colega do grupo e a última, que foi hoje, numa prisão. E é isso que vos quero contar!

A performance foi feita para finalizar uma formação que os reclusos tiveram na prisão, na área do desenvolvimento pessoal. Representámos para um grupo masculino com cerca de 10 elementos e as suas monitoras. O tema era a avaliação da formação que terminava hoje e a ideia era que cada elemento contasse alguma história que gostaria que fosse retratada na performance. Escolhi uma para vos contar...

Um recluso partilhou a sua história... Disse-nos que estar na prisão é aprender tudo de novo... contou em como a prisão fazia uma pessoa aprender e crescer de forma muito mais profunda do que lá fora na realidade. Contou um pouco como foi ali parar e disse-nos de uma forma muito sentida: "Quando estamos lá fora, não sabemos ser tolerantes... não damos valor ao que temos, à própria liberdade. Quando estamos lá fora, somos "educados" a querer sempre mais, porque queremos sempre ser melhor e ter mais do que os outros, porque isso é o que nos é "vendido" como sendo a felicidade. Quando estamos lá fora, temos muitas vezes algo que nos chega perfeitamente para viver e sermos felizes, mas temos sempre a comparação com os outros, com o ter dos outros. E isso, leva-nos a cometer "loucuras" que não eram necessárias nem importantes, porque tínhamos tudo e não o sabíamos." 

Talvez não seja só por isso... mas também é por isso... talvez nunca nada nos chegue... porque cada vez mais temos o "desejo" de ter mais do que as nossas capacidades... do que as nossas necessidades... do que o que verdadeiramente é preciso. É daí que tudo vem... digo eu!

...

Se quiserem ver uma performance do grupo Teatro, não percam no dia 20 de Junho, ao vivo e a cores... ver mais em: http://teatroimediato.weebly.com/representacoes.html

Se quiserem participar no grupo, como actores ou músicos, venham daí fazer o workshop de representação em Teatro Playback, dia 23 e 24 de Junho... ver mais em: http://teatroimediato.weebly.com/formacao.html

E para ficarem com um lamiré do que é este tipo de teatro (fantástico) e modificador nas nossas próprias vidas, vejam este vídeo com uma performance, em que eu ainda não fazia parte do grupo: http://www.youtube.com/watch?v=E9MYZwAbtoY

E já agora uma notícia,para ficarem a saber mais: http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Teatro-Imediato-Vidas-em-palco_11075.html

Muito grata... e divirtam-se na vida, porque é como estar em palco... Como diria Charlie Chaplin: "A vida é como uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Filmes da minha vida

Costumo dizer que a minha vida dava um filme... costumo também dizer que um dia vou ter um filme sobre a minha vida... Sim! A minha vida é cómica, melodramática, infantil, juvenil, adulta, suspense, drama, terror... tudo junto, feito cocktail molotoff!

Costumo também, em tom de brincadeira pôr-me a escolher os actores para fazerem os papéis das minhas personagens e sem dúvida já tenho uma data deles escolhidos. Eu serei sem dúvida representada pela Marion Cotillard! Adoro ela! E acho que estará à altura da minha personagem... LooooL... (Caba-te cesto que vais à vindima!) Bem, isto tudo só para vos dizer que hoje não tenho propriamente nada para contar e por isso, além de escrever estes dois parágrafos para encher chouriço, decidi listar os 11 filmes que gosto mais e que me inspiraram para o projecto Believe. Se ainda não viram algum, faz favor de ir ver, boa?

Aqui vão:

O "1984" foi um livro que me mandaram ler na faculdade e acho que é o único livro até hoje, que me lembro da sensação de ler o fim. Bem, o filme não é nada igual ao livro, nem o fim é igual... mas para mim, este filme retrata a sociedade de hoje. Talvez não tão cinzenta como no filme, mas muito condicionada e observada como os nossos dias de hoje! Acho que o autor era realmente um visionário!

O "Favores em Cadeia" é como se fosse a base do projecto Believe, como uma simples ideia, um sonho de uma criança se tornou uma mudança de mundo! :)

Clube dos Poetas Mortos - http://www.youtube.com/watch?v=mozu_zZANAI
...sem comentários! Eu tive um professor na faculdade que me chamava "Captain my Captain", porque eu era delegada da turma e reivindicava tudo de forma muito assertiva! :)

Mostra para onde vamos... é algo similar ao "1984" mas mostra-nos também que os limites dos nossos sonhos é não haver limites. Um filme com muita motivação para vencer!

"Quem quer ser bilionário? - http://www.youtube.com/watch?v=AIzbwV7on6Q
Mostra-nos como toda a nossa vida está ligada e como tudo faz sentido, as "boas" e as "más" experiências... tudo faz parte e um dia saberemos porquê!

