sábado, 18 de agosto de 2012

Andresa num Salgueiro

Hoje foi o último dia no Fojo! E foi um dia recheadíssimo até ao tutano. Aliás, todos os dias, o foram! Sendo o dia de folga, de manhã dormiu-se até tarde... que bom! Contudo, não sei se pela força do hábito, abri os olhitos às 7h da matina. Mas rapidamente os fechei até às 10h. Que maravilha! A manhã passou-se a lavar a milhenta loiça do jantar de ontem, a fazer o almoço de hoje e a aprender a fazer pão que foi cozido no forno a lenha. Fabulástico! Fez-se diversos pães, sendo que alguns tiveram direito a chouriço e outros, vegetarianos, foram guarnecidos com passas, nozes, sementes de sésamo e de abóbora... maravilhosos! Depois foi comê-los ainda quentinhos com o fantástico azeite, sabor ovo estrelado, que já vos falei por aqui!

O almoço foi tardio... entre conversas e risos, gargalhadas e sorrisos, tirámos uma foto de grupo (ver o post) onde só faltava uma das crianças que nesse momento estava a brincar com uns amigos. No final da semana já éramos 10 adultos, 2 crianças e 2 cães! Aqui nesta comunidade é uma fartura de gente! Muito bom!!!

Da parte da tarde, fomos todos a Dornes... aquele sítio é lindo, a água é fantástica e até houve uma sombrinha debaixo do meu "primo" Salgueiro onde fui lendo mais uns capítulos do meu fantástico livro "Dormir nú é ecológico". A tarde foi bem passada e no final do dia, no momento das despedidas, senti-me mesmo a despedir-me de uma família. Foi tão bom!!! Abraços sentidos, sorrisos no rosto, vontade de ficar e de ir e de voltar... pessoas de verdade, pessoas genuínas! Eu bem que sei agora as semanas no Fojo vão ficar mais sossegadas, sem a minha voz estridente, mas pronto, o Fojo nunca mais será o mesmo, depois da minha "bagunça-positiva"... ehehehe... Brincadeirinha!

Aproveitei estes dois dias de interregno, na ida para a minha oitava comunidade, para descansar um pouco na casa Guest-House, em Avecasta, que também já por aqui falei. Vim passar uns diazitos, descansar, fazer uma pausa, porque esta "coisa" de viver no campo, para quem não está habituada, é dose!!!

E pronto, foi um dia muito agradável, que findou a jogar ao Diciopinta! Sabem o que é? É um jogo de tabuleiro em que temos de fazer desenhos de palavras que saem em cartõezinhos, para que os nossos colegas de equipa adivinhem. E pronto, tenho mesmo de vos contar a melhor do jogo... eheheh... Vejam a imagem que coloco aqui no post e vejam lá qual é que acham que era a palavra... Vá lá... é tão fácil... está tão bem desenhado... já adivinharam? Eheheheh... Pois eu explico. A palavra é: catecismo, que é o livro da catequese. Já perceberam agora... ? E se não sabem o que é aquele desenho que parece um fantasminha, versão caneca das caldas, eu explico é alguém a rezar... Aahaahahah... Epah não fui eu que desenhei, mas não aguentei em não partilhar isto convosco, porque foi gargalhada geral... Muito bom!!!!!!!!!! Aahahahah... 

A musiquinha que hoje foi mais ouvida, aos altos berros no meu carro, a caminho da Casa Raíz de Avecasta!!! :) http://www.youtube.com/watch?v=5mTlDd8huy4


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Com o pilão na mão e o Fojo no coração


