terça-feira, 4 de junho de 2013

Dar (às vezes) é tão complicado!

Hoje fui à loja social da minha freguesia! Uma vez tinha lá ido, para me oferecer para fazer uma feira de trocas aqui na minha freguesia e fui visitar a loja social. Explicaram-me que a loja era só para pessoas carenciadas e que tinham de ser entrevistadas pela assistente social da freguesia. Até aqui tudo bem.

Depois disseram-me que esta entrevista era só para a ajuda de alimentos, uma vez que a roupa podia ser dada a todas as pessoas, porque há roupa a mais! Fiquei contente e triste! Por um lado, pensei que se precisa-se um dia de roupa, poderia lá ir e aí fiquei feliz! Por outro lado, fiquei triste, porque no meio desta crise, ninguém pára de comprar roupa e por isso, há excesso de roupa... Mas adiante!

Hoje voltei lá... Decidi que já que não compro roupa, poderia ir às "compras" na loja social, para mudar um bocadinho o meu guarda-roupa. E então lá fui eu! Apresentei-me e disse que como me haviam dito, a roupa era dada e por isso, queria dar uma vista de olhos para ver se levava alguma coisa. Estavam duas senhoras a atender... Não estavam a fazer nada, apenas a tomar conta da loja e uma respondeu-me: "Mas para levar roupa, tem de ter marcação." E eu respondi: "Mas eu não quero ser atendida pela assistente social, quero mesmo só levar a roupa ou calçado, como me havia dito ser possível."  A senhora voltou a responder-me: "Mas mesmo assim, tem de ter marcação."

Fiquei impávida... ora, com tanta roupa e sapatos e sei lá mais o quê que ali há... com duas pessoas a atender que não estavam a fazer nada, apenas e só a atender, para que era preciso marcação!?! E ainda por cima não havia ninguém na loja!!!!

Fui dar uma vista de olhos à roupa e aos sapatos, mas perdi a vontade e para dizer a verdade não havia nada do meu género... mas fiquei a pensar nisto... em como o nosso país entrou nesta onda das marcações, entrevistas e reuniões, de burocracias e procedimentos que nos impedem a todos de lidar e de ser simples e simplificados. 

Até para dar... temos de percorrer um caminho longo... cheio de métodos e esquemas, reuniões e entrevistas e sei lá mais o quê!

Fiquei a pensar neste "dar burocrático" e também fiquei a pensar em todo o "dar" que dia-a-dia utilizamos. Como cada vez é mais díficil, dar um abraço, ou um elogio, ou um agrado sincero. Em como mesmo nos relacionamentos, temos de ter sempre esquemas e burocracias e jogos e métodos, de saber se se dá o suficiente e tendo sempre o cuidado de não dar mais da conta, porque não podemos "mostrar o jogo". 

Eu não sou assim! Eu dou e dou... ponto final! Quando quero dar, quer seja roupa, sapatos ou amor... é para dar e acabou... não há cá meias medidas... jogos e troca-tintas e coisas complicadas que só fazem o ser humano cada vez ser mais mecanizado e anti-social. E dou e volto a dar... 

Só que quem muito dá, muito espera receber... e quem muito dá é exigente na retribuição... Ora bolas... ainda não sou assim tão altruísta como pensava ser.... raios!

10 comentários:

  1. Uma vez fui dar livros à Biblioteca das Caldas da Rainha. Disseram-me que tinha que deixar lá escrito o nome e autores de todos eles, assim como preencher mais n sei quantas burocracias. E depois disseram que não podia dar, só os poderia trocar por manuais escolares (que na altura n me faziam qualquer falta). No meio disto tudo, acabei por não dar nada... É lamentável este tipo de situações, sobretudo quando se quer dar e parece que há tão pouca vontade de receber.