Quando vi este filme saí do cinema pouco entusiasmada... achei que as partes das guerras e das lutas eram muito extensas, quando a verdadeira maravilha do filme era a vivência em paz e harmonia dos Avatares. Bem... pouco mais a dizer! São azuis! E acredito que num futuro próximo podemos viver como eles, em paz e harmonia plena! Espero que não haja tanta guerra e luta como no filme até chegarmos a essa vivência... Considero pura perda de tempo! :(

É um filme "estranho"... e eu nem sou de filmes deste género... mas adoro a ideia por detrás do filme de vermos a vida como um "pacote pré-comprado"... além do mais, adoro a música "Open your eyes" Adoro! http://www.youtube.com/watch?v=EqWEkam9H4w&feature=related

Fabuloso destino de Amelie - http://www.youtube.com/watch?v=sECzJY07oK4
...sempre sonhei em ser uma Amélie e acho que às vezes sou um bocadinho, uma... uma Amélie que através de pistas e passeios no seu mundo imaginário faz as pessoas mais felizes!

É o filme onde vi pela primeira vez a Marion Coutilard! Adoro este filme... adoro! Tem a ver com trocas, tem a ver com amor para sempre, tem a ver com jogos de crianças, tem a ver com ver a vida a brincar... por vezes, brincar com o fogo!

É o filme que escolheria para ser o mais aproximado da minha vida! Alguma parecença com a realidade é pura... verdade! Bem... não todo o filme, mas quase todo!

Tem uma das bandas sonoras mais fenomenais que conheço... é o filme que me fez ver a vida de outra forma, talvez de uma forma algo limítrofe, mas que tem a melhor das conclusões e das aprendizagens. Mas não vou contar! Vejam o filme e depois digam-me de vossa justiça!

...

A acompanhar com os filmes, sugiro que trinquem umas pipocas de chocolate! Se quiserem peço a receita à minha colega de casa, ela faz as melhores pipocas de chocolate do mundo e arredores!

*


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Teatro à troca

Como já disse aqui algumas vezes, o meu único hobbie neste momento é pertencer a um grupo de teatro, Teatro Playback, que consiste sobretudo em fazer teatro de forma improvisada de acordo com as histórias que o público conta. Por causa disto, esta semana o meu grupo de teatro decidiu ir ao teatro ver os "!nstantâneos - Duelo Improvisado" porque a tónica deste espectáculo é mais coisa menos coisa parecida com o grupo de teatro onde faço parte.

Ok, eu fiquei super interessada em ir ver o espectáculo e tal, só que não poderia pagar o bilhete... desta forma, solicitei ao grupo dos "!nstantâneos" se poderia ir à troca. E assim foi! Aprovaram o meu pedido e à troca de um bilhete, estive no início da peça a distribuir uns papelinhos onde o público tinha de escrever um título criativo para uma cena que gostariam que os actores fizessem no decorrer do espectáculo. Adorei a troca! Primeiro porque tive direito a ver o espectáculo à troca e depois porque ainda  falei com todo o público, o que sei dúvida, adoro!

Já não me ria assim há tanto tempo... aconselho mesmo o pessoal a ir ver o próximo e último espectáculo na próxima 4a feira às 21h30 no teatro Villaret (ver mais em: https://www.facebook.com/instantaneos.duelo.improvisado ou http://www.teatrovillaret.com/eventos.htm). 

Adorei também o grupo de música que acompanha o espectáculo "Pas de probléme"... (ver mais em https://www.facebook.com/Pas.de.probleme.band) e estive o espectáculo todo a lembrar-me das músicas do Emir Kusturica... Não sei se é pelo som do violino ou sei lá, mas adoro, adoro este tipo de música! Dá-me vontade de pular... pular... pular sem parar, principalmente em cima de um colchão... estão a imaginar? ;)

Aqui fica uma musiquinha para começarem a pular nos vossos colchões... eheheh... http://www.youtube.com/watch?v=VvaKieeQPo4&feature=related

terça-feira, 22 de maio de 2012

Cidades a belivar

Muita gente me pergunta o que farei depois de dia 21.12.12, quando este meu desafio terminar. E a minha resposta é sempre a mesma: "Não sei." E não sei mesmo, porque isto de viver à troca faz-nos viver de forma mais fluída e logo sem pensar muito sobre o dia de amanhã!

Contudo, há vários sonhos que gostaria de pôr em prática, tais como: escrever um livro sobre o meu projecto; fazer um filme sobre  o meu projecto; viajar pelo mundo; abrir uma "empresa" que pudesse ajudar as pessoas a fazerem a transição e serem mais poupadas, ecológicas, sustentáveis e saudáveis; abrir uma escola em que as crianças ensinassem os adultos a viver e a sonhar e por fim, um dos meus sonhos era tornar-me tão sustentável que pudesse viver para sempre à troca. 

Sei que apesar desta minha nova forma de vida de fluidez e tal, é necessário haver sempre um certo planeamento e por isso, aceitei a proposta de um amigo, quando me falou dos concursos do TED, intitulado The City 2.0. (ver mais http://thecity2.org/index.php). O prazo era até hoje e começámos (eu e dois amigos) a fazer uma proposta de projecto em menos de 24 horas. Tivémos  também a ajuda de mais duas amigas ao nível da tradução e por isso, conseguimos entregar em tempo útil (lá para as 23h58 de dia 21 de Maio de 2012) o nosso projecto.

