segunda-feira, 28 de maio de 2012

"Ai, que fico maluco!"

O meu primeiro dia oficial no Porto foi uma aventura completa que dava mais uma vez para escrever um capítulo inteirinho no meu livro belivador. 

Comecei a manhã a preparar o jantar para a famelga, uma bela lasanha de carne. Depois fui dar uma entrevista no canal MVM - Música Vida e Moda aqui no Porto. De seguida, a minha cadela foi a uma consulta veterinária à troca e de seguida fui ter com um amigo meu e umas amigas dele, finlandesas, mesmo ao pé da Torre dos Clérigos! Tudo muito by Porto! :) Tudo isto pareceria normal não fosse o acontecimento ocorrido entre a saída da entrevista e a entrada na consulta veterinária. Como não percebo nada do Porto a nível de ruas e ruelas e como já desisti do meu GPS (informo desde já que o mesmo se encontra disponível para a troca, por quem o consiga domar) decidi que a melhor forma de me deslocar na cidade era mesmo pedir ajuda aos "nativos", rua sim, rua sim. 

E assim foi, mal saí da entrevista, parei numa paragem de autocarro e perguntei aos senhores que estavam ali à espera, se me sabiam dizer, como se ia para as Antas. Muito sorridente e bem disposto, chegou-se à janela do meu carro, um senhor com os seus 70 e tal anos, de barba e cabelo branco, de olhos azuis e fato azul escuro de risca de giz (um verdadeiro belivador) que me disse: "Oh menina, eu vou para lá!" De forma rápida e instantânea meteu-se no meu carro, sem eu ter oferecido boleia ou ele ter pedido, de forma simples e fluída, com mútuo consentimento... Parecia que estava a dar boleia a um familiar meu. Entre muitas conversas, foi-me contando como os autocarros durante o dia não eram feitos para as pessoas da idade dele, porque só passavam de 30 em 30 minutos e como tinha tido sorte em apanhar a boleia comigo. Contudo, de forma muita carinhosa disse-me: "Mas a menina não devia dar boleia assim. Imagine que eu sou um gatuno ou delinquente que a assaltava? Tem de começar a ter cuidado. Ou a menina é daquelas que vê o fundo da pessoa, como por sexto sentido, só de olhar para os olhos da pessoa?!" Eu respondi-lhe calmamente: "Oh ninguém me pode assaltar, eu não uso dinheiro." E foi aqui que comecei a contar a minha história de vida e o meu projecto. Cada detalhe que dava, cada episódio que contava, cada coisa que comentava, o simpático senhor só dizia: "Ai, que fico maluco. Ai, que me põe maluco. Ai, que estou maluco." Bemmmm... eu ri-me tanto, tanto, mas tanto que nem imaginam! Cada coisa que eu contava, este senhor ficava ainda mais espantado e só dizia: "A menina vai mudar o mundo. Isto é uma novidade para mim. Está mesmo muito bem pensado." Giro, giro foi quando ele me disse que era reformado bancário e me responde assim: "Os bancos vai fechar com a ideia da menina. Mas por outro lado as pessoas vão começar a ser muito mais solidárias umas com as outras... Isto é o futuro!"

A conversa foi das mais agradáveis, das mais genuínas e das mais divertidas que tive nos últimos tempos, até porque durante a viagem, este simpático senhor de olhos azuis contou-me anedotas super engraçadas,  conseguindo obter da minha parte inúmeras gargalhadas, das mais genuínas que há de dentro de mim.  Ele até me disse: "A menina ri mesmo com vontade, hém?!" Adoro o pessoal do Porto, carago! Adoro mesmo... e um dia, hei-de cá viver, ai se hei-de! :)

