quarta-feira, 15 de agosto de 2012

If it’s not fun, it’s not sustainable


Hoje o dia no Fojo foi bastante animado, em todos os aspectos. Além de ter uma visita de uma amiga que vive aqui perto, as actividades de hoje foram super engraçadas. Nada mais nada menos do que pôr os pés na massa. Eu explico.

Aqui no Fojo estão a construir várias casas espalhadas pelo terreno, uma delas é a casa do trabalho, ou seja uma oficina onde futuramente se vai trabalhar, tendo até um quarto no piso superior e uma sala com salamandra, no piso inferior. Essa casa está em construção e tem algumas técnicas de bioconstrução, entre elas uma parede com garrafas que deixa entrar a luz, outra com troncos de árvores e ainda as janelas feitas de pneus. Está bem engraçada! Faltam ainda algumas coisas, nomeadamente a porta e as janelas, mas o design da casa já está quase finalizado. Assim, hoje o que estivemos a fazer foi uma massa feita com palha, água e terra vermelha, para finalizar uma parede com garrafas e também acabar os rebocos finais das laterais da parede. O giro mesmo, foi fazer a massa que vos acabei de falar, com os pés. Senti-me verdadeiramente uma mulher das vindimas, onde à medida que os pés eram colocados na massa/lama, as conversas iam fluindo e iam-se tecendo comentários diversos. Eu mostrei-me verdadeiramente animada com a tarefa. Amassar com os pés, além de relaxante é sem dúvida uma óptima forma de dar beleza à pele dos pés, ou não fosse a massa, feita à base de argila. Foi também muito giro, colocar o rebordo de massa à volta das garrafas e dos troncos de madeira, pelo menos até à altura onde eu chegava. Quando foi o momento de subir a um escadote algo ingríme a coisa tornou-se mais complicada para mim, pois desde medo de cair, até dores nos pés, houve de tudo e por isso, a tarefa não foi concluída por mim. 

Pois é, o meu corpo não me acompanha em mil e uma tarefas, porque esta coisa de estar constantemente sentada ao computador diariamente, faz-me sem dúvida, cansar-me mais rápido e não ter resistência física, muito menos tolerância ao calor. Enfim... a vida citadina é o que me tornou neste ser humano com pouca resistência física. Não sei se me transformei nele ou se algum dia fui diferente. O que me interessa é saber se algum dia me transformarei num outro ser humano, com resistência física e saúde redobrada. O que é certo é que estas actividades do campo e da permacultura (que são bem mais fáceis, que a agricultura) por mais que achei interessante, eu sei que ainda me sinto muito limitada para as concretizar... mas pronto, é a vida: um dia de cada vez!

Se tivessemos de falar do espaço físico do Fojo, poderíamos dizer que tem 4 zonas, pelo menos, as 4 que eu conheço. A primeira, logo à entrada é tem um caminho muito bonito, feito com pedrinhas brancas, que até já foi intitulado “O caminho da paz”, que circunda as hortas, feitas em camas elevadas, tendo de um lago, onde se ouve muitas veszes, as rãs e os sapos.

No segundo patamar, temos o lavatório da higiene pessoal, a zona de fumadores, a casa-de-banho de composto e uma zona, onde os visitantes e/ou voluntários colocam as suas tendas para pernoitar no tempo que cá estão. Mais à frente, está a casa de trabalho que vos falei ao início e onde trabalhámos hoje.

No terceiro patamar, existe uma outra casa, onde fazemos as refeições, que é a cozinha e a sala de estar/jantar. Na sua frente tem 4 canteiros que tem alguma da salada que usamos para as refeições. No exterior há também o lava-loiças de um lado e do outro lado, mais espaçado, o tal galinheiro com galinhas e patos, que vos disse ser a perdição da minha cadela.

Por fim no último patamar, há um lago, que neste momento está seco, bem como, uma grande vista para um pinhal, que nos dias de chuva, como o de hoje tem um cheirinho maravilhoso, de ficarmos completamente desentupidos nasalmente falando, com o cheirinho dos eucaliptos.

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Já que vos falei desta frase, do título do blog, que também define um pouco a permacultura e que diz: “Se não é divertido, não é sustentável” venho também falar-vos de uma coisa que hoje ajudei a fazer para o almoço: hamburgueres de grão, mais propriamente reciclagem de comida. 

E o que é isto, reciclagem de comida? Ora bem, na minha casa havia uma coisa que eu nunca fui muito apreciadora que são os restos do almoço que se comem ao jantar, ou os restos do jantar que se comem ao almoço. Aqui o nome não é “restos”, mas sim “Redom”, ou seja, “Restos de Ontem”, isto quando os há, claro está! Contudo, há uma outra denominação que acho mais interessante, quer ao nível de nomenclatura, quer ao nível do sabor, que é a “Reciclagem de Comida”. Já tinha ouvido este termo noutras comunidades, mas nunca vos tinha contado, por isso aqui vai. A “Reciclagem de comida” é nada mais nada menos do que aproveitar os tais restos, mas alterá-los numa outra comida. Por exemplo, tinha sobrado um fantástico grão com cebola e salsa, assim, o que se fez, foi picar o grão, acrescentar courgette e mais alguns legumes, um ovo e alguma farinha e fazer pequenos hamburgueres, alourados no fantástico azeite que aqui há. Conclusão, uma nova refeição, completamente nova, sem ser o “Redom”. E pronto, é assim a vida! Fantástico, não é?

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E quanto ao vídeo de hoje, por falar em Lama, nunca é demais... :) http://www.youtube.com/watch?v=_QvVaZfFDKw&feature=fvst

2 comentários:

  1. ...subir a um escadote algo "incríme" ???

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    1. Ahahaahah... "incríme" = a muito alto,que é um crime subir...!!! Ahahaha...

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