sábado, 8 de setembro de 2012

Nunca digas nunca!


E pronto, as limpezas terminaram e as minhas mini-férias também! Limpar uma casa de 3 pisos não é brincadeira nenhuma... Mas pronto, finalmente está tudo limpinho e pronto a ser entregue à imobiliária que vai vender a casa.

Estava aqui a pensar, que se esta casa fosse minha (parece a música dos O’questrada... “Se esta rua fosse minha...”), eu propunha trocar a casa e não vendê-la, isto porque aqui na aldeia, há uma outra casa da minha família e que precisa de arranjo, assim, eu poderia propor dar esta casa em troca do arranjo da outra. Mas pronto, isto sou eu a filosofar, porque a bem dizer nenhuma casa é directamente, minha!

Apesar desta casa que está para venda, ter sido onde os meus avós moravam, não a considero como “A” casa de família. A casa de família é a outra casa que está a precisar de obras.... e muitas!
Quando eu era pequenina, vinha à aldeia apenas nas férias e muitas vezes me perguntavam se eu não gostava de morar por cá. Na altura, vivia em Castelo Branco e eu costumava responder: “Eu já acho Castelo Branco pequeno, imaginem viver na aldeia. Acho que nunca na vida!” Sempre tive em mente, desde pequena (com os meus 8 a 9 anos) que a minha vida estava em Lisboa, que era a Lisboa que tinha de regressar e assim foi! Contudo, esta coisa de dizer “Nunca na vida” é muito arriscado de se dizer... já fiz as mais diferentes coisas, que nunca imaginei fazer, sempre com a frase dita anteriormente “Nunca na vida”. Desta vez, foi mais uma das vezes que empreguei o termo de forma indevida. Aliás, a partir dos meus 30 anos, comecei a perceber que “Nunca na vida” é um termo que “Nunca na vida se deve utilizar”. Aprendi que a vida dá voltas e voltas, todas trocadas e por trocar e que “Nunca, devemos empregar o termo Nunca”, porque certamente um dia, a vida ensina-nos a ter respeito por esta palavrinha!

E assim foi... ao ver esta aldeia, a forma como as pessoas vivem, como os dias passam, como tudo está em equilibrio, tenho agora, sim, verdadeiro carinho por ela... Não o sentimento que tinha, de a vir visitar em férias, mas sim, o sentimento, de que ela faz parte de mim e nela me sinto em casa.
Desta casa que agora se vai vender, só tenho saudades de uma coisa que o meu avô sempre dizia e que eu não ligava nenhuma, que é: a paisagem! Esta casa tem vários quartos e quando cada pessoa da família escolheu o seu quarto, sendo eu neta única, tive o privilégio de escolher o quarto com varanda e vista para a Serra da Gardunha. Descobri só agora, passados mais de 30 anos, que Gardunha quer dizer “Retiro” e talvez nunca tenha tido necessidade de ter um. Hoje, percebo bem o que ela quer dizer e hoje, posso verdadeiramente apreciar o que o meu avô dizia ser a “alma” desta casa: a paisagem para a Serra.
E hoje, na varanda, ao olhar o pôr-do-sol, os mil e um verdes das árvores e plantas que banham o horizonte, as casinhas de pedra de onde-em-onde, as oliveiras, o piar dos passarinhos, a água da ribeira a correr... sinto que se esta casa não fosse vendida, seria o meu poiso para um dia tornar este blog um livro... escrever, pensar, meditar, sonhar, como estou agora a fazer.

Como jeito de despedida, tive uma visita nesta casa, no meu quarto... Não estejam a “pensar coisas”, mentes impuras! Eehehehe... Pois, a visita que eu tive de breves segundos foi de uma andorinha que entrou no meu quarto, sem querer, deu uma volta no meu tecto, a minha cadela ladrou e ela fugiu. Foi tão bonito... Tão, mas tão bonito! Acho que nunca tinha visto uma andorinha tão perto... e há anos que não via uma andorinha!... Fui à varanda e vi dezenas de andorinhas a esvoaçar e a “conversar” nos fios da electricidade, como podem ver na foto do post de hoje! Foi lindo! Até chorei...  J

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O ar do campo é sem dúvida uma coisa de dentro... é respirar profundamente e nos ligarmos a tudo o que existe, porque respiramos, o que todos respiram... mas aqui, respiramos bem! Aqui vêmos o sol, vemos o céu estrelado, as nuvens, os passarinhos... e em Lisboa, no sítio onde outrora vi como o meu destino e a minha meta, não vejo nada, não vejo nada senão prédios e mais prédios e a roupa da vizinha estendida, a parabólica do vizinho da frente, o pequeno jardim que já não é jardim de tanto lixo que tem e os carros... carros e mais carros estacionados sem lugares vazios para caminhar...

E é assim que me despeço da casa da aldeia, aquela casa com a paisagem mais bonita que vi, mas que só descobri, depois de ter começado a viver de trocas, depois de ter vivido em 9 comunidades à troca e depois de viajar pelo mundo...

Às vezes, é preciso deixar para trás, voltar e ver tudo outra vez, com olhos de ver... os mesmos, mas diferentes!

"Ai é tão bom ser pequenino... ter pai... ter mãe... ter avós... e ter quem gosta de nós!" http://www.youtube.com/watch?v=ZGDYa0abSXk

2 comentários:

  1. De facto o Nunca é algo mto complicado de se aplicar! E sem dúvida descobrimos isso com o nosso crescimento.
    Senti-me feliz por saber que estás a redescobrir inúmeros sentimentos e a ver com outros olhos.
    Só te posso desejar uma excelente continuação nesta jornada única de vida!
    Beijinhos

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    1. Grata... Todos os dias descobrimos coisas novas... e óptimas!

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