Hoje o dia foi longoooooooooo! Da parte da manhã, estivemos a acabar o caminho em pedra pequenina e branca, que eu já tinha falado há uns tempos, como denominado: “O caminho da paz”. A tarefa prendeu-se com fazer uns socalcos na encosta, para que em tempos de chuva, a pedra não fosse escorregando por aí a fora. Depois dos socalcos feitos, foi colocada a tal pedrinha nos mesmos, sendo que depois foi colocada essa mesma pedrinha em toda a encosta, de forma similar. Esta pedrinha, chama-se “Tubnan”, ou seja, esta palavra toda xpto, quer dizer todos os restos de pedrinhas e pózinho, que sobram quando se corta a pedra. No fim de todas as pedrinhas estarem distríbuidas é hora de pisar com o pilão para que as pedras fiquem todas juntinhas e presas ao chão. E pronto, lá me pûs eu com o pilão na mão, rampa acima, rampa abaixo para que as pedrinhas ficassem todas juntinhas e bem presas ao chão. Uma verdadeira odisseia, que só assim foi, porque estava uma calorada! ;)

Da parte da tarde, o trabalho foi colocar as juntas de cimento/areia/água entre as peças de tijoleira da cozinha, que ontem se começou a finalizar. Ora bem! Depois de fazer a massa para as juntas, foi colocá-la nos risquinhos, raspar e depois limpar. Como estava à sombrinha e sentadinha numa almofada no chão, foi um trabalho bem bom!!! Para não falar que fiquei toda branquinha e com cimento no cabelo. Quando fui tomar banho, ainda desconfiei da qualidade do shampôo que tinha feito na comunidade 5, com o belo do azeite, e pensei que talvez tivesse de pedir shampôo emprestado a alguém para tirar a massa cinzenta do meu cabelo. Mas não foi preciso! Não imaginam, como foi fantasticamente rápido retirar o cimento da cabeça, com o belo do shampôo de azeite. Bem bom!

O dia foi longo... Acabámos o trabalho lá para as 21h30 e o jantar foi decidido por unânimidade que seria pizza em forno de lenha. Assim, o pessoal começou a fazer a pizza a essa hora e foi pela noite toda. Acabámos de jantar já passava da meia-noite. As pizzas sobretudo vegetarianas, estavam fantásticas: com courgetes, beringelas, ananás, pimento, cebola, caril, pimenta, natas....... mas também chouriço e atum! ...fantásticas mesmo! Para sobremesa, pizza com chocolate, natas, banana, passas e canela... Hummmm... sem comentários! 

A noite foi longa... muito mesmo! As pizzas no forno de lenha, a companhia calorosa de todos, o fogo da lareira, o céu estrelado fantástico, a música tocada na viola, as conversas, os risos, as gargalhadas, as conversas disto e daquilo e por fim, o abraço à Fojo! Verdadeiramente imperdível! Foi um dia memorável, acreditam? A hora do recolhimento foi mesmo muito tardio, por isso, ficou combinado que o dia de folga fosse no dia seguinte, sábado e não, domingo, como é usual! Muito bommmmmmmmm! O Fojo no coração!... para sempre!


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Aqui os ralos nunca estão entupidos


O dia hoje no Fojo passou por uma das tarefas principais, que foi acabar a casa da cozinha/sala colocando assim, a tijoleira no chão e as janelas. Não pensem com isso, que ficou tudo feito e que colocar a tijoleira no chão e pôr as janelas é tão rápido como se escreve. Nada disso. Além de se ter de deslocar a tijoleira de um sítio para o outro, o que demorou mais de 1 hora, uma vez que cada peça de tijoleira devia ter mais do que 5 kilos, tivemos de lavar cada peça de tijoleira porque já estava com alguns fungos de estar ao relento alguns dias e só depois colocá-la no chão. Claro que o chão não foi todo colocado num dia, mas sim uma das laterais da cozinha. Mas ficou bem lindo! Quanto às janelas, preparou-se apenas o espaço, ainda não existem vidros no espaço, mas estarão para breve, assim creio!

Durante estas tarefas, fomos presentiados pelo dono aqui do espaço, com um maravilhoso pão comprado aqui na zona, com um ainda mais maravilhoso azeite, aqui da zona também, que segundo a minha singela opinião e a de uma voluntária, sabe a azeite de ovo estrelado! Uma verdadeira delícia, que foi colocada na nossa boca, enquanto estavamos com as mãozitas cheias de terra, cimento e outras coisas que tais. 