Depois desta boleia super entusiasmada e com verdade genuína do que é realmente uma conversa entre dois seres humanos (dos verdadeiros) disse ao senhor: "Já viu, acabámos de trocar uma boleia por muitas anedotas divertidas!?" Ele olhou para mim e disse-me: "Eu tenho de lhe dar alguma coisa em troca e não podem ser só as anedotas. Tenho mesmo de lhe dar algo, nem que seja para que depois troque." Eu retorqui dizendo que nem pensar, que a única coisa que desejava era que num futuro próximo me ligasse para me contar mais anedotas. Nisto, o senhor abre um saco e entrega-me um telemóvel que tinha acabado de comprar! Eu fiquei de boca aberta, disse que não queria, que não precisava, que não era preciso nada... o senhor olhou-me nos olhos, deu-me um grande abraço e disse-me: "Minha menina, por favor seja feliz!" E começou a distanciar-se de forma muito rápida e sem olhar para trás.

Fiquei perplexa... fiquei imóvel... não acreditava que um perfeito desconhecido me tivesse oferecido um telemóvel apenas e só por uma boleia e porque havia acreditado em mim e no projecto... fiquei verdadeiramente em choque... um choque tão grande, que comecei a chorar no meio da rua, de emoção e de gratidão!

...

"Há sempre alguém que nos diz tem cuidado... há sempre alguém que nos faz pensar um pouco..." http://www.youtube.com/watch?v=tlcIzDA9Fa4

6 comentários:

  1. não consigo dizer mais nada neste momento tirando " tenho saudades do meu Porto!" (também eu a chorar de alegria!)

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  2. Gosto de ouvir este tipo de histórias reais, pois possuem muita sincronicidade, autentica magia.
    Agora ando mais sincronizado pelo relógio de ponto... mas alguns anos atrás, eu e a minha companheira, éramos como duas águias, íamos para onde o vento nos levava . Tudo o que precisávamos vinha ao nosso encontro e por vezes encontrávamos pessoas desconhecidas, mas como já as conhecêssemos.
    Há um livro e filme de Michael Ende, intitulado "Momo". É uma história antiga, mas muito actual. Aqui vai: http://youtu.be/nLUFIXxKwKg
    Andresa, gostei dessa sua aventura. Mais tarde, gostaria que transformasse este blogue num livro. Já pensou nisso? Podia vender o livro, ou ainda melhor, trocar...

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    1. Grata pelo vídeo, hei-de vê-lo mal tenha um tempinho...
      E sim, toda a gente me fala no livro e eu digo que quero fazer não um livro, mas uma "bíblia", uma BEblia, onde cada pessoa também escreve coisas sobre tudo que tenha a ver com trocas, poupança, ecologia, saúde, alimentação... onde todos podem colaborar!
      E claro que também não o quero vender... quero trocar, só não sei ainda como vou operacionalizar tal feito! :)

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    2. Bem, livro interactivo em papel... deve ser complicado... mas não impossível! Agora, o que pretende é mais fácil pela Internet. Talvez associando um Portal com uma rede social. Nas universidades há muitos jovens talentosos na área da informática que talvez não se importassem de colaborar neste projecto.
      Uma coisa com que sonho há muito, é a criação de um movimento de cidadãos responsáveis, a dirigirem o país em vez dos partidos políticos, um sistema onde todos participam e todos são importantes. Mas a minha ambição vai mais além, uma sociedade galáctica, aberta ao Cosmos, onde podemos conviver com outras civilizações e partilhar experiências. Sei que este assunto é tabu, fora da Internet, mas eu sei do que falo e tenho os meus motivos. Em breve vamos poder falar abertamente, mas até lá vamos esperar, porque há forças poderosas que se movem por detrás do "palco".
      É por isso que admiro o seu trabalho, pois leva as pessoas a unirem-se e elas necessitam de saber que têm muito poder, unidas.

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    3. Bem... o livro há-de encontrar-se uma solução gira, económica e poupada e à troca!!! Um dia de cada vez!
      Quanto ao resto... cada um faz o que acredita, não é mesmo? E eu acredito que nem vamos precisar de um movimento organizado... acredito mais, que cada um de nós, (todos incluídos até os partidos políticos) vamos perceber que só há um caminho: o de caminhar unidos!
      Grata*

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