quinta-feira, 14 de junho de 2012

Salvar aranhas

Hoje o dia na Cidadela Arco-Íris foi novamente preenchido... a tarefa era limpar, arrumar e encerar uma cabana de madeira que está no pátio da esplanada da Cidadela, onde são feitas as actividades ao ar livre. 

A cabana era pequenina e eu pensei que a manhã resolveria a tarefa, com os 3 membros da actividade, mas quando abrimos a porta, percebi que havia muito que fazer: limpar tudo, tirar as teias de aranha, esfregar paredes de madeira com algumas farpas, limpar telhas, encerar a madeira, etc, etc... E eu que queria viver numa cabana, hém!?!? Mudei de ideias rapidinho, porque uma cabana deve dar mais trabalho que uma casa e ainda por cima, alojam-se uma data de bicharocos lá dentro, devido aos buraquinhos das traves de madeira. E por falar em bicharocos... há muito tempo que não via tantas aranhas, de tantos tamanhos e feitios. Como a cabana só é usada no Verão é natural que lá dentro, este tipo de bicharocos vá-se alojando na necessidade de também eles quererem um lar. Por isso, toca a lavar tudinho e a pôr os bicharocos a mexer... Se fosse noutra altura da minha vida, era fácil, bastaria matar as aranhas, com as suas patas delicadas feitas bailarinas, é bastante fácil... mas agora, fico com um nó na garganta só de pensar em matá-las. Olho para elas, tento afastá-las para o chão, mas sem sucesso, porque voltam a subir as paredes e por fim, começo a ter estratégia em lhes pegar com um pano ou assim (ainda não consegui pegar-lhes com as mãos...) e atirá-las para o campo. Pois é, conclusão, passei o dia todo a "salvar aranhas".

Finda a tarefa, que me pôs com dores pelo corpinho todo, mais do que ir para o ginásio 11 horas seguidas, percebi que vir para esta comunidade é verdadeiramente estar de férias... mas não férias físicas, mas sim psicológicas. O trabalho do campo faz-nos mesmo descansar a cabeça, mas já o corpo, nem vos digo nem vos conto, ainda vou no segundo dia de trabalho e já não me aguento nas canetas... 

Depois de findar o dia, estava eu com o único pensamento na minha mente: "Tomar um longo banho quente, para as dores das costas e para tirar toda a cera de pintar a madeira, das mãos, braços, etc... e dormir." e qual não foi o meu espanto, quando faltou a água na Cidadela, porque houve uns trabalhos da Junta de Freguesia da zona, com a água da freguesia... Sabem o que é, precisarem MESMO de tomar banho!? É nestas alturas que penso como a água tem o valor inestimável que tem, como a água é mesmo muito necessária a todos nós e como é uma benção sem igual. Lá tivemos de ir ao poço, dar uma lavadela pelo corpito cheio de cera, enquanto a água não chegava... felizmente que houve a alternativa de um poço, com água quentinha pelo sol.

...

Ao ir para o Centro Mariapólis onde durmo, na entrada vi a primeira serpente da minha vida ao vivo e a cores, sem ser no jardim zoológico. Era enorme, praí mais de 1 metro, verde alface, muito bonita e esguia... que se esgueirava pela entrada onde eu ia entrar, a deitar a sua línguita de fora. Fiquei boca-aberta e de alguma forma, algo serena... Chamei pela focolarina que tinha estado comigo nessa tarde para resolver a situação. A serpente ao me ouvir, começou a esgueirar-se cada vez mais e desapareceu no meio do jardim, entre os malmequeres liláses. Fiquei a pensar, na sequência do pensamento do salvamento das aranhas desta tarde, o que seria feito naquele caso. Foi-me contado que já outra serpente tinha aparecido naquele sítio e que lhe findaram a vida com uma machadada no lombo... obviamente que não se pode deixar as serpentes andar na zona de acesso das pessoas, pelo perigo que pode daí advir... mas pronto, fiquei a pensar, tal como pensei nas aranhas, inofensivas e bailarinas, que também a serpente me pareceu linda e uma verdadeira odalisca. Não tive medo! Ultimamente deixei de ter medo dos animais... antes tinha medo de tudo e gritava e berrava e punha-me em cima de bancos se via uma aranhinha que fosse... até matava aquelas pequeninas que dizem que nos dão sorte... agora não... não sei... estou diferente! A bicheza começou a ser minha amiga! 

