sábado, 11 de agosto de 2012

Onde pertenço?

Esta coisa de viver de trocas, que no início pareceu ser pura e simplesmente deixar de fazer compras e começar a fazer trocas, foi sem dúvida, tornando-se numa coisa muito diferente, que realmente é trocar as voltas à vida! Eu lá imaginava no dia que iniciei este projecto, que a minha vida, mais do que trocas, ia ser uma mudança o mais trocada possível, de novas experiências, vivências, formas de estar e pensar... A questão central aqui, é que por exemplo, aqui no blog, é muito mais raro falar nas trocas que faço do que nas minhas divagações pessoais, que à medida que o tempo vai passando e escasseando, vão sendo cada vez maiores.

O que se passa é que passou mais de meio ano, mais propriamente 7 meses e por isso, feitas as contas faltam só 4 meses para este meu desafio terminar. Sobre o que farei a seguir, não sei... aliás, aprendi a nem sequer saber o que vou fazer à noitinha, quanto mais daqui a 4 meses. Foi assim que aprendi a viver... a deixar ir. Claro que assusta... óh se assusta... cria um vazio imenso onde não sabemos para onde ir, porque ir, como ir... mas pronto, como diz um amigo meu: "Se tens buracos vazios na agenda sempre podes ser surpreendido, se não tens... não tens!"

Mas o que gostava mesmo de partilhar convosco é que no meio destas minhas caminhadas, entre casa, comunidades, eventos e tal... não sei bem onde pertenço... gosto de tudo um pouco, mas não sei muito bem o que quero fazer, onde quero viver e onde quero estar. Isto se antes já era complicado, só pelo simples facto de gostar de fazer muita coisa e não saber o que escolher (que me aconteceu em muitos momentos da vida, incluindo o que fazer na vida adulta ao nível laboral), o que acontece é que agora isto transcende um pouco mais e além de não saber muito bem o que fazer, a maior dúvida prende-se mais com: "onde estar? onde viver? onde pertencer?" Há muito muito tempo, na minha "outra" vida (como eu costumo dizer lolol), fui a um casamento. Lá, conheci pela primeira vez o namorado de uma amiga minha, que depois de falar um pouco comigo, me perguntou qual era o meu estado civil. Nessa altura eu já estava divorciada do meu primeiro marido. Mantive-me calada e ele dizia: "Hum... não és solteira... não és casada... não és divorciada... humm... és uma cidadã do mundo. O estado civil a ti não se aplica." Fiquei a pensar nisso... a verdade é que passados uns meses, voltaram-me a chamar cidadã do mundo... e a verdade é que hoje é o que sinto! Sinto-me a vaguear pelo mundo, sem nenhum sítio onde possa chamar "casa-casa". Claro que quando chego a casa, à minha casa, à casa onde eu moro, a maior parte do tempo, sinto-me em casa. Contudo, o que se passa é que neste momento, quando chego a casa, quero é sair de casa. Porque o T1 que outrora me chegava, neste momento, não chega. Mas não tem a ver com o espaço propriamente dito... isso, chega e sobra! Depois de se "viver" numa tenda de campismo, qualquer T0 ou T1 é suficiente. O que não me chega é o sol, que não entra nas minhas janelas do meu rés-do-chão rodeado de prédios, o céu estrelado que não vejo devido aos arranha-céus da minha praceta, o canto dos passarinhos que não oiço ou que são abafados pelo trânsito e pelas buzinas dos carros, espaço para ter as minhas minhocas californianas no meu compostor, o meu quintal para me deitar ao relento e para a minha cadela pular e ser feliz, a possibilidade de ver as "minhas" alfaces crescerem, o estar perto de mais pessoas que pensam como eu, que querem trocar as voltas ao mundo... Enfim, uma panóplia de coisas novas, que comecei a apreciar e a necessitar, desde que comecei a viver em comunidade. 

Também não acho que me vá mudar para uma comunidade... não acho que tenha chegado a hora. A verdade é que o burburinho da cidade e a potencialidade que a cidade tem, em também se lhe trocar as voltas, é aliciante. Não me vejo a viver também numa aldeia, ou ao relento, ou no meio do mato... ainda não me estou a ver sequer... Mas pronto, sei que não quero voltar para o que conheço... e sei que hei-de encontrar o que desejo... eu sei... mas tudo tem o seu tempo!





2 comentários:

  1. Gosto muito de te "ouvir" percebo muito bem as tuas dúvidas.
    Vou deixar aqui umas frases que li, de que gostei e que se aplicam a ti, a mim, a qualquer um de nós:

    "Sorte é a sombra dos nossos pensamentos positivos e intuitivos que temos a coragem de seguir"

    "Quando mudamos o modo de observar as coisas, as coisas que observamos também mudam"

    looongoooo abraço

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    1. Ainda bem que as coisas que vou dizendo por aqui, fazem eco a alguém. Sei também que cada vez mais, esta "coisa" que vou sentido, vai sendo sentida também por outros... e isso é bom, é sinal que estamos todos a mudar!!!
      Adorei as frases! ;)
      Retribuo o longoooooooooooooooo abraço... (C'a bom!)

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