Durante o dia há uma rotina própria que hoje vos conto, sendo ela:
6h30 – Acordar
7h – Dar de comer aos animais (galinhas, patos e cães) + fazer o pequeno-almoço + apanhar os verdes para as refeições
7h30 – Tomar o pequeno-almoço
8h30 – Lavar a loiça do pequeno-almoço + tempo livre
9h – Trabalho da manhã
11h30 – Fazer almoço
13h – Almoçar
14h – Tempo livre da tarde + lavar a loiça do almoço
16h/16h30 –Trabalho da tarde
18h30 – Fazer o jantar + dar de comer aos animais + fazer as regas das hortas e das árvores + tomar banho
20h – Jantar
21h – Lavar loiça do jantar e recolher

Geralmente nunca nos deitamos antes das 22h, porque ficamos sempre a conversar, aqui ou ali ou a falar sobre os grilos que estão a cantar. Desculpem, não são grilos, mas sim ralos. Os grilos fazem gri-gri, mas os ralos, que são os animais cantarolantes aqui do Fojo fazem Griiiiiiiiiii, logo são ralos, é assim o nome científico!

Hoje, o nosso período de descanso, que geralmente, pelo menos comigo é passado a dormitar na minha tenda ou a ler mais um capítulo do “Dormir nú é ecológico”, foi diferente. Tivemos uma aula de como fazer dentífrico com produtos naturais, ensinado por uma das voluntárias. Então experimentámos dois tipos: um amarelo e um esverdeado. Sendo que o amarelo foi colorido com açafrão e o esverdeado, com poejo. Disse, quem o “provou” que o de poejo estava saboroso, não fossem as folhinhas que iam ficando nos buraquinhos dos dentes, seria perfeito. Quanto ao de açafrão... bem, os dentes da pessoa que o experimentou, ficaram assim a modos que... digamos, amarelos! Ahahah... e como não queremos dentes amarelos, não sei qual será o destino desse dentífrico! 

Hoje também tive uma primeira vez: fiz comida vegetariana para 10 pessoas. E como para mim, o mais simples, fácil e saboroso é massa, assim fiz uma “massa com cenas”, como diria a rapariga onde vivi na anterior comunidade. Ou seja, traduzindo: cenas, são todos os legumes que aparecem pela frente quando se está a fazer a dita iguaria.

E pronto, hoje o dia foi assim... Foi também presentiado por uma ida à Biblioteca mais próxima daqui, que fica a 8 kms, uma vez que como já vos disse aqui não há electricidade. Usam-se painéis solares, forno a lenha ou as mangueiras que vão aquecendo a água do banho e algumas luzes na cozinha/sala ligadas a um gerador. De resto nada mais. Nada de frigoríficos, microondas, secadores de cabelo ou máquinas de lavar roupa ou loiça. Aliás, a roupa aqui é lavada num tanque a 1 km de distância! “Fínissimo”,diria eu!

http://www.youtube.com/watch?v=Liz6e4JYP6w

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

If it’s not fun, it’s not sustainable


Hoje o dia no Fojo foi bastante animado, em todos os aspectos. Além de ter uma visita de uma amiga que vive aqui perto, as actividades de hoje foram super engraçadas. Nada mais nada menos do que pôr os pés na massa. Eu explico.

Aqui no Fojo estão a construir várias casas espalhadas pelo terreno, uma delas é a casa do trabalho, ou seja uma oficina onde futuramente se vai trabalhar, tendo até um quarto no piso superior e uma sala com salamandra, no piso inferior. Essa casa está em construção e tem algumas técnicas de bioconstrução, entre elas uma parede com garrafas que deixa entrar a luz, outra com troncos de árvores e ainda as janelas feitas de pneus. Está bem engraçada! Faltam ainda algumas coisas, nomeadamente a porta e as janelas, mas o design da casa já está quase finalizado. Assim, hoje o que estivemos a fazer foi uma massa feita com palha, água e terra vermelha, para finalizar uma parede com garrafas e também acabar os rebocos finais das laterais da parede. O giro mesmo, foi fazer a massa que vos acabei de falar, com os pés. Senti-me verdadeiramente uma mulher das vindimas, onde à medida que os pés eram colocados na massa/lama, as conversas iam fluindo e iam-se tecendo comentários diversos. Eu mostrei-me verdadeiramente animada com a tarefa. Amassar com os pés, além de relaxante é sem dúvida uma óptima forma de dar beleza à pele dos pés, ou não fosse a massa, feita à base de argila. Foi também muito giro, colocar o rebordo de massa à volta das garrafas e dos troncos de madeira, pelo menos até à altura onde eu chegava. Quando foi o momento de subir a um escadote algo ingríme a coisa tornou-se mais complicada para mim, pois desde medo de cair, até dores nos pés, houve de tudo e por isso, a tarefa não foi concluída por mim. 

