quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nova categoria cívica: Belivadora

Foto by weheartit
Hoje foi o dia de comprar o selo do meu carro! Em Janeiro passado arranjaram-me o email do Ministro das Finanças para eu lhe enviar um email a pedir uma troca para o selo (selo em troca de trabalho comunitário, era a minha intenção), mas não sei como é que o tempo passou tão rápido, de dia para dia, lembrava-me que tinha de escrever ao Ministro das Finanças e pronto, deixei o tempo passar e amanhã era o limite de comprar o "raio" do selo do carro. Lá se foram mais uns trocos dos meus 1111€... Enfim...

Tal acontecimento, foi motivo para mais uma vez me por a pensar no funcionamento de tudo isto e dar azo às minhas divagações diárias sobre Portugal e o mundo... "E em que divaguei eu?" - perguntam vocês. Numa coisa super simples: "Para que serve o pagamento do selo do carro?" Andei a fazer uma pesquisa na net e não consegui perceber o que é o selo do carro (IUC - Imposto Único de Circulação) e para que serve. Só encontrei links a dizer como se paga, o que se pagava se fosse depois do prazo limite, onde se pagava, etc etc... mas porque se pagava, isso não encontrei em lado nenhum. Bem, se for pelo nome - Imposto Único de Circulação, deve servir para me dar o direito a circular com o meu carro, que foi comprado por mim... Mas direito como? As ruas e as vias não são públicas? Bem... seria uma longaaaaaaaaaa conversa! Acho que sem dúvida, diariamente, pagamos mil e uma coisas que não sabemos porquê e às tantas não é para nada, é pura e simplesmente porque sim, porque um dia apareceu  alguém a dizer que era assim e ficou assim. 

Esta divagação levar-me-ia a uma longa história, falando acerca do IUC, do IMI e outras siglas com a mesma "funcionalidade". Mas não é isso que quero verdadeiramente falar... Hoje pus-me a pensar que se eu continuar a viver de trocas ad eternum poderia solicitar ao nosso governo um categoria  de cidadã diferente, não sei como se chamaria, mas eu explico a ideia.

Ora se eu continuar a viver de trocas, se precisar de um médico ou de um dentista, ou de fazer um exame médico, ou algo ao nível de saúde, eu farei trocas, por isso não necessito do cartão de saúde ou de estar inscrita num centro de saúde. Se eu precisar de um mecânico, de um bate-chapas ou de mudar o óleo do carro, eu farei trocas, logo não preciso de seguro de carro. Se eu não trabalhar em full time, porque o meu dia-a-dia será feito de trocas, não precisarei de pagar creche para o/a meu/minha futuro/a filho/a porque poderei educá-lo/a em casa. Se eu com trocas conseguir a comida, a roupa, as coisas para a casa, não preciso de trabalhar para ter um ordenado que pague essas coisas, por isso, também não preciso de subsídio de desemprego ou pensão, caso fique sem "trabalho". Bem, se eu continuar a fazer trocas e se não usar dinheiro e se não precisar de trabalhar para o angariar, porque preciso de pagar taxas, seguros, IUC se me responsabilizo por tudo e se eu própria trato das minhas consequências?!...

Então a minha proposta é que quem quisesse ser trocadeira a tempo inteiro, vulgo belivadora, pudesse assumir as suas responsabilidades e tivesse uma categoria cívica diferente, ficando isenta dos pagamentos estatais mas também não usufruindo de nenhuma das suas mais valias... bem, isto sou eu a pensar... e a sonhar, assim... muito pró alto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

6 comentários:

  1. quanto mais carro mais IUC, quanto menos carro menos IUC logo menos IUC é o sustentável...quem paga muito IUC tem uma granda pegada da carroça lol

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    1. É verdade... tenho de apagar essa pegada de carroça na minha vida... já faltou mais... mas hei-de lá chegar... ai se hei-de! ;)

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  2. As ideias que apresenta são interessantes. E era bom que nalguns casos fosse possível escolher uma "categoria" diferente :)
    Entretanto pus-me a pensar: noutros casos, podemos não ser apenas nós os envolvidos. Por exemplo, no caso do seguro do carro, o seguro serve também para proteger outros. Se eu tiver um acidente, e for a culpada (pode acontecer a qualquer um, por mais cuidado que tenhamos na estrada) e se existirem feridos que necessitem de tratamento médico, por vezes prolongado, teria eu possibilidade de sustentar essa situação, caso não tivesse seguro?
    Para situações deste género, acredito que seja possível encontrar alternativas, desde que não haja o risco de outros virem a ser prejudicados por opções que decidimos escolher. O meu comentário não pretende dizer: “não é possível!”, mas sim: “de que forma se poderia resolver este possível obstáculo?”

