sábado, 5 de maio de 2012

A 1.ª vez que subi a uma árvore

Hoje o dia foi recheadíssimo, como o bolo de chila que comi na casa de uma senhora aqui da aldeia. Mas... vamos por partes! Depois de acordar fui lavar a minha roupa encardídissima ainda da lama e do pó de Tamera, com o belo do sabão azul e branco num alguidar, na casa-de-banho. Depois de estender a roupa e tomar banho, bateram-me à porta! “Bem” – pensei eu - “não deve ser para mim.” Mas era! Tinha-me esquecido que ontem tinha ligado para uma belivadora que tinha conhecido em Lisboa e que se tinha mudado de armas e bagagens aqui para a Aldeia das Amoreiras, dizendo que estava por aqui e que a queria ver. E assim foi, ela veio-me cá buscar para almoçar as belas das favas à moda alentejana com os senhores com quem mora, num lindíssimo monte, chamado Almogave! (Ver foto 1)

Depois das belas favas, ainda comi os mais belos morangos verdadeiramente vermelhos e biológicos, provei um bolinho recheado com chila (que adoro), provei o licor de romã, o licor de poejo, o pão doce chamado de “costas”, as laranjas do quintal, um fruto chamado pêra-melão (de sabor parece um pepino doce), etc etc...

A tarde foi repleta de novidades e coisas giras. Além de brincar com a cadela “Traquinas” (ver foto 4), que devia pesar menos de 1 kilo e que me fez matar saudades da minha cadela, conheci uma planta que é aeréa e é da família das Brumáceas (acho que é assim o nome – ver foto 3), meditei na bela paisagem (um monte lindo, cheio de 1111 tonalidades de verdes a perder de vista), vi a flor da laranjeira (ver foto 2) que além de ser linda, dá para fazer chá e fazer as noivas felizes. Nisto , a minha amiga belivadora perguntou-me se eu os queria acompanhar nos afazeres da tarde. E lá fui eu. Na carrinha de caixa-aberta do dono da casa, dirigimo-nos para um outro monte onde a tarefa era apanhar laranjas. Eu nunca tinha apanhado laranjas... e julgava que para as apanhar se subia a um escadote e tal. Nada disso, ali, subia-se era mesmo à laranjeira para se apanhar as laranjas! E eu, lá me lancei na subida da árvore pela primeira vez na minha vida (ver foto 5) para apanhar as laranjas, que eram muito, mas muito docinhas!

Depois das laranjas apanhadas, fomos para outro monte, carregar a carrinha com lenha e ver o processo da cortiça que estava em montes para ser vendido. Nunca tinha visto tanta cortiça! Comecei logo a imaginar o belo do chapéu e da carteira feita da mesma... enfim, pensamentos citadinos! Nesse momento, vi um lago numa paisagem, tão, mas tão lindo, que a minha máquina nem deu para captar tamanha beleza. Parecia que estava nos Açores!!!

Foi um dia produtivo, cheio de novas aprendizagens e experiências... ainda durante o dia fui premiada de belas poesias que a dona da casa me declamou e por isso, partilho esta convosco, intitulada “A vida”:
“A vida é uma surpresa, é um desejo que se vota. É um caminhar depressa, é o seguir de uma rota. É andar sem querer ir, gostar sem saber viver, chegar a um ponto e partir, à procura do querer. É perder e é ganhar, é alegria, é tristeza, é cair e levantar, soltar a alma presa. Correr e parar, viver e morrer, seguir até alcançar, até logo se perder. Estranha é a vida, mesmo p´ra quem sabe viver, por vezes ela é perdida, como a areia dos dedos a escorrer. A vida é uma surpresa que acaba sem dizer.” (Maria do Céu)

Mais e mais coisas aconteceram hoje. Tantas que já nem me lembro... mas há duas que vos quero contar:
A primeira, é a denominação que o senhor que conheci, dá às pessoas quando ficam juntas amorosamente. Ele diz que quando um casal decide estar junto é ficar “aconchegados”. Adorei! J
A segunda, foi quando cheguei a casa, ao falar com a minha “colega” londrina, percebi que ela precisava de um abraço. Ao dar-lhe o abraço, ela disse-me: “Esto é o meu primeira hug disdo que estou aqui. Como dizer hug em português?”... E mal ela disse isto, dei-lhe um segundo abraço...

A musiquinha hoje é em honra deste casal que hoje conheci, ele porque adora "música de baile", como ele diz, e ela porque já pertenceu a um grupo de Folclore! Aqui vai: http://www.youtube.com/watch?v=kNuAoN7u0Kc

2 comentários:

  1. Ainda hoje me tinha lembrado da Fernanda e tinha pensado perguntar-te se a tinhas visto. Era capaz de passar o resto da minha vida assim como o descreveste ..deixava a cidade sem olhar para trás. "...Alentejo da minh´Alma tão longe me vaís ficando " .

    Ana Isabel

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    1. Sincronicidades! Por aqui e com a Fernanda, está tudo bem!
      Oh meu belo Alentejo!*

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