sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Descomplicómetro em 11 passos

E hoje foi o último dia nesta comunidade, que não é propriamente uma comunidade, como vos tinha dito, mas sim, um casal que vive em simplicidade voluntária. Este projecto de viver simplesmente, vem de uma outra ideia que é o descréscimo. Ou seja, em vez de contribuirmos para o créscimo de dinheiro, de mais população, de mais empresas, de mais dinheiro, está na hora de parar e de fazer o inverso, de decrescer para uma maior e melhor qualidade de vida. Vejam esta definição de Bruno Clémentin e Vincent Cheynet, por exemplo: "A contestação do crescimento económico é um fundamento da ecologia política. Não é possível um crescimento infinito num planeta finito. Muito incómoda, pois entra em ruptura radical com o nosso desenvolvimento actual, esta crítica foi rapidamente abandonada por conceitos mais suaves, como o “desenvolvimento sustentável “. No entanto, racionalmente, não existem outra vias pelas quais os países ricos (20%) da população planetária e 80% do consumo dos recursos naturais) que de reduzir a sua produção e o seu consumo de forma a “decrescer”." Sobre a simplicidade voluntária encontrei também umas dicas muito úteis neste blog, ora vejam: http://evolucao-outrosolhares.blogspot.pt/2010/01/simplicidade-voluntaria.html

E por falar em ser simples... tenho-vos a dizer que das coisas que mais gostava de resolver na minha vida, era o facto de deixar de limpar a casa. Sinto, que aspirar, lavar, etc etc é mesmo uma perda de tempo. Contudo, em casas "normais" é normal que isso aconteça e nada tem a ver de complicado. Simples é mesmo ter de limpar. Contudo, que aborrece, aborrece. E prova disso foi a amostra da minha última manhã aqui na comunidade: limpar o colchão insuflável que me emprestaram para dormir na tenda onde pernoitei. Ora bem, até aqui tudo bem. É bom dormirmos com mais conforto e tal, um poiso fofinho é do melhor que há. Um colchão insuflável que se enche a pedal, sem a utilização da energia, muito melhor ainda! Tudo devidamente pensado ao pormenor para acampar com comodidade, menos um aspecto: a cobertura ser em veludo cinza clarinho quase branco. Ora eu não sei como é o terreno dos sítios "normais" onde se acampa, mas julgo que muito dificilmente se acampa em chão de cimento ou piso de madeira. Pelo menos aqui, onde acampei, o chão é terra, verdadeiramente barrenta, folhas e pauzinhos. A piorar com o facto de dividir o colchão com uma cadela que tem patas e não sapatos, que descalça antes de entrar, estão a ver não estão?! Conclusão: no final das noites, tive de pôr o colchão ao sol e "esfregar" com água, utilizando umas calças minhas velhas e brancas, o dito veludo para tirar as mil manchas de terra vermelha. Segunda conclusão: ou o colchão não foi feito para sítios destes ou então foi feito e é para ficar sujo... ou então para se ter a trabalheira de o limparmos cada vez que acabamos de acampar. Terceira conclusão: senti-me verdadeiramente "estúpida" e complicada de rabiosque para o ar, a esfregar delicadamente um colchão super chique no meio do mato, ou seja, nada a ver! Quarta conclusão: não sei se utilizarei mais vezes o dito colchão. Quinta conclusão: se mesmo assim as manchas não saírem a 111% quando acabar o projecto tenho de comprar um novo a minha amiga e ficar com este para mim. (É nestas alturas que o dinheiro faz falta...) Sexta conclusão: odeio limpar estas coisas. Sétima conclusão: as minhas calças brancas ficaram castanhas e acho que nem com lixívia vão voltar à normalidade. Oitava conclusão: acho que para a próxima vou descomplicar e dormir no chão. Nona conclusão: já não sei mais conclusões para chegar à décima primeira... :) Décima conclusão: o conforto e a natureza talvez não combinem. Décima primeira conclusão: fim! :)

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Nas despedidas, ainda fui presenciada por este casal, com um termo para pôr água fresquinha (e azul) que tinham a mais... Alecrim para fazer chá e uma mezinha para voltar a atacar as pulgas da minha cadela, se as pulgas voltarem a atacar. E também tomilho selvagem, que é uma florinha muito linda azul escura e que cura grandes constipações! Adorei!

E pronto, deixo-vos uma musiquinha didgeridoo... http://www.youtube.com/watch?v=RGTWqZoswAo

P.S. A propósito, a foto do post de hoje são umas palmilhas pintadas que estão coladas num prédio da aldeia onde íamos à mercearia!

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