quinta-feira, 30 de agosto de 2012

7 regras e 22 cabras


(continuação do dia anterior) Dormir no carro foi absolutamente surreal... apesar do meu carro ter espaço suficiente, o facto de ter dormido sem colchão foi sem dúvida super incomodativo, mas pelo menos não tive visitas inesperadas. Hoje sem dúvida vou colocar o colchão e dormir de forma cómoda, mas apesar de tudo, com pouco oxigénio.

Na sequência do que vos disse ontem, as minhas tarefas aqui a partir de ontem, é na ajuda da tradução (com o meu amigo google translate, claro) num documento que o patriarca da família escreveu sobre este modo de vida e que sem dúvida, vos poderei disponibilizar, caso tenham interesse, pois foi o seu pedido.

Assim sendo, tal como ontem vos disse, vou enumerar as sete regras para viver na natureza, segundo a família da Ilha Paraíso e são elas:
  • 1.       Viver ao ar livre (dormir ao ar livre, sendo que os casais devem dormir numa zona em forma de coração, as crianças numa forma de círculo e os animais em formas de quadrados)
  • 2.       Comida natural (totalmente crua, pois a comida cozinhada está morta e não faz bem à saúde)
  • 3.       Trabalhar na natureza com as mãos (não usar equipamentos ou electrodomésticos que necessitem de electricidade ou petróleo ou outra fonte de energia. Apenas e só, a energia manual)
  • 4.       Educação natural (as crianças deverão aprender em casa e não na escola, com a natureza e através da Arte, Música, Religião)
  • 5.       Lida de casa natural (o cuidado do corpo e dos cabelos deverá ser sempre feita com produtos naturais)
  • 6.       Cura natural (não utilizar nenhum tipo de medicamento, apenas e só plantas naturais)
  • 7.       Nascimento e morte naturais (o nascimento deve ser feito em casa, sem a ajuda de médicos e/ou químicos)

E pronto, se quiser saber isto e muito mais, nomeadamente todas as receitas crudívoras que tenho vindo a comer durante esta semana, é só me enviarem um email para vos enviar o documento em português. Também podem contactar com o Reinhold Schweikert através do seu blog  http://paradiseislandfamily.wordpress.com/. Se quiserem vir viver para aqui uns tempos, é só falarem com ele. Ele tem um sonho de ter mais pessoas a viver aqui numa tribo, para fazer desta quinta um exemplo de ecologia no nosso país. Aliás, já tem quartos espalhados por toda a quinta à espera de visitantes e possíveis moradores, pois o seu sonho era fazer uma tribo da Ilha Paraíso, que se pudesse copiar por todo o Portugal. Quem está interessado, hém?

Além da ajuda na tradução deste documento, da parte da manhã fiz três actividades: vi como se faz queijo, vi como se tira o leite às cabras e acompanhei um dos filhos, que é pastor, no passeio das cabras. O queijo aqui é feito com cardos e somente com o leite da cabra e da vaca. Todos os dias são feitos 3 queijos, que são usados no dia seguinte como queijo fresco nas refeições e depois, com o passar do tempo são comidos como queijo já curado e posteriormente como queijo ralado. Uma das divisões da casa é somente para se fazer o queijo...

Depois fui ver, as 3 filhas mais velhas a ordenar as cabras. Na quinta há 22 cabras e são todas muito lindas! Não têm badalos, nem ferraduras, nem brinco na orelha. Comem as ervinhas dos montes e andam felizes e contentes. São umas cabrinhas mesmo biológicas. Foi muito engraçado o passeio que fiz com o filho mais velho, que é o pastor aqui da quinta. Todos os dias passeia as cabrinhas duas vezes: da parte da manhã durante 2 horas e à tarde, 3 horas. Eu acompanhei-o da parte da manhã e andámos sensivelmente 4 kilómetros. Foi um caminho que se fez muito bem, porque apesar de fazer umas festinhas às cabrinhas, conheci melhor o pastor e percebi os seus gostos e a sua filosofia de vida. Aprendi muito com ele. Disse-me duas coisas muito interessantes que passo a citar: “Eu gosto de todas as pessoas, porque se Deus gosta de todas, eu também tenho de gostar. Não há pessoas más, elas apenas estão doentes.” “Eu gosto de tudo o que faço. Faço tudo com gosto, porque assim tem de ser.” Fiquei a pensar como estas duas frases resumem de forma simples, verdades, que nem sempre estamos preparados para aceitar. Gostei muito de o ouvir. Falámos de música, de poesia, de ópera e quando lhe perguntei qual era a sua música favorita, escreveu-me num papel o seguinte nome: Maria Hellwing: Ersherzog johann-jodler... e Voilá, procurei no Youtube e aqui vai para vocês! 

1 comentário:

  1. Para mim isso é radicalismo a mais. Sobretudo a parte que as crianças não devem ir à escola. Não sei é muita regra para mim. Mas é bom saber novas formas de viver e só temos que respeitar.

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