quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dia-a-dia: Não é magia, é a Natureza!


O meu dia-a-dia nesta comunidade é mais ou menos, dentro do horário que vos coloco de seguida:
8h/8h30 - Acordar
8h30 - Tomar o pequeno-almoço: um fantástico pão com 3 cereais, que são plantados na quinta, depois são moidos num moleiro e por fim, feitos no forno a lenha da quinta. O pão acompanha com o molho mais fantástico que já comi, à base de azeite e sementes várias, que pode ser acompanhado com tomate e cebola. Fantástico! Às vezes, também como, um doce de maçã que está fresquinho no frigorífico e é bom demais!
9h - Trabalho da manhã
13h - Almoço: com base vegetariana, com legumes a saber a legumes, saladas, leguminosas, entre outras iguarias sempre acompanhadas pelo delicioso azeite confeccionado com as azeitonas da quinta
14h - Descanso do pessoal, para uma sesta ou simplesmente para descansar do calor que se faz. Geralmente aproveito a pausa, para dormir encostada à minha cadela debaixo da Nespreira que me dá sombra na tenda, pois na tenda, a esta hora está um calor desgraçado. Sabe tão bem, esta sesta, que nem vos digo nem vos conto! Revitalizante!
17h - Trabalho da tarde
20h/21h - Preparar o jantar, tomar banho, entre outros
21h/22h - Jantar, similar ao almoço
22h/23h - Recolher... é bom deitar cedo e cedo erguer, porque amanhã o meu amigo galo não se esquece quando tocam as 6 badaladas, na igreja mais perto aqui da aldeia... eheheh...

Hoje o meu trabalho foi apanhar mais feijão frade, descascá-lo e ajudar a fazer o jantar! Uma fantástica iguaria com uma leguminosa que não conhecia, chamada de Xixara. Muito bom! Foi cozida com uma abóbora muito docinha e temperada com azeite, alho e salsa... uma maravilha.

O dia foi finalizado por dois momentos únicos, facultados por dois vizinhos: soja gourmet e uma fogueira ao som de música de percursão tocada ao vivo e a cores.

Perto da casa desta família, há uma outra casa, onde moram 3 rapazes, 2 que se dedicam à agricultura biológica e 1 que é músico. Acabaram a licenciatura em Agricultura Biológica na Universidade de Coimbra e lançaram-se ao (des)conhecido por campos e quintas para produzir o seu próprio negócio: agricultura biológica. Hoje provei uma das coisinhas deles, que é bem saborosa: soja verde em vagem, levemente cozida. Segundo eles, esta soja feita desta forma é considerada de gourmet, porque geralmente a soja é comida depois de estar em grão, ou seja, já seca. Desta vez, cozeu-se levemente as vagens e trincou-se cada uma das vagens como se de caramão se tratasse... bem bom!

No final do dia, os mesmos vizinhos convidaram-nos para beber um chá e estar à volta da fogueira. Uma fogueira que eles próprios fizeram no espaço exterior da casa, com um tronco de figueira que deu um lume lindo... lindo e quente, pois aqueceu bem o frio da noite que se fez. Contudo, ouvi dizer que o lume mais bonito que se pode ver é o dos troncos das larangeiras. E eu que julgava que os lumes eram todos iguais. Pois, parece que não... tudo tem um “segredo”.

E para acabar, tenho mesmo de vos explicar o nome do post de hoje. Estava eu a descascar os últimos feijões-frades, quando uma criança que também aqui chegou com o seu pai, voluntário, começou a descascar feijões comigo. E eu disse-lhe: “Olha, sabes, um feijão destes, se meteres na terra e fores deitando água, faz nascer todos estes feijões do balde. É fantástico, não é?” Ela sorriu e disse-me: “A sério? Isso é magia.” E eu respondi: “Sim, é magia.” Um outro voluntário que ouvia a nossa conversa de forma silenciosa, disse: “Não, não é magia. É a natureza. É natural.” Pois.... fiquei a pensar naquilo... A natureza é magica e a magia é ser-se natural. Simples... 

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