Deixo-vos a musiquinha de hoje dedicada à bela odalisca serpente... e também às aranhas bailarinas! http://www.youtube.com/watch?v=w3MMMgxjLFk&feature=related

6 comentários:

  1. Tenho um relacionamento estranho com as aranhas, desde miúdo. A minha primeira visão, foi precisamente de uma aranha gigante. Tinha cerca e 6 anos de idade e vi, antes de adormecer, no fundo escuro do meu quarto, uma luz branca intensa e no meio dessa luz, estava uma aranha bem grande. Assustei-me imenso, mas senti que me estava a observar. Ao longo dos anos, especialmente em alturas mais críticas, fui sempre visitado por seres estranhos. Parece-me que eles conhecem-me mas eu não os conheço. No entanto, fico com saudades deles, quando passo anos sem os ver.
    Sei que parece fantasia, mas até eu próprio, por vezes tenho uma certa dificuldade em aceitar tudo isto. Bem, isto é apenas uma pequena parte do todo. Fique bem!

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    1. :) Agora já pode pensar que esses seres ou essas aranhas, são apenas bailarinas, na minha visão... a visionar-nos, talvez!
      Fique bem também!*

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    2. Há coisas do caraças! A Andresa refere-se muito às coincidências numérica, 111, 11:11, etc. A propósito, desde alguns anos para cá, comecei a sentir-me induzido a observar coincidências numéricas por todo o lado. No inicio, acordei várias vezes de madrugada inexplicavelmente, apenas para olhar as horas e eram sempre 02:02, 03:03, etc. Aquilo estava a ficar muito estranho, mas a coisa não ficou por aí: comecei a ver essas coincidências nas matriculas dos carros, e tudo o mais que tivesse números. Estranho, não é? Decidi pesquisar na Internet e fiquei surpreendido de saber que andam por esse mundo fora, muitas pessoas igualmente perplexas com a mesma situação. Veja, até a Wikipédia refere-se ao assunto: http://pt.wikipedia.org/wiki/11:11

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    3. Pois... nem me diga nada... eu com as matrículas sou igual.. epah, nós os dois somos um bocado parecidos, não!?!?!? Bem... vou ver esse link a ver se percebo mais um cadito... eheheh.. Grata*

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  2. Pobres serpentes, realmente. São provavelmente, dos animais da nossa fauna, os que mais sofrem com os nossos preconceitos. Aquela que viu, pela sua descrição, não é minimamente perigosa para o ser humano (penso que fosse uma cobra-rateira, que, como o nome indica, se alimenta principalmente de ratos), tal como não o são 99% das espécies existentes no nosso país. Em Portugal só existem duas espécies venenosas para o ser humano, duas espécies de víboras (e uma delas só existe no extremo norte do país), que são cobras pequeninas e acastanhadas ou acinzentadas, com um padrão escuro em ziguezague ao longo do dorso. Dificilmente se confundem com outras espécies, excepto com algumas cobras-de-água. Se quiser vê-las, tem aqui um link, as víboras são as 2 últimas da última tabela:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_r%C3%A9pteis_de_Portugal
    Seja como for, a reacção das cobras perante o ser humano - como pôde observar - é de fuga. A única excepção é se se sentirem encurraladas, caso em que podem tentar morder. Mas, lá está, a maioria não são perigosas, pelo contrário, são animais úteis, pois mantêm as populações de roedores controladas e servem de alimento a águias e outras aves de rapina ameaçados. Por isso, o seu instinto de ter deixado de recear estes animais, faz todo o sentido!

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    1. Grata AnaGF! Vou partilhar aqui a sua resposta a ver se conseguimos salvar mais umas... eu gostei muito daquela que vi, a sério, fiquei mesmo fascinada... era linda!
      Muito grata e bom fim-de-semana para si*

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