O projecto Be Life nada mais é do que a associação de duas ideias, a Be Home e a Be School, dois projectos de sustentabilidade, onde o primeiro recupera uma casa no centro da cidade e torna-a um casa comunitária e sustentável com serviços variados à troca. E o segundo, uma escola que ensina novas equipas em várias partes do país e do mundo a fazerem réplicas do projecto Be Home, tornando assim, todas as cidades que queiram, em pontos de convergência comunitário. A minha ideia é que essa casa, tenha serviços à troca, tão variados como: restaurante à troca, livraria à troca, loja de trocas, oficina à troca, dormidas à troca, etc etc... tudo onde a imaginação nos levar. Esta seria a casa que considero como sede Believe e que poderia ser uma réplica em todos os distritos e até mesmo em todos os concelhos, fazendo com que as várias cidades pudessem ter um ponto Believe de apoio comunitário.

Acho que também que seria muito interessante, filmar diariamente a recuperação da casa de forma sustentável, ecológica e à troca para que as pessoas pudessem aprender com essas imagens formas de recuperar também as suas próprias casas sem gastarem muito dinheiro!

Bem... por enquanto é uma ideia... uma ideia que se transformou num projecto... e um projecto que está a concurso... agora, a ver vamos! :) Toca a torcer, pessoal?!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ligar ou desligar?

Só agora que comecei a viver de trocas e a ser mais poupada começo a perceber onde gastava o dinheiro. Muitas vezes dizia: "Epah, ainda só vou a metade do mês e não sei como já gastei o dinheiro quase todo... Não comprei nada de jeito." O que é facto é que há imensas coisas que uma pessoa não tem a mínima noção onde a gasta o dinheiro, seja numa garrafa de água por dia, seja num bolinho aqui ou acolá, ou umas gomas ou uma revista ou em chamadas e mensagens telefónicas. E é disto que vou falar: gastos com o telemóvel.

Já disse aqui no blog que a minha estratégia para não gastar dinheiro em tarifários obrigatórios mensais, é ter os tarifários que quando me ligam, eu ganho dinheiro em chamadas. Sei que são tarifários que não compensam quando enviamos muitas mensagens ou chamadas, mas o que é facto é que eu raramente ligo ou mando mensagens do telemóvel. Então optei por ter 3 telemóveis, cada um de cada rede, para usufruir das mensagens pela internet mensais e para poder, em cada um deles, receber chamadas que vão sendo convertidas em saldo, cada vez que me ligam. No caso das entrevistas por telefone é fantástico, porque o meu saldo cresce a olhos vistos!

Mas mais do que vos contar sobre esta fórmula mágica de angariar saldo sem gastar dinheiro, o que queria contar-vos é a noção diferenciada no meu uso do telemóvel antes e depois do projecto. 

Antes... tinha duas redes e tinha tarifários obrigatórios para ter mensagens e algumas chamadas gratuitas e gastava por mês à volta de 50€. (Felizmente nunca tive "rings" ou "música de espera" ou ligação à net, senão acho que o valor seria rapidamente ultrapassado.) Se me perguntam porquê e como? Não sei... sei que muitas vezes, mandava mensagens mil só para sentir que estava acompanhada ou para falar do tempo ou dos saldos da loja de roupa ou pura e simplesmente para jogar conversa fora. Mandava mensagens mil, correndo a minha agenda telefónica e enviando para todos os amigos e amigas de quem não sabia notícias há muito tempo... só para estar ocupada naqueles míseros minutos entre o trabalho e a ida a casa, ou na hora de almoço do trabalho ou ao final da noite quando estava em casa, sozinha. Sair de casa sem telemóvel era um feito impensável... não ter bateria era um desassossego, ligar a alguém e esse alguém não me responder, uma tortura, enviar uma mensagem e não obter resposta, uma falta de respeito... 

Bem... olhando para trás, percebo que a necessidade de estar contactável ou acompanhada é meramente ilusória. O preenchimento do vazio dentro de nós, na tentativa de ser ocupado de forma exterior a nós é uma utopia. O preenchimento de nós, quer por chamadas de telefone, quer por doces a toda a hora, quer por companhia diária, quer por relacionamentos desinteressantes é uma utopia. Nada disto existe, nada disto é o verdadeiro preenchimento do vazio em nós, a não ser, sabermos estar connosco próprios, sentirmo-nos vivos, sentirmo-nos pessoas, sentirmo-nos bem connosco... como diria o anúncio: "Se eu não gostar de mim, quem gostará?"

Eu gosto cada vez mais de mim... e faço cada vez menos chamadas... e envio cada vez menos mensagens... e tenho cada vez menos necessidade de estar acompanhada só porque não consigo estar sozinha... e consigo cada vez mais estar de bem comigo e de bem com a vida! Porquê?! Talvez seja porque comecei a "belivar" verdadeiramente em mim!

domingo, 20 de maio de 2012

Feira de Trocas azul e espanhola

Hoje foi a feira de Trocas de Maio, Believe in Family, que decorreu em conjunto com a Lx Market na Lx Factory. Esta feira não foi no último domingo do mês, como que de costume, porque a TVE quis fazer uma reportagem sobre o Believe, mostrando como Portugal está a dar a volta à crise. Ao que parece, foram escolhidos alguns projectos portugueses (eu julgava que eram só dois, mas acho que foram muitos mais) que estão a tentar fazer algo para não entrarem na depressão da crise e sim, pensarem que a crise também é uma altura de oportunidades para fazer diferente, com criatividade e positivismo.

