(continuação do dia anterior)
Dormir no carro foi absolutamente surreal... apesar do meu carro ter espaço
suficiente, o facto de ter dormido sem colchão foi sem dúvida super
incomodativo, mas pelo menos não tive visitas inesperadas. Hoje sem dúvida vou
colocar o colchão e dormir de forma cómoda, mas apesar de tudo, com pouco
oxigénio.
Na sequência do que vos disse
ontem, as minhas tarefas aqui a partir de ontem, é na ajuda da
tradução (com o meu amigo google translate, claro) num documento que o
patriarca da família escreveu sobre este modo de vida e que sem dúvida, vos
poderei disponibilizar, caso tenham interesse, pois foi o seu pedido.
Assim sendo, tal como ontem vos
disse, vou enumerar as sete regras para viver na natureza, segundo a família da
Ilha Paraíso e são elas:
- 1. Viver ao ar livre (dormir ao ar livre, sendo que os casais devem dormir numa zona em forma de coração, as crianças numa forma de círculo e os animais em formas de quadrados)
- 2. Comida natural (totalmente crua, pois a comida cozinhada está morta e não faz bem à saúde)
- 3. Trabalhar na natureza com as mãos (não usar equipamentos ou electrodomésticos que necessitem de electricidade ou petróleo ou outra fonte de energia. Apenas e só, a energia manual)
- 4. Educação natural (as crianças deverão aprender em casa e não na escola, com a natureza e através da Arte, Música, Religião)
- 5. Lida de casa natural (o cuidado do corpo e dos cabelos deverá ser sempre feita com produtos naturais)
- 6. Cura natural (não utilizar nenhum tipo de medicamento, apenas e só plantas naturais)
- 7. Nascimento e morte naturais (o nascimento deve ser feito em casa, sem a ajuda de médicos e/ou químicos)
E pronto, se quiser saber isto e
muito mais, nomeadamente todas as receitas crudívoras que tenho vindo a comer
durante esta semana, é só me enviarem um email para vos enviar o documento em
português. Também podem contactar com o Reinhold Schweikert através do seu
blog
http://paradiseislandfamily.wordpress.com/. Se
quiserem vir viver para aqui uns tempos, é só falarem com ele. Ele tem um sonho
de ter mais pessoas a viver aqui numa tribo, para fazer desta quinta um
exemplo de ecologia no nosso país. Aliás, já tem quartos espalhados por toda a
quinta à espera de visitantes e possíveis moradores, pois o seu sonho era fazer
uma tribo da Ilha Paraíso, que se pudesse copiar por todo o Portugal. Quem
está interessado, hém?
Além da ajuda na tradução deste
documento, da parte da manhã fiz três actividades: vi como se faz queijo, vi
como se tira o leite às cabras e acompanhei um dos filhos, que é pastor, no
passeio das cabras. O queijo aqui é feito com cardos e somente com o leite da
cabra e da vaca. Todos os dias são feitos 3 queijos, que são usados no dia
seguinte como queijo fresco nas refeições e depois, com o passar do tempo são comidos como
queijo já curado e posteriormente como queijo ralado. Uma das divisões da casa
é somente para se fazer o queijo...
Depois fui ver, as 3 filhas mais
velhas a ordenar as cabras. Na quinta há 22 cabras e são todas muito lindas!
Não têm badalos, nem ferraduras, nem brinco na
orelha. Comem as ervinhas dos montes e andam felizes e contentes. São umas
cabrinhas mesmo biológicas. Foi muito engraçado o passeio que fiz com o filho
mais velho, que é o pastor aqui da quinta. Todos os dias passeia as cabrinhas
duas vezes: da parte da manhã durante 2 horas e à tarde, 3 horas. Eu
acompanhei-o da parte da manhã e andámos sensivelmente 4 kilómetros. Foi um
caminho que se fez muito bem, porque apesar de fazer umas festinhas às
cabrinhas, conheci melhor o pastor e percebi os seus gostos e a sua filosofia
de vida. Aprendi muito com ele. Disse-me duas coisas muito interessantes que
passo a citar: “Eu gosto de todas as pessoas, porque se Deus gosta de todas, eu
também tenho de gostar. Não há pessoas más, elas apenas estão doentes.” “Eu gosto
de tudo o que faço. Faço tudo com gosto, porque assim tem de ser.” Fiquei a
pensar como estas duas frases resumem de forma simples, verdades, que nem sempre
estamos preparados para aceitar. Gostei muito de o ouvir.
Falámos de música, de poesia, de ópera e quando lhe perguntei qual era a sua
música favorita, escreveu-me num papel o seguinte nome: Maria Hellwing:
Ersherzog johann-jodler... e Voilá, procurei no Youtube e aqui vai para vocês!
Para mim isso é radicalismo a mais. Sobretudo a parte que as crianças não devem ir à escola. Não sei é muita regra para mim. Mas é bom saber novas formas de viver e só temos que respeitar.
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