Pois é, o meu corpo não me acompanha em mil e uma tarefas, porque esta coisa de estar constantemente sentada ao computador diariamente, faz-me sem dúvida, cansar-me mais rápido e não ter resistência física, muito menos tolerância ao calor. Enfim... a vida citadina é o que me tornou neste ser humano com pouca resistência física. Não sei se me transformei nele ou se algum dia fui diferente. O que me interessa é saber se algum dia me transformarei num outro ser humano, com resistência física e saúde redobrada. O que é certo é que estas actividades do campo e da permacultura (que são bem mais fáceis, que a agricultura) por mais que achei interessante, eu sei que ainda me sinto muito limitada para as concretizar... mas pronto, é a vida: um dia de cada vez!

Se tivessemos de falar do espaço físico do Fojo, poderíamos dizer que tem 4 zonas, pelo menos, as 4 que eu conheço. A primeira, logo à entrada é tem um caminho muito bonito, feito com pedrinhas brancas, que até já foi intitulado “O caminho da paz”, que circunda as hortas, feitas em camas elevadas, tendo de um lago, onde se ouve muitas veszes, as rãs e os sapos.

No segundo patamar, temos o lavatório da higiene pessoal, a zona de fumadores, a casa-de-banho de composto e uma zona, onde os visitantes e/ou voluntários colocam as suas tendas para pernoitar no tempo que cá estão. Mais à frente, está a casa de trabalho que vos falei ao início e onde trabalhámos hoje.

No terceiro patamar, existe uma outra casa, onde fazemos as refeições, que é a cozinha e a sala de estar/jantar. Na sua frente tem 4 canteiros que tem alguma da salada que usamos para as refeições. No exterior há também o lava-loiças de um lado e do outro lado, mais espaçado, o tal galinheiro com galinhas e patos, que vos disse ser a perdição da minha cadela.

Por fim no último patamar, há um lago, que neste momento está seco, bem como, uma grande vista para um pinhal, que nos dias de chuva, como o de hoje tem um cheirinho maravilhoso, de ficarmos completamente desentupidos nasalmente falando, com o cheirinho dos eucaliptos.

...
Já que vos falei desta frase, do título do blog, que também define um pouco a permacultura e que diz: “Se não é divertido, não é sustentável” venho também falar-vos de uma coisa que hoje ajudei a fazer para o almoço: hamburgueres de grão, mais propriamente reciclagem de comida. 

E o que é isto, reciclagem de comida? Ora bem, na minha casa havia uma coisa que eu nunca fui muito apreciadora que são os restos do almoço que se comem ao jantar, ou os restos do jantar que se comem ao almoço. Aqui o nome não é “restos”, mas sim “Redom”, ou seja, “Restos de Ontem”, isto quando os há, claro está! Contudo, há uma outra denominação que acho mais interessante, quer ao nível de nomenclatura, quer ao nível do sabor, que é a “Reciclagem de Comida”. Já tinha ouvido este termo noutras comunidades, mas nunca vos tinha contado, por isso aqui vai. A “Reciclagem de comida” é nada mais nada menos do que aproveitar os tais restos, mas alterá-los numa outra comida. Por exemplo, tinha sobrado um fantástico grão com cebola e salsa, assim, o que se fez, foi picar o grão, acrescentar courgette e mais alguns legumes, um ovo e alguma farinha e fazer pequenos hamburgueres, alourados no fantástico azeite que aqui há. Conclusão, uma nova refeição, completamente nova, sem ser o “Redom”. E pronto, é assim a vida! Fantástico, não é?