A feira foi super interessante, até porque o espaço da Lx Factory é super giro! E pela primeira vez, a feira foi aberta ao público em geral, uma vez que estava a acontecer ao mesmo tempo a feira do Lx Market, que é uma   feira que se realiza todos os domingos, com coisas usadas, mas também com artesanato. O facto de haver duas feiras ao mesmo tempo, foi super interessante, porque houve quem conseguisse com a Lx Market fazer também trocas, ou seja, convidando as pessoas que estavam a vender, a visitar os produtos à troca na feira de trocas, Believe. Eu por exemplo, troquei este quadro azul, claro está, que me fez lembrar o dia do lançamento do meu projecto na Fábrica Braço de Prata. Adorei os quadros deste artista, tudo com material reciclado e cheio de ideias originais. (ver mais em https://www.facebook.com/nunoalexandrecalado)

A feira de trocas Believe além de ter a possibilidade de trocar produtos que as pessoas já não necessitam, teve pela primeira vez, a presença da Horta Biológica do Clube Nacional da Natação, a Horta do Monte e o Ecotrocas que levaram muita hortaliça para a troca! Este também presente o Freecycle, o Vida Grátis, o João sem medo, a Rede Convergir, a Terra dos Sonhos, a Futuragora, o Ser Vivo com ateliers de construção de chaves de sonho, a Associação Sorrir com o Smile Dance e umas belas massagens com taças e gongos tibetanos! Bem........... que dia! :)

Começa a ser cada vez mais completo e intenso o dia das feiras de trocas... tudo se troca: boa disposição, voluntariado, ateliers, saberes, produtos, serviços, amizades, sandes de queijo e até farturas! Sim porque a senhora que vende farturas na Lxmarket disse-nos que se levássemos os ingredientes nos fazia farturas à troca... e assim foi, comi uma data delas, nada que ajude a emagrecer os meus 11 kilos!!! :(

Quanto à reportagem da TVE, pelo que a jornalista me informou só sairá para o ar, lá para Setembro... mas quanto a feiras, temos todos os meses, e este mês ainda temos a feira de trocas Believe in Family, nos seguintes sítios:

Believe in Porto (26.05.2012) - https://www.facebook.com/events/217334525048020/
Believe in Coimbra (27.05.2012) - https://www.facebook.com/events/284302921663604/
Believe in Setúbal (27.05.2012) - https://www.facebook.com/events/211064595677301/ 

Quem vai trocar, hém? Vá lá... Só se vive uma vez! http://www.youtube.com/watch?v=LxrUkFQHYpg

sábado, 19 de maio de 2012

Liberdade ou Libertinagem

Foto by weheartit
Liberdade: s. f.
1. Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem.

2. Conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão.

3. Ousadia.

4. Franqueza.
5Demasiada familiaridade.


Libertinagem: s. f.
1. Devassidão.

2. Crápula.


Fui ao dicionário verificar qual era a diferença entre Liberdade e Libertinagem... isto porque, no grupo do Troco 1 hora, sempre afirmei que era um grupo com Liberdade. Uma liberdade  sem regras estipuladas a não ser: respeito a nós próprios, respeito pelo outro, respeito pelos objectivos do grupo (apenas e só trocas). Mas parece-me que muitas pessoas têm dúvidas no que é a Liberdade e o que quer dizer Liberdade. Liberdade, como diz no dicionário, quer dizer, direito de proceder conforme nos pareça, sem ir contra o direito dos outros, quer dizer ousadia, franqueza e familiaridade... E parece que para algumas pessoas, Liberdade é Libertinagem ou seja, devassidão e crápula, usando o poder que têm para ser livres indo contra o direito dos outros e por vezes contra si próprios. 


É triste! É muito triste verificarmos que num grupo de trocas tão simples onde ninguém supostamente fica a ganhar e onde todos podem ganhar, possa haver perfis falsos e duplos ou múltiplos, pessoas que usam calão para ofender o outro, ou pessoas que tentam vender às escondidas, bloqueiam os administradores do grupo para poderem fazer os negócios que quiserem, enfim... 31 por uma linha! Claro que não é a maioria do grupo, mas num grupo com mais de 13000 pessoas é natural que haja sempre pessoas que não sabem usar a Liberdade que têm e a confundam com Libertinagem.

