terça-feira, 4 de setembro de 2012

A "minha" aldeia!


Quando eu era miúda diziam-me que eu não tinha terra, porque quem nasce em Lisboa, não tem terra, Lisboa é de todos! E é mais ou menos isso. Contudo, quando me respondiam isso, eu dizia sempre que eu na verdade tinha uma terra, a aldeia dos meus avós onde estou a passar férias/limpar a casa, esta semana.

A bem dizer, nunca dei grande importância a esta aldeia, ou sequer a ter aldeia, porque era tudo normal e era tudo desde sempre assim! Sempre tinha sido. Mas a verdade, é que “esta coisa” de viver na aldeia tem que se lhe diga... e geralmente, o que se diz, é “bom”!

Estava eu nas minhas limpezas, bate-me à porta a vizinha e diz: “Olhe, quer que lhe traga um balde de batatas? Estava aqu ia pensar que talvez não tenha que comer.” A minha amiga de infância ao saber que eu cá estava também me disse: “Anda, janta cá em casa. Vê lá se tens comida... diz alguma coisa, se precisares, ouviste?!” Morrer de fome, numa aldeia ninguém morre! É verdade que podemos não ter as “condições” da cidade: shopping, cinema, cultura, espectáculos, discotecas, bares, workshops e tal... mas comida, não falta!!! E pus-me a pensar, numa “crise” como esta o que é que são as ditas “condições” para viver... Será que precisamos de mais shoppings, cinemas, lojas, espectáculos... quando a vida está cada vez mais cara e quando se ficarmos desempregados, ficamos totalmente “amarrados” sem forma de nos alimentarmos, a não ser: comprar!?!?!

Não sei se será tão cedo que virei viver para uma aldeia... também acho que não me vou aguentar muito mais tempo numa cidade como Lisboa... Às vezes, lembro-me de quando houve falta de gasolina nas bombas, o pânico que se instalou e alguns alimentos que deixaram de existir nos supermercados. A bem dizer, se houver falta de gasolina durante uns dias, a vida na cidade pára completamente e não há forma de nos alimentarmos... Tudo acaba, tudo pára, não há alimento, porque nas cidades o alimento não nasce, compra-se!

Outro dia falei com uma pessoa que viveu na Alemanha, e ela disse-me que neste momento, os jardins que se estão a plantar na Alemanha são todos de plantas e árvores comestíveis para ficarem à disposição dos cidadãos. Parece-me uma iniciativa espectacular!!!! Para quê andarmos a plantar florinhas todas bonitinhas e a gastar água com elas, se elas não nos alimentam numa crise como esta? E depois, todas as plantas e árvores de fruto, têm uma época para ter flor, por isso, flore-se o país e tem-se comida para toda a gente.

Sonho com um Portugal assim! Um Portugal em que todas as cidades possam ser como aldeias, em que todas as aldeias tenham as infra-estruturas das cidades; em que as cidades tenham habitantes que se conheçam e mesmo que não se conhecendo, se saúdem quando se cruzem com alguém, como aqui na “minha” aldeia em que toda a gente diz “Ora viva!”; com cidades onde ainda haja o sapateiro, a costureira, o amolador... profissões imprescendíveis para sermos mais ecológicos e poupados e menos consumistas e materialistas. Enfim... aldeias, cidades... pessoas que cada vez partilhem mais, confiem mais e sejam mais altruístas: os 3 valores do meu projecto Believe!
Eu “belivo” e vocês?

2 comentários:

  1. Eu também, mas ainda existem demasiadas que não acreditam...

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    1. O que interessa é que haja alguém que acredite! O que interessa é que esses que acreditam, podem fazer a diferença, a acreditar em sonhos!!! :)

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