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E quanto ao vídeo de hoje, por falar em Lama, nunca é demais... :) http://www.youtube.com/watch?v=_QvVaZfFDKw&feature=fvst

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mínimo esforço, máximo impacto


Este é um dos príncipios da permacultura: fazer tudo com o mínimo esforço e com o máximo impacto e eu nisso acho que sou mesmo boa! Como ainda não estou habituada a estes trabalhos “pesados” do campo, adorei este príncipio, porque assim posso sentar-me em todas as tarefas que consiga, só e apenas para sentir na pele o que é um permacultor. Ehehehe... Estou a brincar, claro! A ideia não é estarmos sentados... contudo, este príncipio mostra-se bastante inteligente se pensarmos que sempre que o fizermos, estamos não só a nos pouparmos, mas também a pensar no futuro com maior alcance de durabilidade.

A minha estadia aqui o Fojo prende-se com o facto de ajudar a preparar um evento que todos os anos se realiza por aqui: o “Mãos na Terra”. O “Mãos na Terra” é um evento sobre permacultura, baseado sobretudo na bioconstrução e neste ano vai ensinar sensivelmente 15 técnicas de bioconstrução em 9 dias. Para saber mais ver em: https://www.facebook.com/events/318922648181776/

Assim sendo, neste momento, ao todo, encontram-se 10 pessoas, para preparar as condições para o evento. Já se fez algumas coisas desde que eu cá estou: colocaram-se estacas nos milhentos tomateiros que nascem na horta, fez-se o caminho que dá acesso ao espaço a partir da rua, cortou-se pauzinhos de madeira e transportou-se madeira para outro local e neste momento, está a tratar-se de debastar uma encosta onde vai ter um jardim. E tenho-vos a dizer que dá um trabalhão imenso, porque além de haver muitas mimosas, urtigas e outras plantas, o espaço é inclinado e por isso, tem alguma dificuldade no acesso.

Fora isso, hoje reguei a horta. E começo a perceber que estas coisas que incluem água, são as coisas mais do meu agrado. Não sei porquê... mas como estou farta de ouvir em todo o lado: Água é vida, acho que isso tem mesmo muita razão de ser! Nada podia ser mais verdade! Em cada comunidade que vou, começo cada vez mais a ficar maravilhada com a transformação que uma semente, por mais pequena que seja, tem, desde que se semea, até que começa a florir e depois a dar fruto. É verdadeiramente uma coisa fantástica e simples: semente, terra fértil, sol e água. Tantas e tantas vezes, penso como seria feliz em poder ter um pouco de espaço no meu T1 do tamanho de uma ervilha, ou pelo menos uma varanda e já agora um bocadinho de sol. Não sei se já inventaram forma das plantas crescerem sem espaço e sol, mas se inventaram, digam-me por favor, que certamente serei a primeira cliente.

Aproveito para vos dizer que apesar do calor, optei por usar botas nestes meus trabalhos diários. Ora bem, eu tinha umas botas de pele que andava a usar nas comunidades, mas que se foram todas rompendo e como ainda não consegui sapateiro à troca, aproveitei os meus dotes “inventadiços” e pus-me a colar as botas com cola de papel. Conclusão: nada de jeito! Assim sendo, depois de um dos meus pedidos aqui no blog, acerca de umas galochas, lá procedi a troca com uma belivadora, que aceitou a minha troca por um tabulheiro/almofada para computador. Assim, como assim, quase nunca usava tal coisa e neste momento, as botas fazem-me muita falta! E são fantásticas! Apesar de transpirar que nem uma maluca, porque o calor que se faz é grande, o certo é que inspiro-me por tudo o que é caminho, alto, baixo, com terra, com lama com pó e como são completamente à prova de água, meto-me em todo o lado! Então na rega é uma maravilha!

