A CRISE

Na casa de banho seca/composto do projecto onde estive na semana passada, estavam colocadas nas paredes algumas citações e documentos reflexivos! Uma das que me chamou a atenção foi um texto do Einstein que dizia: “Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”

Fantástico, não?! :)

Na China, CRISE é significado de oportunidade... Se tirarmos o C à CRISE, ficamos com a palavra RISE, que significa SUBIR. E é assim mesmo... na CRISE subimos sempre... pode não ser da forma como pensámos... a subida pode ser mais dura do que estávamos espera, mas a CRISE acontece para que sejamos originais, criativos, para que superemos os obstáculos e nos mudemos verdadeiramente numa subida vertiginosamente boa!

Se formos a ver, por causa da crise, desafia-mo-nos a nós mesmos, antes que o desafio nos saía pela culatra... reinventamos e reutilizamos... criamos novas estratégias, partilhamos mais, convivemos mais, pedimos ajuda, aceitamos ajuda, estamos mais verdadeiramente com o outro, trocamos... é assim a crise... por isso tudo... e por nada mais! Uma oportunidade para fazer diferente! Não há melhor forma de nos unirmos, do que quando estamos em crise... talvez por isso, a crise tenha aparecido, para finalmente a humanidade comece a juntar-se de tão separada que andou nos últimos tempos.

Quando decidi abraçar este projecto, não estava em crise monetária, porque trabalhava, estava efectiva, recebia o meu ordenado ao final do mês. Mas estava numa crise íntima comigo própria... o sentimento de que tinha tudo e que nada mais havia para fazer, como se tivesse chegado ao fim da linha, ao fim da evolução profissional... sem mais objectivos. Só com a crise, com o sentimento de estar numa crise por dentro, daquelas crises que achamos que nos vão matar de dor, podemos sair dela... devagar devagarinho, abrindo uma janela, quando as portas se fecharam, vendo um ponto de luz, do tamanho de um pirilampo ao fundo do túnel, percebendo que toda a dor sofrida tinha uma razão de ser... uma razão para que a CRISE fosse ultrapassada e se pudesse finalmente SUBIR. 

Nem sempre vemos as coisas "más" da nossa vida (se é que existem coisas más... ou se não são pura e simplesmente experiências e processos que temos de vivenciar) como etapas para a superação de algo. O mais fácil é passarmos sempre a vida a nos queixarmos, a dizer o que não temos, o que queríamos ter, ou a "castigar-mo-nos" ou a "punir-mo-nos" por algo que não fizemos ou fizemos mal. É sempre mais fácil, lamuriar-mo-nos, revivermos o passado com uma nostalgia imensa de que tudo podia ter sido diferente... ou sentir-mo-nos como a pessoa mais infeliz do mundo, quando afinal de contas, a etapa era apenas um processo. "Será que estou a ver o mundo com umas lentes azuis demais?" - penso eu. Bem, até pode ser, mas se continua a de ser mágico, para quê mudar a perspectiva... até perder estas minhas lentes azuis, vou tentar sair da (minha) CRISE. Cada vez mais! Subindo... Mudando... 

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