Quando eu era miúda diziam-me que
eu não tinha terra, porque quem nasce em Lisboa, não tem terra, Lisboa é de
todos! E é mais ou menos isso. Contudo, quando me respondiam isso, eu dizia
sempre que eu na verdade tinha uma terra, a aldeia dos meus avós onde estou a
passar férias/limpar a casa, esta semana.
A bem dizer, nunca dei grande
importância a esta aldeia, ou sequer a ter aldeia, porque era tudo normal e era
tudo desde sempre assim! Sempre tinha sido. Mas a verdade, é que “esta coisa”
de viver na aldeia tem que se lhe diga... e geralmente, o que se diz, é “bom”!
Estava eu nas minhas limpezas,
bate-me à porta a vizinha e diz: “Olhe,
quer que lhe traga um balde de batatas? Estava aqu ia pensar que talvez não
tenha que comer.” A minha amiga de infância ao saber que eu cá estava também
me disse: “Anda, janta cá em casa. Vê lá
se tens comida... diz alguma coisa, se precisares, ouviste?!” Morrer de
fome, numa aldeia ninguém morre! É verdade que podemos não ter as “condições”
da cidade: shopping, cinema, cultura, espectáculos, discotecas, bares,
workshops e tal... mas comida, não falta!!! E pus-me a pensar, numa “crise”
como esta o que é que são as ditas “condições” para viver... Será que
precisamos de mais shoppings, cinemas, lojas, espectáculos... quando a vida
está cada vez mais cara e quando se ficarmos desempregados, ficamos totalmente
“amarrados” sem forma de nos alimentarmos, a não ser: comprar!?!?!
Não sei se será tão cedo que
virei viver para uma aldeia... também acho que não me vou aguentar muito mais
tempo numa cidade como Lisboa... Às vezes, lembro-me de quando houve falta de
gasolina nas bombas, o pânico que se instalou e alguns alimentos que deixaram
de existir nos supermercados. A bem dizer, se houver falta de gasolina durante
uns dias, a vida na cidade pára completamente e não há forma de nos
alimentarmos... Tudo acaba, tudo pára, não há alimento, porque nas cidades o
alimento não nasce, compra-se!
Outro dia falei com uma pessoa
que viveu na Alemanha, e ela disse-me que neste momento, os jardins que se
estão a plantar na Alemanha são todos de plantas e árvores comestíveis para
ficarem à disposição dos cidadãos. Parece-me uma iniciativa espectacular!!!! Para
quê andarmos a plantar florinhas todas bonitinhas e a gastar água com elas, se
elas não nos alimentam numa crise como esta? E depois, todas as plantas e
árvores de fruto, têm uma época para ter flor, por isso, flore-se o país e
tem-se comida para toda a gente.
Sonho com um Portugal assim! Um
Portugal em que todas as cidades possam ser como aldeias, em que todas as
aldeias tenham as infra-estruturas das cidades; em que as cidades tenham
habitantes que se conheçam e mesmo que não se conhecendo, se saúdem quando se
cruzem com alguém, como aqui na “minha” aldeia em que toda a gente diz “Ora
viva!”; com cidades onde ainda haja o sapateiro, a costureira, o amolador...
profissões imprescendíveis para sermos mais ecológicos e poupados e menos
consumistas e materialistas. Enfim... aldeias, cidades... pessoas que cada vez
partilhem mais, confiem mais e sejam mais altruístas: os 3 valores do meu
projecto Believe!
Eu “belivo” e vocês?
Eu também, mas ainda existem demasiadas que não acreditam...
ResponderEliminarO que interessa é que haja alguém que acredite! O que interessa é que esses que acreditam, podem fazer a diferença, a acreditar em sonhos!!! :)
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