quinta-feira, 7 de junho de 2012

Suficientemente boa

Há um termo da psicologia que me acompanha desde sempre, o da "mãe suficientemente boa". (ver mais em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2008000400009) Desde que aprendi este termo que quase o aplico em tudo da minha vida: mãe suficientemente boa, amiga suficientemente boa, mulher suficientemente boa, etc etc... Acho que chegou agora ao momento de aplicar ao "dona suficientemente boa". 

Mas o que é isto do "suficientemente boa"? Winnicott diz que "A mãe suficientemente boa reconhece a dependência do bebê, devido a sua identificação com ele, responde às suas necessidades, ou seja, a mãe suficientemente boa é aquela que é sensível para perceber e se identificar com as necessidades do bebê. Nesses estágios iniciais, durante a fase de dependência absoluta a provisão da mãe promove condições de confiabilidade e segurança permitindo que se estabeleça confiança para o bebê poder ir se integrando e constituir mundo. E é essa confiança, gerada pelo ambiente facilitador, que possibilita o amadurecimento saudável." Traduzindo para miúdos, a mãe suficientemente boa, não faz tudo o que a criança deseja ou quer, mas sim, é sensível para dar limites e dizer "não", fazer ou não fazer, porque a "falta", a "falha" ou a "frustação" também é bom de ser ensinado e faz bem à "saúde mental". Bem, parece um bocado masoquista, mas é verdade. Se sempre fizermos as vontades às crianças, elas nunca vão saber adaptar-se num futuro onde haja a falta e por isso, tornam-se menos resilientes... pode não ser assim tão "directo", mas tem muita razão de ser...

Mas isto tudo para dizer, que hoje fui uma "dona suficientemente boa" e doeu muito... mesmo muito! Isto não é coisa fácil... Como vos disse vim para casa de uns familiares e desta vez a minha cadela não pode dormir em casa, porque havia uma pessoa dentro de casa que era alérgica a cães. Conclusão, ela foi dormir pela primeira vez, ao relento, numa casota de um cão, dividindo com o cão da casa. Cheia de condições e tal... mas longe de mim... e o que aconteceu!?!? Uma noite em claro... só consegui adormecer às 4h da manhã porque a minha cadela fez o favor de estar a noite toda a ladrar, ganir e uivar. E o que faz uma "dona suficientemente boa"? Pensa: "Aquilo é mimo dela... já lhe há-de passar." E não vai passando... e não passa... e a "dona suficientemente boa", tem mesmo de se aguentar à bronca porque não há nada a fazer, porque são horas de dormir e só há uma solução, é a dona dormir na casota do cão com a cadela dela... o que não é solução humana e viável... Nesta coisa do suficientemente boa, dói sempre mais a quem tenta sê-lo do que ao "outro" do outro lado que tenta rebentar com os limites... Pois é, por exemplo, numa relação a dois ou mesmo numa relação de amizade, tantas vezes queremos apenas e só ser "suficientemente bons", mas porque amamos demais e gostamos demais (se é que há o amar demais em alguma situação... mas pronto!) que somos mesmo bons... mesmo muito bons... e por vezes isso é mesmo muito mau!

Conclusão: ser "dona suficientemente boa" é díficillllllllll... imagino ser "mãe suficientemente boa"!?!??!!? Uiiii...  

Bem... está a chegar a noite... lá vou eu para a segunda noite de "dona suficientemente boa"... Ai que paciência! http://www.youtube.com/watch?v=qEw9H03Ebj0

8 comentários:

  1. Eu teria ido "acampar" no pátio!Fiz isso muitas vezes com o meu gato quando foi operado, mudavamos todos da cama para o chão para estarmos com ele, mas isso sou eu que sou maricas! :D

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    1. Hummm... quando a minha cadela foi operada também fiz quase a mesma coisa... mas era diferente, porque estava doente... aqui... seria mimo?! :(

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  2. sim, é bem difícil a "separação".Também me via a ir ter com o beu beu!

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  3. Não chamaria mimo Andresa, é falta de hábito ela sentiu-se sózinha e triste, custa mesmo muito ser suficientemente boa!
    Vamos fazendo o nosso melhor e a mais não somos obrigados.

    Espero que esta noite a bichinha esteja mais "convencida".
    Beijinhos

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    1. Pois... ela foi abandonada em pequena e não se dá muito bem com sítios sozinha... Na noite seguinte, ficou no carro, foi remédio santo! Dormiu a noite toda!*

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    2. Boa!
      O carro ela conhecia e tem cheirinho a dona.

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