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    1. Pois sabe o que eu acho?!?!!? Que se alguma coisa acontecesse à outra pessoa, temos de agir como se fosse a nós. Arranjar uma troca para ela, porque era nossa responsabilidade... Acho que o seguro foi feito também para nos tirar a responsabilidade ou para dar segurança a todos, porque na verdade, ninguém confia em ninguém! Se fosse no meu sonho, era isso que acontecia... e se fosse num sonho mais à frente... não aconteceria acidentes porque cada um anda tão bem na sua vida e faz tanto bem aos outros, que nada de mal pode acontecer... a ninguém! Mas isso, é num mundo de sonho! Talvez um dia, realidade... talvez! Por agora, temos o "seguro"... lolol...

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  3. Olá,
    O seu projecto é muito interessante. É necessário desmaterializar muito o nosso estilo de vida e reduzir o consumo, e o seu exemplo prova que é possível diminuir em muita coisa. Não será propriamente escalável, pois o facto de ser quase única, torna-a numa espécie de excêntrica e dá-lhe outra visibilidade e oportunidades. Se fossem 1.000 ou 10.000 a viver assim tudo seria diferente. Digo isto, mas acho o projecto super interessante, atenção!

    Quanto ao post de hoje, não podia discordar mais! :)
    O IUC quer dizer imposto único de circulação é o nome é mais do que explícito. Em Portugal vivemos numa situação em que o transporte individual é super patrocinado pelo estado, quer nas vias gratuitas que existem, quer no estacionamento, etc, etc. É uma área com investimento público sem par no nosso país e não são os impostos que os proprietários de automóveis que os suportam, mas sim os impostos de TODOS os portugueses, quer tenham carro, quer não!

    Ora isto leva-me a outro ponto. Os impostos pagam muitas coisas que todos usufruimos, quer ganhemos/paguemos dinheiro ou não. A segurança, a organização do país, o Sistema Nacional de Saúde, a Proteção Civil, a iluminação, o ordenamento do território, as vias de comunicação, a vigilância das praias, a manutenção do espaço público, os museus, etc, etc, etc, etc.

    A Andreia vai ficar fechada em casa? :D Mesmo assim beneficiaria de muitas coisas que o estado providencia. Ao contrário do que muitos pensam, o Estado não vive do ar, vive dos nossos impostos. Se uns não pagarem, outros terão que compensar.

    (não vamos entrar na discussão de que o estado gere mal o dinheiro, ok? Gere, mas também grande parte dos Portugueses!)

    Continue e belivar e a influenciar!
    Parabéns pela iniciativa!
    Cumprimentos,

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    1. Olá César!
      Grata pela sua opinião e grata pelos seus parabéns! :)
      Quanto a eu ser só um exemplo e com isso ser mais fácil de viver à troca, é verdade que é! Mas também é verdade que cada um de nós pode minimizar as coisas e além de ser mais poupado, ecológico e sustentável, fazer mais trocas no nosso dia-a-dia. Não digo para viverem como eu, só de trocas, mas digo que podem ser criativos e dar um bocado a volta à coisa.
      Quanto à questão do post de hoje... pois, claro que se eu tivesse uma outra categoria iria usufruir de algumas coisas que já estão feitas... mas por exemplo, imagine que eu vivo numa comunidade, como Tamera, e não saio de lá, porque tenho de pagar impostos...? E mais, acha correcto que os pague, senão usufruo de nada!?!?! Bem, isso seria uma LONGAAAAA conversa!...
      A questão é que eu não estou contra nada nem ninguém... não mesmo! Estou só pr'aqui a pensar, assim de alto, sobre as coisas... :)
      Eu tenho ideia do mundo em que gostava de viver, mas neste momento só me limito a sonhar com ele!
      Muito grata e um besito para si... com muito azul e pózinhos de prilim pim pim *

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