Sinceramente, não estou preocupada se o grupo acaba ou não, ou se tem má ou boa fama... não estou mesmo. Eu criei-o e agora quem o utiliza sabe de si... e o grupo será aquilo que os membros forem... Se tiver de acabar, que acabe! Há imensos grupos de trocas, que servem apenas e só para trocas e que eliminam pessoas e comentários, detendo o poder nos seus administradores. O meu sonho não é esse. O meu sonho é cada pessoa possa ter tanta liberdade e responsabilidade que não haja necessidade de administradores, porque todos o somos. Como na nossa vida! Todos somos administradores de nós. Eu sou administradora de mim, eu respiro e não peço a ninguém o direito de respirar, certo? Então porque tenho de pedir outros direitos quando eu própria tenho a liberdade e a responsabilidade para ser o que devo ser e quero ser? Bem.......... seria uma conversa para um blog inteiro!!!

... O meu sonho de um mundo futuro e azul... é que não haja necessidade de haver administradores no mundo, ou seja, cada um seja administrador de si próprio, cada um seja responsável por si próprio e cada um use e abuse da sua liberdade, anulando sempre, a libertinagem... linha ténue, mas possível.

...

Devido a alguns elementos do Troco usarem a sua libertinagem e não a sua liberdade, neste momento há duas administradoras, eu e eu! Eu explico: há a Andrezuska Salgueirix e a Andresuska Salgueirix, que em falta da Andrezuska Salgueirix irá fazer o que ela faria, eliminar posts que estão simplesmente a exercer a libertinagem e não a liberdade! Continuo a dizer, no Troco 1 Hora não se elimina ninguém.... nem perfis falsos ou múltiplos ou isto ou aquilo... Que interessa isso? Um perfil pode ser eliminado e pode ser logo feito mais um, sem ninguém perceber que é a mesma pessoa! "Se isto vai continuar?" Continuará até onde tiver de continuar... e se acabar, acaba! O Believe não é o Troco 1 hora... as trocas não são só o Troco 1 hora. As trocas menos importantes são as trocas do Troco 1 hora, porque as verdadeiras trocas, essas são no dia-a-dia e não atrás de um écrãn.

Grata*

sexta-feira, 18 de maio de 2012

São Lázaro está vivo?

Hoje o dia foi grande......... reunião na Lx Factory por causa da feira de trocas de domingo que vai ser filmada para a TVE, trabalho do Believe, visita a São Lázaro e teatro na Academia de Santo Amaro, o musical "O fantasma da Revista" (ver mais em http://www.academiadesantoamaro.pt/site/  e faz favor de irem ver, que é de matar o côco a rir).

...

Mas o que hoje vos quero falar é mesmo sobre São Lázaro 94... e não, não é o São Lázaro da Bíblia, João 11 (que cómico 11... eheheh) mas sim, Rua de São Lázaro n.º 94. Neste prédio, após o desfile do 25 de Abril no Marquês do Pombal, um grupo de 50 pessoas ocupou-o, em solidariedade com o projecto ES.COL.A. (Ver mais em http://saolazaro94.blogspot.pt/) Soube deste acontecimento na Primavera Global e fiquei interessada em saber mais, nomeadamente as motivações e o porquê de ocupar um prédio... Bem, os lemas são mais que muitos "Temos uma ideia na cabeça. Despejem-na, se a conseguirem." ou "Se uma casa abandonada incomoda muita gente, 50000 casas abandonadas incomodam muito mais", etc etc... Bem, sem dúvida, há pouco a dizer sobre isto, certo?

Desde que comecei o projecto que a ideia de pedir uma casa à Câmara de Lisboa para a recuperar e fazer dela uma sede Believe e também uma Loja de Trocas é mais do que constante na minha vida... só ainda não me foquei nisso, porque neste momento, tenho muita coisa em que me focar. Mas acredito, que entregar casas abandonadas de Lisboa a grupos de pessoas com ideias e que as poderiam recuperar em prole de projectos, poderia ser um caminho para valorizar a nossa cidade, motivar os lisboetas e gerir motivação e proactividade! Claro que nunca me passaria pela cabeça ocupar um espaço, sem autorização de quem quer fosse, mas por outro lado, admiro quem o fez e por isso, quis ir ver com os meus próprios olhos o que por lá se passa e quem sabe, viver por lá, uma semana à troca, pois este prédio trata-se de uma verdadeira comunidade. :)

E ao pesquisar mais e conhecer o pessoal desta ideia, fiquei muito bem impressionada pela dedicação como assumem o espaço, como estão interessados em trabalhar com a comunidade envolvente, como as ideias jorram e fervilham na cabeça de todos, como todos se respeitam e vivem para o mesmo fim, como querem cuidar da casa da melhor forma, como querem fazer deste espaço, um espaço para todos. Fiquei também super surpreendida pela quantidade de iniciativas e eventos que têm tido, tudo na base do: "Queres fazer? Propõe e vem... tudo é aceite." E ainda por cima tudo grátis ou ao menor custo. Desde aulas de ioga, restaurante day, loja grátis, aulas de dança, concertos, filmes, etc etc... este espaço conta ser uma variedade aberta ao público e a quem queira por lá passar e colaborar, nem que seja com limpezas! Ficou prometido que para a semana, vou lá passar um dia a ajudar nas limpezas, nem que seja, o meu contributo pela audácia, ousadia e empenho demonstrado por este pessoal. 

