terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mínimo esforço, máximo impacto


Este é um dos príncipios da permacultura: fazer tudo com o mínimo esforço e com o máximo impacto e eu nisso acho que sou mesmo boa! Como ainda não estou habituada a estes trabalhos “pesados” do campo, adorei este príncipio, porque assim posso sentar-me em todas as tarefas que consiga, só e apenas para sentir na pele o que é um permacultor. Ehehehe... Estou a brincar, claro! A ideia não é estarmos sentados... contudo, este príncipio mostra-se bastante inteligente se pensarmos que sempre que o fizermos, estamos não só a nos pouparmos, mas também a pensar no futuro com maior alcance de durabilidade.

A minha estadia aqui o Fojo prende-se com o facto de ajudar a preparar um evento que todos os anos se realiza por aqui: o “Mãos na Terra”. O “Mãos na Terra” é um evento sobre permacultura, baseado sobretudo na bioconstrução e neste ano vai ensinar sensivelmente 15 técnicas de bioconstrução em 9 dias. Para saber mais ver em: https://www.facebook.com/events/318922648181776/

Assim sendo, neste momento, ao todo, encontram-se 10 pessoas, para preparar as condições para o evento. Já se fez algumas coisas desde que eu cá estou: colocaram-se estacas nos milhentos tomateiros que nascem na horta, fez-se o caminho que dá acesso ao espaço a partir da rua, cortou-se pauzinhos de madeira e transportou-se madeira para outro local e neste momento, está a tratar-se de debastar uma encosta onde vai ter um jardim. E tenho-vos a dizer que dá um trabalhão imenso, porque além de haver muitas mimosas, urtigas e outras plantas, o espaço é inclinado e por isso, tem alguma dificuldade no acesso.

Fora isso, hoje reguei a horta. E começo a perceber que estas coisas que incluem água, são as coisas mais do meu agrado. Não sei porquê... mas como estou farta de ouvir em todo o lado: Água é vida, acho que isso tem mesmo muita razão de ser! Nada podia ser mais verdade! Em cada comunidade que vou, começo cada vez mais a ficar maravilhada com a transformação que uma semente, por mais pequena que seja, tem, desde que se semea, até que começa a florir e depois a dar fruto. É verdadeiramente uma coisa fantástica e simples: semente, terra fértil, sol e água. Tantas e tantas vezes, penso como seria feliz em poder ter um pouco de espaço no meu T1 do tamanho de uma ervilha, ou pelo menos uma varanda e já agora um bocadinho de sol. Não sei se já inventaram forma das plantas crescerem sem espaço e sol, mas se inventaram, digam-me por favor, que certamente serei a primeira cliente.

Aproveito para vos dizer que apesar do calor, optei por usar botas nestes meus trabalhos diários. Ora bem, eu tinha umas botas de pele que andava a usar nas comunidades, mas que se foram todas rompendo e como ainda não consegui sapateiro à troca, aproveitei os meus dotes “inventadiços” e pus-me a colar as botas com cola de papel. Conclusão: nada de jeito! Assim sendo, depois de um dos meus pedidos aqui no blog, acerca de umas galochas, lá procedi a troca com uma belivadora, que aceitou a minha troca por um tabulheiro/almofada para computador. Assim, como assim, quase nunca usava tal coisa e neste momento, as botas fazem-me muita falta! E são fantásticas! Apesar de transpirar que nem uma maluca, porque o calor que se faz é grande, o certo é que inspiro-me por tudo o que é caminho, alto, baixo, com terra, com lama com pó e como são completamente à prova de água, meto-me em todo o lado! Então na rega é uma maravilha!

Tudo corre bem nesta comunidade, o espaço é lindo, as pessoas são muito simpáticas, sendo que algumas já conhecia e felizmente todos falam português. Entre as 10 pessoas que aqui estão, duas são crianças, um Robin dos Bosques e um Tom Sawyer! Duas vivem cá permanentemente e depois, a nível de voluntários somos 6. Também aqui habita um cachorro, que apesar de ser maior que a minha cadela, ainda só tem 6 meses e chama-se Feijão! É um querido! A minha cadela é que não lhe liga nenhuma porque acha-o um novato! Eheheeh... Mas de quem ela gosta, mesmo, mesmo é das galinhas! E vocês nem imaginam o suplício que é! Pois, quando ela descobriu o galinheiro, além de ladrar como se não houvesse amanhã, subiu ao tecto da capoeira, que sendo apenas um plástico, eu já imaginava a hora em que ela se ia tornar uma galinha e coabitar no galinheiro. Pois, este é o pormenor mais complicado de gerir... As galinhas são uma verdadeira tentação, ou não fosse a minha cadela, arraçada de Podengo, que é como quem diz: Cão de caça! Bem, a ver vamos se não temos uma canja antes de me ir embora daqui... Esperemos que não!

E pronto, hoje ao final do dia choveu... o cheiro a terra molhada, os salpicos da chuva e o som dos grilos (ou serão sapos?!!?) é sem dúvida fantástico! Aqui dentro da minha tenda onde escrevo o blog de hoje e usufruo da bateria do computador que trouxe carregada da casa dos meus tios (porque aqui não há electricidade) é sem dúvida uma verdadeira melodia para a alma e um verdadeiro som de embalo para dormir, descansar e amanhã acordar às sete da matina com um belo sorriso no rosto!


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