domingo, 15 de dezembro de 2013

Qualquer semelhança com a realidade: é verdade!

Acho que todos já um dia na vida pensámos e tentámos imaginar como seríamos na nossa velhice. Os hábitos, as feições, o nosso futuro, a nossa saúde e as nossas ideologias! Eu já pensei muitas vezes e por muito que não me imagine a viver de trocas para todo o sempre, também não ponho essa questão de lado, porque o que é facto é que gosto de viver assim.
Agora quando se vê um filme que retrata tal e qual, os mesmos pensamentos, as mesmas palavras, os meus sentimentos, os mesmos actos... isso sim, começa a ficar esquisito e a soar como algo, um pouco "sobrenatural".
Pois é, foi o que me acabou de acontecer! Quando comecei o projecto, não sabia que haviam pessoas a viver à troca, ou sem dinheiro ou que estas formas de vida pudessem ser "cavalos de batalha", para cada vez mais habitantes na terra... Mas há medida que o meu projecto começava e que eu ficava mais conhecida, muitas notícias chegavam sobre pessoas que viviam de trocas, sem dinheiro ou de uma forma mais ou menos comunitária.
Um desses casos, foi o projecto "Living without money" (ver mais em http://livingwithoutmoney.org/de Heidemarie Schwermer, uma alemã de 68 anos que vive há 13 anos sem dinheiro. Muitas pessoas ao saberem do meu estilo de vida, partilharam o documentário, o site, entrevistas desta mulher, mas até hoje nunca me tinha debruçado sobre a sua vida: o dia em que vi o seu documentário!!!
E não posso deixar de ficar com uma lágrima no canto do olho, quando me apercebi, que existe alguém neste planeta, que pensa EXACTAMENTE como eu, que sente o mesmo que eu e que cada uma das suas experiências é parecida com a minha (como dar palestras, ir a programas de tv, viajar para trabalhar para outros à troca, respigar, trabalhar no supermercado à troca, viver em comunidades, etc etc). Sem dúvida, foi assim um sentimento de "dejá vu" mas instantâneo, com um pensamento que me assolou a minha mente e que me pôs a pensar: "Eu sou ela"! Na verdade, tudo o que ela refere (o dinheiro está a acabar; vivo assim para inspirar os outros; sou livre; não tenho stresses na minha vida; os meus contactos são como uma "moeda de troca"; primeiro começou com a troca, mas a partilha faz mais sentido; há verdadeiros milagres na minha vida...) faz-me ficar com pele de galinha por me aperceber como é que a tantos quilómetros de distância e sem eu nunca ter ouvido falar nela, tive a "mesmissíma" ideia, assim do nada!
Contudo, sou ainda mais felizarda! Nunca me senti envergonhada num programa de tv... Há mais pessoas que compreendem o meu estilo de vida do que no caso dela... (será que os portugueses são mais "abertos" relativamente a estes temas?! Ou o mundo, nos dias de hoje está mais aberto a esta possibilidade?) Faço trocas com os transportes... E tenho uma casa que partilho! Mas sinto tudo o que ela diz: liberdade, sem preocupações, sem trabalhar 8h/dia a fazer a mesma coisa, pessoas que dizem que eu as inspiro... eu sei lá um "cem número" de mais valias... é IGUAZINHA a mim!
No entanto pus-me a pensar... ela tem 68 anos! Já experienciou diversas coisas... e já tem filhos... É impossível ter uma relação com quem quer que seja, com aquele estilo de vida!... Coisas estas que com a minha idade, tenho de pensar e reavaliar! Tenho 37 anos, quase metade da idade dela... quando ela começou a viver assim eu tinha 24. Tinha acabado de sair da faculdade e acreditava que ter um trabalho efectivo, um marido, uma casa e um carro novo, viagens para o estrangeiro era o ideal de qualquer pessoa! Quem eu era... e quem eu sou... 
No fundo de tudo, o que me põe mais a pensar nela... é como que pessoas tão distantes, com vidas tão diferentes podem dizer as mesmas coisas... tal e qual, sem se conhecerem e sem nunca terem sabido nada uma da outra!? Juro-vos que até estou incomodada... Ver este filme, parecia estar a ver-me com mais 31 anos, como se de uma autobiografia se tratasse... Que sensação esquisita foi! Enfim... não vos consigo explicar mais o que sinto! 
Dizem que tudo o que vivemos no nosso presente, já foi vivido... mas não temos noção disso... agora imaginem verem isso na vida de uma outra pessoa, como se fosse a repetição de uma mesma vida!? Parece um sonho... ou "pesadelo"... mas dos bons! :)

Trailer do documentário: Living without money http://www.youtube.com/watch?v=djzitB1xyoc

4 comentários:

  1. Andresa, acho que se pode ver o filme integral, com legendas em Inglês, neste link: http://vimeo.com/21063795 vou ver a seguir ao jantar. Eu sigo mais de perto o Mark Boyle mas qualquer exemplo é absolutamente inspirador. Beijinhos e Bom Natal

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  2. Andresa, ainda outro comentário: acredito que quando fazemos algo com paixão, acabamos por atrair os outros - literalmente, O Mark Boyle vivia sozinho na sua roulotte no meio do campo, recebendo entusiastas de todo o mundo como visitas. Até que uma dessas visitas ficou na roulotte também ;)

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    1. ... hummm não sabia dessa partilha de roulotte! Parece-me muito bem... nunca se sabe! <3

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