Senti paz, muita paz... e união... e pro-actividade e iniciativa! Não senti raiva, não senti revolta... senti que realmente o pessoal está junto para um fim, para dinamizar um espaço e fazer alguma coisa por ele. Senti tudo isso, de coração!

Tenho pena, muita pena que as coisas ainda não aconteçam de forma aliada, que estas casas possam ser cedidas a projectos e de forma bem aceite quando há gente que quer cuidar delas, nem que seja por uns tempos. Acho que todos teríamos a ganhar. Imaginem... trocar restauro de casas por autorização de lá permanecer nelas, nem que fosse uns meses ou uns anos, a morar ou a dinamizar projectos. Acho que tínhamos muito a ganhar! Todos! Acredito que a Câmara neste momento não tenha tempo, nem dinheiro para investir na recuperação de tantas espaços que por aí andam e podiam à semelhança do que têm feito com os terrenos das hortas comunitárias, começar a ceder casas, em concurso de projectos ou leilão de ideias.

O caminho optado aqui, na casa de São Lázaro pode não ter sido o caminho ideal, o correcto, o certo, o aceitável, mas mesmo assim, tiro o chapéu a este pessoal que vai com a ideia de São Lázaro para a frente. "Levanta-te e ocupa!" dizia um cartaz... eu cá diria: "Levanta-te e ocupa-te, há muito para fazer pelo mundo."

Numa das paredes da sala onde estive, li: "1984 - George Orwell" que é desde sempre o meu livro preferido... Li-o no tempo da faculdade e impressionou-me imenso... nunca mais o esqueci. Aqui vos deixo o trailer do filme, que não bate de todo o livro, mas pronto, é o que se arranja no Youtube. Se puderem, leiam mesmo o livro, é mesmo muito interessante e sempre actual. http://www.youtube.com/watch?v=Z4rBDUJTnNU






quinta-feira, 17 de maio de 2012

Trocar o carro!

Ando há dias com a decisão mais difícil deste meu projecto: o meu carro!

Quando comecei o projecto e dizia a toda a gente que queria ser ecológica, sustentável e poupada, muitos eram os comentários, que para isso acontecer teria de deixar de andar de carro, passando a andar de transportes ou bicicleta. Achei que o mais difícil do projecto era mesmo aprender a andar de bicicleta! Mas não foi!... Andar de transportes, também já o fiz, e desde que tivesse uma parceria de trocas com a CP ou a Carris, por mim tudo bem! A questão é que neste momento a minha vida é tão preenchida e geralmente com tanta tralha atrás que não sei se seria muito prática, esta questão dos transportes e da bicicleta a tempo inteiro. Por outro lado, esta coisa, de nalgumas trocas ser necessário dinheiro para o meu gasóleo tem-me deixado cada vez mais desconfortável, porque se formos a ver, realmente eu faço a troca, mas no que se toca a este assunto, este é o único que preciso mesmo de dinheiro, mesmo que seja indirectamente. Ok, não sou eu que ponho o dinheiro para o gasóelo, mas alguém põe por mim e por isso, vai tudo a dar ao mesmo.

Por estas e outras questões, comecei a pensar que realmente, o petróleo é um dos assuntos que nos põe, enquanto país, mais dependentes do resto do mundo, sem nos deixar ser autónomos e sustentáveis! E se me perguntarem qual a base de tudo isto e desta dependência e desta crise, para mim, o grande motivo é o petróleo! Por isso, está na altura do nosso país pensar em formas alternativas, ecológicas e sustentáveis para de uma vez por todas sermos livres e autónomos!

E foi com este pensamento, que fui contactada por um engenheiro, depois de ter ido ao programa Sociedade Civil, falando-me de um carro "futurista" que torna este meu sonho realidade... (ver também em: http://www.youtube.com/watch?v=ER4xoWyRTgI)

O dito carro estava às portas da morte (porque teve um acidente e ia ser abatido), mas depois de uma longa conversa... tenho carro! Agora só necessito de um bate-chapas à troca!!! Alguém disponível para trocar?

Tendo este novo carro, ecológico, sustentável e poupado, quase sem precisar de dinheiro para me mover, comecei a pensar que não precisava do meu actual carro. Ainda estou a dever uns 6 anos à seguradora e neste momento, quem está a pagar é a minha empresa com o valor que eu tinha direito quando me despedi (subsídio Natal e férias e tal), mas só até final do projecto. Assim, começo a pensar que não me interessa para o ano, depois do projecto finalizar, estar presa e dependente do dinheiro apenas e só para pagar mensalidades do meu carro. Por isso, é urgente, vendê-lo, pagar à seguradora o que devo e ter um outro substituto, que não precise de gasóleo... Preciso mesmo de arranjar um bate-chapas!!! Urgente!

Mas dizem vocês: "Ok, mas se vais trocar um carro por outro, sempre ficas com um carro. Porque estás "triste"?"... Bem, longa história! Este meu carro actual é o significado de um sonho em conjunto, de um carro familiar, de um carro onde se pode dormir (porque os bancos de trás se rebatem), de um carro que significa a beleza em conjunto com a funcionalidade (até dá para levar bicicletas e tudo... eheheh), de um mix de gostos improváveis que foram uma realidade!

