As minhas semi-férias lembram-me
viver à “No Impact Man”. Já aqui falei deste filme, onde um homem e a sua
família decidiu durante 1 ano, viver sem impacto ambiental. O filme conta o seu
percurso no campo da ecologia, chegando a viver sem luz e logo sem os demais
electrodomésticos. Basta ainda dizer que a sua família, que também integrava um
bebé foi abarcado por este desafio, passando, entre outras
coisas, a utilizar fraldas de pano.
Mas continuando o meu pensamento,
estava eu a dizer que esta semana pareço o “No impact man”, versão “No Impact
Woman” mas em versão mini, ou seja, durante 1 semana. Quer dizer, não é tal e
qual o “No Impact Woman”, mas há uma data de situações na minha vivência que me
faz lembrar este desafio.
Sendo que a casa estava fechada e
com as contas cortadas, o tempo até que me ligaram água e luz, levou o seu
tempo.
Água por exemplo, tive um dia sem ela, mas tinha-me precavido com uns
garrafões de 5 litros até ela ser ligada. Se fosse apenas para passar férias,
teria prescindido da água, porque próximo da casa há uma fonte com água da
nascente (para beber e fazer comida) e uma ribeira (para tomar banho), mas como
necessito de fazer as limpezas, sem água seria a modos que complicado.
A luz só
chegou hoje, logo tive 2 dias sem luz. Não precisava de a ter ligado, se não
fosse necessitar do aspirador para limpar as quinhentas mil teias de aranha que
circulam por toda a casa. Contudo, nestes dois dias, mantive-me apenas e só
com a luz do magnifíco pôr-do-sol que vejo da varanda do meu quarto, do luar,
da lanterna a dinâmo que me emprestaram e de umas velitas que também trouxe por precaução. Não ter luz também foi sinal de sossego durante estes dois
dias. Acordei com o nascer do sol, mas também me deitei com o seu pôr. Sem luz,
há pouco que se possa fazer à noite, a não ser ler um livro à luz das velas.
(Que neste momento é “Conversas com Professor Agostinho da Silva” e que
recomendo vivamente!) Quanto ao gás, esse é que não achei necessidade de o
ligar. Como trouxe comida praticamente sem necessitar de ir ao fogão (pão,
azeite, tomates, pimentos, fruta, cebolas, bolachas, leite, grão em frasco e
feijão frade em lata) optei por não ligar o gás. Contudo, sinto a falta dele ao
tomar banho. Apesar de estar calor e tal, tomar banho de água fria não é lá muito
apetecível. Ainda tenho uma mangueira com uma data de metros que posso aquecer
ao sol, ou então uns pauzitos para colocar uma panela a aquecer água na
lareira, mas não... vou mesmo aguentando a águita a modos que fresca,
diariamente!
Sendo que a casa que estou a
limpar tem 2 pisos, uma garagem e um quintal, tenho-vos a dizer que já limpei
quase dois pisos e o quintal. Só me falta limpar a garagem e a sala/cozinha que
será amanhã. Hoje o dia foi dedicado ao piso superior, ao quarto do piso
inferior e ao quintal... E é no quintal que entrou a minha veia permacológica!
Como devem calcular uma casa que
está fechada há uma catrefada de anos, não tem um quintal muito aceitável, não
é mesmo? Por isso, já estão mesmo a ver, que as plantas nascem sem destino, as
plantas que estavam nos vasos secaram, as escadas têm musgo por tudo o que é lado
e folhas e terra e restos sabe-se-lá-de-quê.
Decidi não “limpar” a parte de cultivo, mas achei que a parte de passagem, que
consta pelas escadas e por um corredor com lava-loiça, tinha de limpar. Vai
daí, mãos à obra, galochas calçadas, luvas e roupa muito velha para sujar o
mais possível e lá fui eu, toda lampeira! Julgava que ia ser mais trabalhoso e
mais demorado, mas nada disso, em menos de 2 horas o trabalho estava
finalizado. E acho que foi assim tão rápido porque tive um verdadeiro
pensamento à permacultora. Andava eu a apanhar escada acima, escada abaixo, o
resto de folhas, terra, pauzinhos, sementes, caroços de azeitonas, bicharocos, musgo...
e a colocar em sacos do lixo para ir deitar fora e nisto pensei: “Opah, quem me dera ter aqui terreno da
minha praceta para colocar este “mulch" (ver mais em http://en.wikipedia.org/wiki/Mulch) Isto está com um aspecto fertilizante que é obra. Além do
mais, vai-me dar uma trabalheira atravessar a casa toda com estes sacos
molhados cheios de mulch”. Mal empregado ir
deitar isto para o lixo.... Lixo!?!?! Pára tudo, qual lixo qual carapuça, vou
mas é colocar esta maravilha no quintal abandonado da vizinha, com um bocadinho
de sorte ainda lhe cresce lá uma oliveira.”
O segundo pensamento, mais do que
permacológico, mas sim ecológico, foi quando eu não tinha como ir desligar a
água da mangueira (porque era longe) e precisava de uns minutinhos para limpar
umas coisas. Pus a mangueira no ralo do chão, para a água ir para lá
desaguar... e depois pensei: “Andresa,
que desperdicio, água tão boa e tu deitas pelo ralo abaixo... Nada disso... Vai
para o quintal abandonado da vizinha, ao menos rega umas videiras que estão por
lá a secar.”
Ainda nas limpezas tive mais dois
pensamentos curiosos, que me demostraram como realmente esta coisa de ser
ecológico, poupado, sustentável, etc... vai-se entranhando sem que nos darmos
conta. Ora andava eu a limpar o chão com água e detergente, quando penso cá
para comigo: “Opah, tanta água
desperdiçada, podia deitar no quintal para as árvores, em vez de deitar fora na
sanita... Pois podia, se o detergente fosse ecológico. L”
O outro pensamento, foi quando eu
andava a apanhar as mil coisas abandonadas, velhas e estragadas que estavam no
quintal. Felizmente, a minha avó tinha um pensamento ecológico (excepto quando
usava sacos plásticos para tudo e mais um par de botas) e por isso, de todas as
coisas que estive a arrumar para deitar fora, 95% eram feitas de madeira, logo
biodegradáveis e as restantes 5% de plástico. Engraçado, porque depois destes
anos todos, as coisas de madeira já estavam verdadeiramente decompostas,
servindo assim de um óptimo mulch, quanto às de
plástico, estavam intactas e por isso, rapidamente se percebe como esta coisa
do plástico dura e dura e dura... Antigamente, não havia muita coisa em
plástico... Ou era madeira ou ferro ou latão. O exagero do plástico cresceu de
forma tão desproporcional que neste momento nem saberíamos como viver sem ele.
Ou será que saberíamos?
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