    ResponderEliminar
  2. Olá. li o texto e aqui vai o comentário: tu dás, porque és de outro tempo, como eu. tenho 35 anos. naquele tempo, nos anos 80, os meus amigos da minha geração, embora fossem mais velhos 2 anos, a roupa deles passava deles para mim. Naquele tempo, a minha Mãe fazia-me muitas camisolas à mão e eram lindas. A minha Mãe de profissão é Professora de Ensino Básico e mesmo depois das aulas, passava horas e horas a fazer-me as camisolas. Tinha roupa nova, no Natal, Páscoa e alguma durante o ano. Deu aulas numa aldeia, e a educação que tive é pelo que vi da minha mãe...na aldeia, davam imensa hortaliça, ovos e alguma fruta. Naquela altura, tudo o que nos davam a mais, nós dávamos aos amigos, ovos, hortaliça e tudo o mais que nos davam. No Marco de Canaveses, terra da minha família, eu apanhava muita fruta em pequeno, e dava a amigas idosas. Por exemplo, o meu tio comprou uma quinta há dois anos e quando vou a casa do meu tio, ele vai sempre á quinta e dá-me hortaliça, favas...isso é partilhar, mas tenho amigos com quintas e nunca me deram uma couve, fruta, nada... não têm o sentimento de partilha, penso eu. Foi o que aconteceu com o que contaste. Eu dou sempre roupa, alguma nova em folha que mal usei. dou e não me importo. tenho dado blusões novos, mesmo que tenham mais de 8 anos. É roupa que usei pouco. tenho uma prima, que tem dado muita roupa como nova á minha mãe. Aquilo que serve á minha mãe, serve para ela e o que não serve a minha mãe dá a outras pessoas. Nos anos 80 era assim, e hoje eu ainda faço isso. mas há malta mais velha do que eu, que não sabem partilhar... beijos. lamento que essas pessoas não te tenham ajudado e que te tenham colocado alguns entraves.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu acredito/belivo que os tempos vão voltar atrás... estamos numa sociedade tão individualista e egocêntrica que é impossível que não tenha uma ruptura... por isso, acho que esta geração vai começar a dar mais... a questão é que eles ainda não sabem como o fazer... e para isso, estamos cá nós! Os trintões!!! Eheheheh... *

      Eliminar
  3. enquanto assim formos não evoluimos, mesmo em tempos de crise, porque não facilitar mais as coisas.Costumo dar roupas para a loja social da minha cidade, fico triste com estas notícias, nem imaginava que fosse assim, quem tem não sabe dar valor a quem precisa.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. ... espero que tenha sido um acto isolado e que nas outras lojas isto não aconteça! :(

      Eliminar
  4. Acredita que a questão da roupa para dar é uma das mais irritantes neste país. Por acaso, nunca fui a essas lojas, embora na minha zona haja 1 ou 2 e já lá tenha passado, mas espero honestamente que a experiência que contas seja isolada, senão, contraria completamente o propósito dessas lojas, que é o de prestar assistência imediata a quem dela precisa.

    A minha experiência presta-se com roupa e livros para dar. Já me aconteceu contactar instituições para dar livros (tudo obras de referência, em óptimo estado) e só me porem entraves. Quanto à roupa, já ouvi coisas escabrosas sobre o que realmente fazem à roupa que deixamos naqueles contentores para supostas instituições e que acaba por ir para outros países onde é revendida.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. ... pois... enfim... são os tempos que temos, até que mudem! :(

      Eliminar
  5. Saudações amiga:)
    Tenho andado atarefado nesta "corrida dos ratos" e um pouco desmotivado devido precisamente ao tema deste seu post. Daí resolvi fazer-lhe uma visita, virtual está claro:)
    Tem toda razão, as pessoas é que criam o seu próprio controlo. Não sei se por também serem demasiado controladas pelo institucional... mas desconfio que o fazem, apenas porque assim o querem.
    Como dizia o querido mestre Jesus: "Larga é a porta da perdição, por ela todos querem passar, poucos são os que escolhem passar pela porta estreita". Passados 2000 anos, ainda andamos às turras com o mesmo, porra!
    Caridosamente, ainda cheguei a pensar criar uma petição bombástica através da Avaaz a ver se mobilizava o povo a lutar pelos seus direitos, mas logo tive que pôr o pé ao travão. Pensei, estendo-lhes a mão... mas corro o risco de ma cortarem.
    Vou deixar-me de activismo e viver a minha vida, pois estou certo que ninguém o fará por mim.
    O melhor método que conheço para mudar o mundo, é dar o meu exemplo no dia-a-dia. Pode levar tempo a fazer efeito, mas de vez enquando, lá oiço alguém dizer: "final o Paulo tinha razão!".
    Andresa, é precisamente isso que você faz, muda a mentalidade das pessoas, apenas com o seu modo de vida, com o seu exemplo.

    Fique em paz e que a "força" a acompanhe!


    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Paulo... já andava a pensar em si... já tinha saudades dos seus comentários!!! Ainda bem que voltou!
      Pois, só o nosso exemplo conta... nada mais... nada de manifestações ou outras coisas que tais... é cada um fazer por si e mostrar aos outros que é possível!!!
      É isso mesmo... com o seu comentário fiquei com mais força... que às vezes vou-me abaixo!
      Fique também bem! *

      Eliminar

Obrigada pelo seu contacto! Responderei o mais breve possível.