C'est la vie... quando se quer trocar de vida, troca-se também de carros e de sonhos... e deixa-se ir à deriva na esperança (azulada) de um futuro muito melhor, do que aquele que, um dia, imaginámos!


"Sweet dreams till sunbeams find you, Sweet dreams that leave all worries behind you" http://www.youtube.com/watch?v=ujz5hxAH51U


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mix de improváveis


Como já vos havia dito, no domingo passado fui falar a uma palestra da Universidade de Évora. Como sempre foi muito, mas muito bom, partilhar as minhas ideias e o meu projecto com a malta universitária, que é o futuro da humanidade.

No meio da audiência, estava uma senhora mais velha, que vim a saber que era mãe de um dos alunos. No final da palestra, a senhora disse-me: "Gostei muito de a ouvir e queria-lhe entregar umas coisas!" Perguntei o que queria em troca e ela disse-me: "Um abraço, porque o que deu em troca foi a motivação de deixou dentro do meu filho." :) Bem, qual não é o meu espanto quando me traz uma caixa com coisas "fabulásticas", biológicas, portuguesas, originais, criativas e lindas! Só para vocês ficarem com água na boca: arroz perfumado com pétalas de rosa, arroz aromatizado com poejo, pimentos desidratados, laranja desidratada para bolos, flores comestíveis, açúcar com morangos e baunilha, feijões tradicionais, mistura de farinhas para brôa, etc, etc... (Ver mais em: www.herdadedecarvalhoso.pt) Isto poderia ser uma coisa simples, se não fosse exactamente aquilo que eu penso do futuro: biológico, sustentável, giro, original, criativo e português. 

Pois é... eu muitas vezes penso como é que se pode ter o conforto do mundo moderno sem prejudicar o ambiente? Como se pode ser original sem se ser desperdiçado?... Como se pode ser saudável sem se ser insonso?... Como se pode ser sustentável, continuando a ter tudo a que nos habituamos?... E ao ver isto, parece que vi uma luzinha ao fundo do túnel.

Por falar nestas misturas todas, falaram-me também de um Festival de Transição (ver mais em  http://www.festivaloftransition.net/24-hours-of/possibility) onde tudo é possível... É um dia em que se tenta ser o mais sustentável, ecológico, biológico, saudável, feliz, humano, criativo num só dia! Um dia cheio de carnaval, onde o pessoal pode comer junto, explorando as diferenças, alimentando-se de comida local e partilhando em comunidade. Até se pode experimentar como é viver em 2062! LooooL... 

O futuro que me faz sentido, é um futuro cheio de mix's, um futuro criativo, um futuro visto por olhos de criança num mundo adulto, um futuro onde tudo é equilibrado, mas tudo é confortável e seguro. Um futuro onde tudo é de todos e tudo são todos. Não me faz lógica, se a tecnologia e a medicina, por exemplo, estão tão avançadas, deixar tudo para trás e voltar ao tempo das cavernas. Anseio por um ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro, onde o presente e o agora seja o mix de nós todos, em equilíbrio e paz com o nosso mundo!

Gosto de desafios... gosto de mix's... gosto de coisas improváveis... gosto de sonhar! http://www.youtube.com/watch?v=O4oaXgOlCu4&feature=relmfu

terça-feira, 15 de maio de 2012

Believe Global

Foto by Marlene
Hoje fui representar o Believe, na Primavera Global! Foi muito, muito bom ter lá passado o dia a trocar impressões com a malta, pintar cartazes com as mãos cheias de tinta azul, comer comida vegetariana feita ao ar livre, dar abraços, ouvir opiniões de pessoas que também querem mudar o mundo, partilhar criatividade de forma ecológica e sustentável, sentir o pessoal com sangue na guelra e gritar aos 4 cantos do mundo que é urgente que todos se unam, etc etc... 

Comecei o dia descalça na relva, a sentir as picadelas das bolinhas com picos que o chão tinha e acabei o dia a não me lembrar de picos ou de coisa alguma, simplesmente a sentir o chão, que tanto me apraz! 

Na Primavera Global houve partilha de projectos, união, debates de ideias, meditação, inter-ajuda e também houve uma assembleia popular que nada mais é, do que dar voz a todas as pessoas que quisessem falar independentemente do que quisessem dizer, sem limites ou regras associadas. Achei esta dinâmica muito interessante! Dar voz ao povo, fazê-lo de igual para igual, abrindo o coração e por vezes ir de encontro (e não "ao encontro") do que o outro diz. Sim, porque também houve muitos "encontros" e alguns "desencontros". 

Por exemplo, o meu contributo nesta assembleia, foi focar a minha opinião sobre como se muda o mundo. Para mim, a única forma de se mudar o mundo, é quando todos nós começarmos por nos mudarmos a nós próprios, quando fazemos diferente, quando não entramos no sistema do "é assim que se faz e não se pode fazer de outra maneira", de sermos o nosso próprio exemplo! Mudamos o mundo quando aceitamos todos e tudo! Não só as raças, mas também todas as religiões, todos os partidos políticos, todas as orientações sexuais e até mesmo, o governo! E acho que foi aqui que me senti "deslocada" desta Primavera que ascende a que seja florida, globalmente! 

