domingo, 9 de setembro de 2012

Em ressaca...

... chegada da aldeia, das comunidades, do campo, do mato, do ar fresco e puro... e chegada à cidade, à poluição, ao barulho, aos prédios, aos carros, às pessoas com stress, ao ar que parece mais pesado e se sente mais pesado! E por isso, estou a ressacar! 

Lá vai o tempo em que eu sentia necessidade física e psíquica de vir para o reboliço da cidade... vir para a confusão, para o stress, para as agendas marcadas, para o corre-corre do dia! Achei que sempre pertenceria à cidade! Sempre gostei de tudo quanto a cidade dá: os shoppings, as compras, o cinema, os espectáculos, os eventos, o consumismo, a opção de escolha... Hoje, chegada à cidade, à minha casa no meio de prédios de betão, senti-me prisioneira de uma vida que parece já não ter a ver, com a vida que sempre me revi e senti!

No meu segundo casamento, não percebia quando o meu marido me dizia que se sentia sufocado na cidade... que tinha de ir ao campo, estar só no meio da natureza, respirar ar puro, sentir-se livre e pleno no meio do verde da natureza, onde o sol é mais verdadeiro e o céu mais genuíno... nunca percebi porque é que ele só ali se sentia bem e se sentia sufocado e com calor, num shopping fechado e atulhado de gente, ou num apartamento, mesmo que tivesse as condições todas para ser "feliz". Nunca percebi... na época eu era a antítese de tudo isto. 

Hoje... chegada de 5 semanas no campo, sendo que 4 delas foram nas comunidades e a última, na casa dos meus avós, em plena serra da Gardunha onde vi os mais bonitos pôr-do-sol da minha vida, percebi que os meus dias estão contados, nesta vida citadina! Percebi também que sem emprego, nada me prende, estou livre, livre como uma andorinha, que pode viver onde quiser, ir onde quiser, onde nada a prende, nada a agarra aqui, ou à aldeia, ou à comunidade... posso ir onde eu quiser... onde eu sentir!

Hoje, depois de estar um dia em casa... depois de me sentir com ataques de gula de açúcar, (coisa que no último mês não tinha acontecido), com dores nos pés (quando eles andavam tão bem de chinelos no meio do mato), com uma borbulha que me apareceu na cara (devido talvez, à carne que comi na casa dos meus familiares, depois de quase 1 mês de comida vegetariana), com uma sensação de suores frios e quentes ao estar fechada em casa (quando já vivi ao relento)... percebi que tinha de sair! Olhei para a minha cadela, que estava com um ar, tanto ou mais infeliz que eu... e disse-lhe a frase milagrosa: "Vamos?" E assim foi!

Sabia que havia uma "floresta/mato" aqui na minha cidade de betão... e lá me pus a caminho! Incrível como no meio de uma cidade tão cinzenta e feia, da zona suburbana da linha de Sintra, aquele pedacinho de terra, me fez transportar até ao paraíso, como se eu estivesse novamente no campo ou numa comunidade. Vi coisas lindas! Um pôr-do-sol por entre os troncos das árvores, flores de variadas cores, caminhos verdejantes e umas plantas que parecem ouro em penas, como os raios do sol! Nem queria acreditar, que talvez a 1 km da minha casa, tinha um cantinho de refúgio para me sentir mais perto, da natureza e de mim... Um dia, vou lá fazer um pic-nic com amigos... mas à troca vou propor que apanhemos todo o lixo que por lá há... uma verdadeira miséria! :(

E são estas as minhas divagações... sobre os meus gostos trocados, sobre a minha vontade de voltar a trocar as voltas à vida... na busca incessante de ser feliz!

...

Hoje duas musiquinhas para vocês: A Abelha Maia que faz hoje 100 anos! http://www.youtube.com/watch?v=fBl-U947p_g e a música da Carvalhesa, porque hoje é o último dia do Avante e eu não arranjei bilhete à troca... mas como adoro o raio da música... e só me apetece pular, aqui vai para matar saudades! http://www.youtube.com/watch?v=1D9T5nPyqA8&feature=related

4 comentários:

  1. Ah! Viver no campo...
    Cresci no campo e entendo o que sente. De momento vivo na cidade, mas afastado do centro. Felizmente há uns campos por perto, onde apesar de algum ruído do transito, ainda posso ver: Melros, Pegas, Águias, Corujas e cegonhas. Há dois anos atrás, encontrei um casal de ouriços, são muito curiosos e inofensivos.
    No entanto, sempre que posso, vou até à Serra. Gosto especialmente do som da água a correr, nos regatos e cascatas. Adormecer com o som da água, é uma bênção! Há quem não goste de trovoada, mas eu gosto.
    Se eu fosse solteiro, sem filhos, nem pensava duas vezes, mudava-me de vez para junto da Natureza. Mas há que ser paciente, não posso desistir no final da corrida...
    Fique bem!

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    1. Um dia... os filhos quererão... :) Todos nós um dia quereremos sair da confusão da cidade... porque aqui não se vive... sobrevive-se! :)

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    2. Sei muito bem o que está a falar! Dpois de toda uma vida a viver na aldeia,mais de 40 anos, eis que por motivos alheios á minha vontade, vim viver para a cidade! Já lá vão seis anos e ainda não me habituei! Sinto-me sufocada, falta-me o convivio com os meus amigos e familiares! Como é possivel sentirmo-nos tão sózinhos com tanta gente á nossa volta! Ah!Quem me dera puder voltar!!!...Vivo num isolamento, que me mata todos os dias um bocadinho!Sinto falata do ar puro da minha terra, de sair á ruia e dizer bom dia a quem encontro logo pela manhã...na cidade ninguém se cumprimenta...e o pior é que quando falo...olham para mim como se tivesse a dizer um absurdo....Falta-me o ar....e esta tristeza cada dia...Fique bem!!!

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    3. Fiquem todos bem e felizes para sempre!!! *

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