Tudo corre bem nesta comunidade, o espaço é lindo, as pessoas são muito simpáticas, sendo que algumas já conhecia e felizmente todos falam português. Entre as 10 pessoas que aqui estão, duas são crianças, um Robin dos Bosques e um Tom Sawyer! Duas vivem cá permanentemente e depois, a nível de voluntários somos 6. Também aqui habita um cachorro, que apesar de ser maior que a minha cadela, ainda só tem 6 meses e chama-se Feijão! É um querido! A minha cadela é que não lhe liga nenhuma porque acha-o um novato! Eheheeh... Mas de quem ela gosta, mesmo, mesmo é das galinhas! E vocês nem imaginam o suplício que é! Pois, quando ela descobriu o galinheiro, além de ladrar como se não houvesse amanhã, subiu ao tecto da capoeira, que sendo apenas um plástico, eu já imaginava a hora em que ela se ia tornar uma galinha e coabitar no galinheiro. Pois, este é o pormenor mais complicado de gerir... As galinhas são uma verdadeira tentação, ou não fosse a minha cadela, arraçada de Podengo, que é como quem diz: Cão de caça! Bem, a ver vamos se não temos uma canja antes de me ir embora daqui... Esperemos que não!

E pronto, hoje ao final do dia choveu... o cheiro a terra molhada, os salpicos da chuva e o som dos grilos (ou serão sapos?!!?) é sem dúvida fantástico! Aqui dentro da minha tenda onde escrevo o blog de hoje e usufruo da bateria do computador que trouxe carregada da casa dos meus tios (porque aqui não há electricidade) é sem dúvida uma verdadeira melodia para a alma e um verdadeiro som de embalo para dormir, descansar e amanhã acordar às sete da matina com um belo sorriso no rosto!


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Comunidade 7 - Fojo

By weheartit
Ora bem, eu mais pareço uma hospedeira que anda sempre com a mala às costas, como se de um caracol fosse. Bem, não sou uma hospedeira, porque me transporto por via térrea, mas como não sei se as hospedeiras da "terra" se chamam hospedeiras, fica aqui esse nome. Bem, vocês perceberam a ideia, né? 

O que quero dizer com isto tudo é que não páro quieta e neste mês de Agosto estou a correr tudo e mais um par de botas... aliás, galochas, porque já troquei umas belas galochas esta semana, onde vou estreá-las nesta próxima comunidade: o Fojo. Como diz a descrição do blog da comunidade, "O Fojo é um espaço onde se pode escutar o silêncio interior e partir em busca da realização como seres humanos ao cuidar da terra e das pessoas, com amor e partilha. Através da observação, do design, da acção e das experiências, através da arte e de fazer a nossa parte, pois só assim, juntos e ligados à natureza, podemos crescer. O Fojo é ainda um espaço vocacionado para a realização de cursos, workshops, voluntariado, actividades, encontros, visitas..." (Ver mais em https://www.facebook.com/ofojo.permacultura e http://www.o-fojo.blogspot.pt/)

Estou bastante animada com a minha ida para esta comunidade, porque desde o início que escolhi as comunidades, gostava que houvesse uma, onde aprendesse mais sobre permacultura. Já tive em várias onde têm a permacultura como base, como por exemplo, Tamera, Aldeia das Amoreiras, Awakened Life Project e Simplicidade Voluntária, mas julgo que aqui no Fojo vou aprender mesmo muito, porque tudo o que envolve este espaço, é baseado nos princípios da permacultura, desde a horta, a construção das casas, os espaços e ainda por mais, porque fazem cursos de permacultura várias vezes por ano! Enfim... acho que de uma vez por todas vou aprender mais sobre o que é a permacultura, na permacultura em acção. Assim em traços gerais, sei que a permacultura é uma agricultura permanente, que está verdadeiramente equilibrada com todos os elementos e animais da natureza, mas convenhamos que isto não me ajuda muito a saber como fazer camas elevadas ou como a fazer bio-construção ou a ter as galinhas num galinheiro andante que vai preparando o terreno para o semeio. Por isso, preciso de aprender, mais e mais! (Ver mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Permacultura)

