segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ligar ou desligar?

Só agora que comecei a viver de trocas e a ser mais poupada começo a perceber onde gastava o dinheiro. Muitas vezes dizia: "Epah, ainda só vou a metade do mês e não sei como já gastei o dinheiro quase todo... Não comprei nada de jeito." O que é facto é que há imensas coisas que uma pessoa não tem a mínima noção onde a gasta o dinheiro, seja numa garrafa de água por dia, seja num bolinho aqui ou acolá, ou umas gomas ou uma revista ou em chamadas e mensagens telefónicas. E é disto que vou falar: gastos com o telemóvel.

Já disse aqui no blog que a minha estratégia para não gastar dinheiro em tarifários obrigatórios mensais, é ter os tarifários que quando me ligam, eu ganho dinheiro em chamadas. Sei que são tarifários que não compensam quando enviamos muitas mensagens ou chamadas, mas o que é facto é que eu raramente ligo ou mando mensagens do telemóvel. Então optei por ter 3 telemóveis, cada um de cada rede, para usufruir das mensagens pela internet mensais e para poder, em cada um deles, receber chamadas que vão sendo convertidas em saldo, cada vez que me ligam. No caso das entrevistas por telefone é fantástico, porque o meu saldo cresce a olhos vistos!

Mas mais do que vos contar sobre esta fórmula mágica de angariar saldo sem gastar dinheiro, o que queria contar-vos é a noção diferenciada no meu uso do telemóvel antes e depois do projecto. 

Antes... tinha duas redes e tinha tarifários obrigatórios para ter mensagens e algumas chamadas gratuitas e gastava por mês à volta de 50€. (Felizmente nunca tive "rings" ou "música de espera" ou ligação à net, senão acho que o valor seria rapidamente ultrapassado.) Se me perguntam porquê e como? Não sei... sei que muitas vezes, mandava mensagens mil só para sentir que estava acompanhada ou para falar do tempo ou dos saldos da loja de roupa ou pura e simplesmente para jogar conversa fora. Mandava mensagens mil, correndo a minha agenda telefónica e enviando para todos os amigos e amigas de quem não sabia notícias há muito tempo... só para estar ocupada naqueles míseros minutos entre o trabalho e a ida a casa, ou na hora de almoço do trabalho ou ao final da noite quando estava em casa, sozinha. Sair de casa sem telemóvel era um feito impensável... não ter bateria era um desassossego, ligar a alguém e esse alguém não me responder, uma tortura, enviar uma mensagem e não obter resposta, uma falta de respeito... 

Bem... olhando para trás, percebo que a necessidade de estar contactável ou acompanhada é meramente ilusória. O preenchimento do vazio dentro de nós, na tentativa de ser ocupado de forma exterior a nós é uma utopia. O preenchimento de nós, quer por chamadas de telefone, quer por doces a toda a hora, quer por companhia diária, quer por relacionamentos desinteressantes é uma utopia. Nada disto existe, nada disto é o verdadeiro preenchimento do vazio em nós, a não ser, sabermos estar connosco próprios, sentirmo-nos vivos, sentirmo-nos pessoas, sentirmo-nos bem connosco... como diria o anúncio: "Se eu não gostar de mim, quem gostará?"

Eu gosto cada vez mais de mim... e faço cada vez menos chamadas... e envio cada vez menos mensagens... e tenho cada vez menos necessidade de estar acompanhada só porque não consigo estar sozinha... e consigo cada vez mais estar de bem comigo e de bem com a vida! Porquê?! Talvez seja porque comecei a "belivar" verdadeiramente em mim!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pelo seu contacto! Responderei o mais breve possível.