sexta-feira, 25 de maio de 2012

"A arte imita a vida" (Aristóteles)

Se há coisa que gosto é de fazer teatro... já fiz vários tipos de teatro. Na escola, quando andava no liceu, fiz a "Farsa de Inês Pereira" mas em versão moderna, onde eu era a Inês e usava calças de ganga e fumava (eu que nunca fumei, acendi um cigarro sem o meter à boca, foi só rir). Fiz também o "Auto da Barca do Inferno", como diaba, mas em vez de ter cenário da época, a cena passava-se num aeroporto e a roupa era a farda da polícia municipal (na altura em que a polícia ainda emprestava fardas para estes fins... eheheheh... ). 

Quando era jovem, fiz também parte do grupo de teatro para a angariação de dinheiro para ajudar as famílias carenciadas da minha cidade. Fiz teatro de comédia, em que algumas peças foram escritas por mim, tais como: "Branca de Neve e os sete pecados capitais" e a "Ceia de Natal Confusa" (onde o Bacalhau e as Couves tinham feito greve ao jantar de Natal... eehheh)

Depois na faculdade, fiz café concerto com textos do Fernando Pessoa. E há 4 anos atrás fiz teatro de revista e musical, na Academia de Santo Amaro. No musical fiz de mulher a dias da Batalha de Alcácer Quibir, Marta Telecavaleiro, Rapariga da Toto-revista e Diva! G'anda miscelânea de coisas!

Actualmente, mudei novamente de estilo teatral e entrei num grupo de teatro - teatro Playback chamado de Teatro Imediato. (ver mais em http://teatroimediato.weebly.com/) O Teatro Imediato é muito diferente do teatro convencional porque representa de forma imediata e improvisada, histórias contadas pelo público. Por isso, é considerado um teatro comunitário, podendo ser feito em diversos públicos diferenciados. Participo neste grupo, desde Outubro do ano passado e fiz 3 performances, uma na feira de trocas Believe in Life, outra na apresentação da tese de mestrado de um colega do grupo e a última, que foi hoje, numa prisão. E é isso que vos quero contar!

A performance foi feita para finalizar uma formação que os reclusos tiveram na prisão, na área do desenvolvimento pessoal. Representámos para um grupo masculino com cerca de 10 elementos e as suas monitoras. O tema era a avaliação da formação que terminava hoje e a ideia era que cada elemento contasse alguma história que gostaria que fosse retratada na performance. Escolhi uma para vos contar...

Um recluso partilhou a sua história... Disse-nos que estar na prisão é aprender tudo de novo... contou em como a prisão fazia uma pessoa aprender e crescer de forma muito mais profunda do que lá fora na realidade. Contou um pouco como foi ali parar e disse-nos de uma forma muito sentida: "Quando estamos lá fora, não sabemos ser tolerantes... não damos valor ao que temos, à própria liberdade. Quando estamos lá fora, somos "educados" a querer sempre mais, porque queremos sempre ser melhor e ter mais do que os outros, porque isso é o que nos é "vendido" como sendo a felicidade. Quando estamos lá fora, temos muitas vezes algo que nos chega perfeitamente para viver e sermos felizes, mas temos sempre a comparação com os outros, com o ter dos outros. E isso, leva-nos a cometer "loucuras" que não eram necessárias nem importantes, porque tínhamos tudo e não o sabíamos." 

Talvez não seja só por isso... mas também é por isso... talvez nunca nada nos chegue... porque cada vez mais temos o "desejo" de ter mais do que as nossas capacidades... do que as nossas necessidades... do que o que verdadeiramente é preciso. É daí que tudo vem... digo eu!

...

Se quiserem ver uma performance do grupo Teatro, não percam no dia 20 de Junho, ao vivo e a cores... ver mais em: http://teatroimediato.weebly.com/representacoes.html

Se quiserem participar no grupo, como actores ou músicos, venham daí fazer o workshop de representação em Teatro Playback, dia 23 e 24 de Junho... ver mais em: http://teatroimediato.weebly.com/formacao.html

E para ficarem com um lamiré do que é este tipo de teatro (fantástico) e modificador nas nossas próprias vidas, vejam este vídeo com uma performance, em que eu ainda não fazia parte do grupo: http://www.youtube.com/watch?v=E9MYZwAbtoY

E já agora uma notícia,para ficarem a saber mais: http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Teatro-Imediato-Vidas-em-palco_11075.html

Muito grata... e divirtam-se na vida, porque é como estar em palco... Como diria Charlie Chaplin: "A vida é como uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

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