terça-feira, 3 de julho de 2012

Um coice por dia nem sabe o bem que lhe fazia!


Acordei às 6 horas da manhã como se tivesse dormido uma eternidade. Realmente dormir no campo, no meio da natureza é muito bom... e quando se dorme 8 horas é ainda muito melhor... e quando se sai à rua e se vê o orvalho como a primeira imagem da manhã é ainda muito, mas muito melhor!

Dormi na tenda dos voluntários, com uns colchões e um saco cama emprestado... mas parece que dormi na cama big size do Sheraton... eheheh... 

Na casa principal, existe uma sala comum que tem dois quadros, um deles com a distribuição das tarefas diárias e semanais e um outro com a lista das tarefas de rotina. Quanto às tarefas já falei ontem. Hoje vou falar da rotina.

6h30 – Acordar, se bem que esta hora é decidida por cada um. Após acordar, permanece-se em silêncio.
7h – Meditação: esta meditação é feita sentada, em silêncio e de olhos fechados. Não há música ou sons ou outro tipo de orientação. É pura e simplesmente ficar consigo próprio e ver o que acontece... porque acontece o que tem que acontecer!
7h45 – Momento livre ou de exercício: cada pessoa pode aproveitar este tempo para fazer uma actividade que queira, tal como um passeio, um banho na cascata, ler um livro, fazer exercício físico ou as suas tarefas pessoais tais como tomar banho. Neste momento, o silêncio já não é mantido.
8h30 – Pequeno-almoço: sobretudo cereais, fruta, leite de aveia ou cabra, mel ou chá. Adoro comer as framboesas acabadas de colher ou os alperces vindos directamente da árvore. Durante o pequeno-almoço há distribuição de tarefas para o dia ou dão-se recados gerais.
9h30 – Ínicio do trabalho da manhã: cada pessoa na comunidade tem a sua tarefa e a sua função, que podem ser, na horta, na oficina, nas lides domésticas, entre outras.
12h30 – Fim do trabalho da manhã
12h45 – Meditação
13h15 – Almoço: sobretudo saladas cruas e um prato cozinhado, bolachas integrais, fruta e para beber chá ou água.
14h – Momento livre e descanso: durante este período cada pessoa poderá escolher o que pretende fazer. Por ex: descansar, passear, trabalhar no computador, ler um livro, entre outros.
16h – Ínicio do trabalho da tarde: que poderá ser a tarefa que se iniciou de manhã ou outra.
19h – Fim do trabalho da manhã
19h30 – Jantar: similar ao almoço
21h – Meditação
21h30 – Fim do dia

Hoje o meu dia de trabalho foi a pintar com óleo de linhaça umas tábuas de madeira para fazer um tecto de uma casa. Juntado ao óleo de linhaça foi colocado um pouco de petróleo para afungentar os insectos que queiram dar uma trincadela na madeira... Esta não sabia eu! Pintei no total 150 tábuas de madeira. Mas foi bastante agradável...  Senti-me novamente o karate kid! J

Da parte da tarde, tive de “interromper” a tarefa para ajudar a montar a YURT (ver mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Yurt) feita de paus pintados de laranja com flores, em forma circular e um tecto em forma de cone. À volta destes pauzinhos são colocadas 4 capas, que mais parecem as saias das nazarenas. Parece simples ao dizer, mas colocar é mesmo a modos que complicado. Éramos 4 e demorámos umas 2 horas. :)

Hoje à hora do jantar foi proposto fazer um brainstorming sobre o que é ser uma pessoa sustentável. Achei muito curioso o tema, pois tenho pensado no que é que o ser humano se irá tornar em breve. Será que vamos estragar o mundo de tal forma que não sobreviveremos ou será que nos vamos tornar tão sustentáveis que não vamos precisar de “estragar” mais o mundo?! Bem... o futuro o dirá!

...

Relativamente ao título do blog de hoje, a curiosa história de hoje passou-se com os dois burros, cá da quinta: o Nuno e o Mingo.  Estava eu nas minhas andanças entre a tenda e o duche quando vejo duas das voluntárias paradas ao pé da cerca dos burros cá do sítio. Perguntei-lhes o que se passava, ao que me responderam que tinham de passar pelos burros, mas tinham medo que os ditos cujos as mordessem ou lhes dessem um coice. “Hummm pensei eu. Não deve ser díficil, afinal são apenas animais, que parecem inofensivos.” E lá fui eu, feita aventureira e "chica esperta" a passar pelos animais, com direito a umas festinhas do focinho e tudo. “Amorosos” – pensei eu. E são mesmo! Não sei porquê mas desde que o projecto começou que estou bem mais próxima dos animais, não sinto medo deles e mais do que isso, sinto-me muito conectada com eles. Só me falta perceber o que eles dizem. LoooL... Precisei de passar mais uma vez por estes animais, mais uma festinha e mais um sorriso na minha cara! E por fim, precisei de passar uma terceira vez... e voilá, coice valente na minha perna! Vá lá que não cai ao chão... “E pronto” – pensei eu – “sorte de principiante.”

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