Não concordo com manifestações, greve e outras coisas que tais, com a finalidade de mudança de mundo, numa forma de reivindicação! Não acho que seja por aí. Não concordo em andarmos a discutir quem tem culpa disto ou daquilo, quando sem dúvida já podíamos estar com as mãos na massa a fazer alguma coisa pelo mundo, em vez de nos lamentarmos e a apontar o dedo. O estado... somos nós! Não são só as pessoas que trabalham no estado que são o estado, não são só elas que são boas ou más pessoas, ou bons ou maus profissionais, não são só elas que "roubam" ou deixam de roubar... Nós, somos o estado! E este é o nosso estado, no estado a que chegamos! Muitas vezes somos más pessoas porque não compreendemos o outro, porque queremos levar a melhor, porque não ajudamos alguém apenas e só porque queremos ficar na mó de cima. Nós também roubamos, quando fazemos chamadas do emprego às escondidas durante horas e horas a falar sobre a nossa nova camisola de caxemira ou trazemos folhas brancas para casa, para imprimir umas coisitas de pouca importância. Nós também apontamos o dedo ao chefe porque não sabe liderar ou à colega que cumpre o seu trabalho religiosamente e isso para nós, é dar graxa. Muitos exemplos haveria a dar!

O estado está errado? Sim, está errado! Está errado, porque nós somos o estado e nós elegemos o estado, logo também nós estamos errados! E as pessoas que trabalham no estado são más pessoas? Não, não são más pessoas. São seres humanos como nós somos seres humanos em busca de sermos melhores, cometendo muitas asneiras como nós cometemos!... Se isso é ser más pessoas, então nós também somos más pessoas!

Não estou a defender o governo, ou o sistema ou estes ou aqueles... nada disso! Claro que a situação que o nosso país passa não é boa... e não está tudo bem e tudo feliz, e há coisas que se têm de fazer. Algumas da nossa parte, enquanto cidadão individuais, outras feitas pelo próprio estado! Claro que há muita coisa mal... Estou apenas e só a dizer, que todos, todos nós, independentemente do nosso cargo ou profissão, precisamos cada vez mais de pensar em azul, sermos azuis e belivar muito muito muito! Só descanso quando a Assembleia da República estiver toda a belivar e a discutir o novo acordo ortográfico com a nova palavra "Belivamento"! Tenho dito!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Belivam num mundo belivador?

Maio é o mês dos casamentos... o mês de Nossa Senhora de Fátima... o mês do aniversário do meu pai, da minha melhor amiga, de um amigo de infância e da minha cadela! 
E agora, a partir deste mês vai ser o mês do Believe no mundo! A partir de Maio, tudo será diferente, todos verão com mais lentes azuis belivadoras, na esperança (azul) de um mundo azul e belivador!

Este mês coisas fantásticas estão a acontecer: há já um Believe in Poland no facebook. Uma pessoa leu um artigo na net sobre o Believe e quer tanto fazer um Believe na Polónia, que quer cá vir a uma feira de trocas, para aprender como é que Portugal já beliva.

Acontece também que já está quase, quase confirmado o Believe in Espanha. Depois do meu fim-de-semana, "nossos hermanos" estão empenhadíssimos! 

Este mês também fui convidada para ir falar a um festival internacional à Holanda em Setembro! Mas a minha ida depende da minha capacidade de falar em público para 500 pessoas... mas em inglês!... Toca a treinar! ;)

E este mês fui também convidada para ir à Madeira, porque no mês de Junho vai haver uma feira de trocas Believe in Madeira que vai ser realizada ao mesmo tempo do Festival Internacional de Transição com gente de todo o mundo! Estão a ver a loucura da "internacionalização azul"?

Mas a coisa que este mês, aconteceu de forma fantástica e "internacionalizável", foi mesmo um convite da TVE para filmar a nossa feira de trocas, do mês de Maio, Believe in Family, que excepcionalmente, por causa das filmagens será no dia 20 (próximo domingo) na Lx Factory em Lisboa. Seria apenas e só mais uma filmagem, se fosse apenas e só para filmar a feira. Mas o melhor do melhor é que a filmagem da feira e da explicação do Believe, vai estar incluído numa reportagem de 40 minutos, no programa TVE "En Portada" que fala de que forma Portugal está a dar a volta à crise. E o Believe foi o escolhido para mostrar como os portugueses, com a crise, estão a ser mais azuis, mais belivadores e menos depressivos face à crise! Um programa que passa em toda a Europa e América Latina, vai ser só belivadores pelo mundo fora!

Não acham que é de associar que o mês de Maio, que começa por M, às palavras Milagre e Magia!?

Tudo isto é simples e fácil... basta apenas mudar as lentes dos óculos e começar a ver tudo, como vêem as crianças: http://www.youtube.com/watch?v=60pGbnXyRYw&feature=related