Para saberem mais sobre esta comunidade, faz favor de ler o artigo que a Quercus fez sobre este espaço: https://www.facebook.com/notes/o-fojo-permacultura/o-fojo-na-imprensa-entrevista-a-maur%C3%ADcio-e-filipa-do-fojo-jornal-quercus-julhoag/340653059348079

Vejam também este vídeo, quando a comunidade ainda era "um sonho" em Janeiro de 2010: http://www.youtube.com/watch?v=uJBvMLlXtdI

domingo, 12 de agosto de 2012

So(m)brinha do tio

Amanhã lá vou eu para a 7.ª comunidade, mas enquanto vou e não vou, decidi, a caminho dela, passar pela casa dos meus tios, em Constância. Ora aqui está uma localidade que podia viver por uns tempos. Nas margens do rio Zêzere, é dos sítios onde mais gosto de estar. Sentada num local específico das margens, ao pé de uma escadaria, sinto-me em paz. Adoro para lá ir meditar na vidinha e passear a minha cadela e foi isso que fiz hoje, logo de manhãzinha. Fantástico!

Vou ficar por cá dois dias, digo, duas noites. Num ano atribulado como o meu, que apesar de não ter férias, estou sempre de férias, mas cansada, também é bom aterrar num sítio onde cuidem de nós e nos sintamos em casa. Aqui, mais do que me sentir em casa, também me sinto "em restaurante" e como que nem uma maluca. A começar no queijo fresco de cabra com azeite e malagueta logo de manhã, ao pequeno-almoço, o Pleno fresquinho que adoro, seguido de um belo almoço com esparregado, batatas fritas e lombo assado com maçã e para terminar um espera-maridos, que de longe é a sobremesa mais fantasticamente enjoativa que conheço e adoro. (Para quem não sabe o que é, é tipo, Dom Rodrigo do Algarve... um must!) Até parece mal, uma moçoila como eu que anda quase vegan, a comer comida saudável, a comer fruta e legumes pelas comunidades fora, chegar aqui e "desgraçar-se". Mas pronto, é assim a vida e dias não são dias. E se isto fossem as únicas excepções da minha vida, andava eu muito bem.

Tudo isto para vos fazer água na boca, mas também para pôr-me para aqui a divagar sobre o relacionamento que estabelecemos com a família e os amigos. Com a família e amigos verdadeiros, não há o termo "troca". O que uma mão dá, a outra aceita. E depois a outra dá e a outra aceita. Não se espera nada, dá-se e pronto, porque se quer ver feliz o outro! E era assim que todos no mundo nos devíamos tratar, como uma grande família... como amigos próximos, porque na verdade todos somos um. Claro que isto parece a modos que utópico, eu sei! Mas a verdade é que se eu der o que tenho a mais, mais tarde ou mais cedo irei também receber de quem tem a mais, porque vamos tendo sempre a mais para dar. A questão aqui, é que chega a um ponto e pára... o que há a mais para alguns, fica estacionado naquelas pessoas e não circula... e por isso, começam as desigualdades. Se todos fossemos tratados como família, se tivéssemos confiança no dia de amanhã, não viveríamos com o stress de guardar para o futuro, pelo seguro, com medo disto e daquilo, porque o que é certo é que haveria sempre.

Cá na casa dos meus tios... há "o" sempre! Eu sou sempre a "sombrinha", que tão carinhosamente o meu tio me chama, história que remota de quando eu era pequenina e ao ouvir o meu tio, chamar-me de "sobrinha", eu dizia: "Tio, eu não me chamo sombrinha, o meu nome é Andresa!" Sempre fui muito respondona, graças a Deus... ehehehe... E pronto, aqui há "o" sempre do sempre... além da comidinha fantástica, que é remédio para a minha alma (porque o restaurante se chama Remédio d'Alma https://www.facebook.com/pages/Rem%C3%A9dio-dAlma/273060882750233?ref=ts) há também, escuta, abraços e sorrisos. Enfim, casa!

Menina... sombrinha... http://www.youtube.com/watch?v=uMkxT2n0D8c&feature=related